– Análise da Arbitragem de Corinthians X Palmeiras, Paulistão, 25/02/2012

Antes de falar sobre o jogo, uma breve análise sobre a guerra dos torcedores organizados: De que adianta o Corinthians promover campanha contra motoristas embriagados e o Palmeiras homenagear Chico Anísio, se lá fora do estádio as suas torcidas se matam e os dirigentes dessas equipes nada fazem? Vestir a camisa por uma causa é fácil. Praticar a verdadeira ação de responsabilidade social é outra história.

Vamos ao jogo:

Jogo cansativo para a arbitragem. Desgastante, e explico: a atenção exigida e a tensão a ser disfarçada é grande.

Atenção pelas dificuldades que um importante jogo como esse ocasionam. Tensão pelo cansaço emocional e pela preocupação para que todos vejam nele o mais centrado, tranquilo e equilibrado do jogo.

A partida de hoje contrariou o que um torcedor apreciador de futebol-arte gostaria de ver: não tivemos lances de beleza, tampouco de “jogo limpo”. Digo isso pelo excessivo número de faltas na partida: no 1º tempo, equilíbrio de faltas cometidas e absurdas 24 infrações em 45 minutos. No segundo tempo, o número de infrações praticadas pelo Palmeiras disparou! Certamente, tivemos muito mais tempo de bola parada do que de bola rolando. Em 3 faltas do jogo, demorou-se praticamente 2 minutos para a cobrança de cada uma delas! Numa delas, aos 43m, Valdívia recebeu uma falta boba e o jogo foi retomado aos 45m15s. Muita demora… Em outra situação, aos 63m, ocorreram 3 faltas no mesmo minuto de jogo!

No lance polêmico de Liedson aos 23 minutos, impedido, ele prossegue a jogada, o bandeira atrasa um pouco a marcação, e o corinthiano, com o pé erguido, atinge o goleiro palmeirense Deola. Eu entendi como lance imprudente (onde não se quer fazer a falta mas acaba fazendo, sem aplicação de cartão amarelo), apesar de plasticamente a imagem ser violenta. O árbitro entendeu como ação temerária (quando o atleta sabe que pode fazer a falta e corre o risco, com aplicação de cartão amarelo), e tal interpretação não seria um exagero. O que não poderia era expulsar, como reclamado pelo Corinthians, pois aí seria força excessiva (quis atingir o adversário propositalmente, levando a uma possível lesão). E vale o lembrete: ali, não foi falta, pois o jogo já estava parado (falta só existe com a bola rolando). Reiniciou-se com o tiro livre indireto pelo motivo de Liedson estar impedido. Nestas situações, vale a sanção disciplinar, mas não se pune tecnicamente.

No tumulto citado acima, Cicinho e Jorge Henrique se empurraram, fora da visão da arbitragem, e deveriam ter recebido o Amarelo.

Em suma: Marcelo Rogério esteve muito bem tecnicamente, e pelo número absurdamente alto de faltas, deve ter quebrado o recorde de infrações corretamente marcadas. Disciplinarmente, aplicou bem os cartões amarelos nas faltas cometidas, e soube adverter verbalmente quando necessário porém, a desejar em 3 situações de indisciplina: A intimidação de Ralph após faltas cometidas (reclamou em excesso, além de faltas reincidentes); simulação de Valdívia (em determinado lance, abdicou do jogo para cavar faltas a Assunção) e uso das mãos de Emerson em disputa de bola empurrando Cicinho (onde Cicinho simulou ter recebido um golpe de MMA, talvez o motivo de Emerson não ter sido punido)- ali, deveriam ter levado o amarelo. Fisicamente, esteve muito bem no jogo.

Àqueles que gostam de aprender sobre arbitragem, uma observação bacana: aos 63 minutos, num dos raros lances de boa qualidade técnica da partida, o Corinthians fez uma rápida troca de passes no campo de defesa do Palmeiras, virando o jogo com muita constância. O árbitro, posicionando-se bem, esquivou-se perfeitamente de possíveis trombadas e se recolocava muito bem! Uma aula aos jovens árbitros sobre noção de espaço em campo.

E você, o que achou do jogo? Deixe seu comentário:

************

Abaixo, os comentários lance-a-lance realizados durante a partida no Twitter (twitter.com/rafaelporcari):

4segundos – primeira falta. O que esperaremos desse jogo? Muita pegada, é claro.

2minutos – pelas demoras, não tivemos 30 seg de bola rolando. As broncas nos agarra-agarra mostra que os AAA estão atentos.

2m30s – segunda falta. A média é boa: 1 falta por minuto.

5m – jogo amarradíssimo, quando começarão a jogar?

6m – escanteio para o Corinthians, mas nem AAA, nem bandeira e nem árbitro viram o resvaçlão em Barcos.

7m- nova falta, bem marcada. Nada de violência, mas de marcação anti-jogo.

8m – lance difícil do ataque palmeirense, corinthianos pedem impedimento de Barcos, mas a bandeira Tatiane Sacilotti acerta.

10m- Castan empurra Valdívia. Nova falta. Jogo chato pra jogador e árbitro.

11m – Depois de quase 1 minuto para se cobrar a falta, a barreira anda e o atento Marcelo Rogério chama a atenção. Acertou.

12m – falta no meio campo para o Corinthians. O jogo não rende! A bola rola um pouquinho, fazem falta e fica meia hora parado.

13m – enésima falta. Se eu sou torcedor, devolvo o ingresso.

14m – idem ao 13º, idem ao 12º, idem ao 10º… nova falta!

15m – adivinha? Nova falta, agora me Emerson. Se reincidência é amarelo, o que vemos é anti-jogo puro.

16m- falta de novo. Ficou repetitivo.

17m – no primeiro lance de futebol mesmo, Marcos Assunção chuta e a bola desvia. Gol legal, matou o goleiro.

Marcos Assunção imitando o Prof Raimundo (e o salário, ó…) tudo bem. Mas e o Fred ontem? Ganha 700 mil por mês e reclama do salário? rsrs

18m20s – voltamos à normalidade. Falta. Só é cobrada aos 19m20s. De novo Marcelo Rogério chama a atenção na área. Trauma de SCCP X Linense?

19m50s – outra falta!

22m – Estamos quebrando um recorde. Quase 2 minutos sem falta!

23m – Liedson impedido, tenta o domínio da bola, ela escapa e a sola atinge no alto o peito do goleiro Deola. Lance plasticamente feio, mas nada de violência explícita. Falta por imprudência. Tumulto, e na sequência, Jorge Henrique e Cicinho se estranham e a arbitragem não vê.

Cartão amarelo para Jorge Henrique (eu não aplicaria), e nada para Jorge Henrique e Cicinho (mereciam amarelo).

25m- jogo recomeça com falta (pra variar)

26m – é rotina: falta.

28m – falta normal de ataque do Barcos, Castán fica bravo mas não é pra tanto.

30m – estou cansando de escrever: foi falta. E foi cobrada somente aos 30m41seg…

33m – falta para o Corinthians, mas o árbitro observa ótima vantagem e manda seguir.

35m – falta dura de Chicão em Barcos. Cartão amarelo bem aplicado. Nem visou a bola, era para parar o lance.

Lembra da falta aos 35m? Foi cobrada aos 37m05seg! incrível, não tem jogo.

39m – no ataque, Emerson empurra o peito de Cicinho, que põe a mão no rosto simulando ter recebido um golpe de MMA. Cara-de-pau…

40m – nova falta, agora em Jorge Henrique. No chão, JH tenta devolver. Árbitro não vê o primeiro lance e corrige corretamente a marcação.

41m – falta de Márcio Araújo em Danilo. Jogo horrível.

42m – replay: idêntica falta de Márcio Araújo em Danilo. Acertou ao aplicar amarelo.

43m – falta de Paulinho em Valdívia. O chileno poderia continuar o lance, mas abdicou para ter o direito de bater falta. Acertou o árbitro.

Lembra da falta aos 43m? Foi cobrada aos 45m15s!

47m – Emerson cai na área, ameaça reclamar e se segura. Se pede pênalti, tem que dar amarelo por simulação.

48m – Ufa! A tortura acabou, jogo feio, faltoso, onde a bola não rolou.

Se não errei nenhuma marcação: 24 faltas em 45 minutos. Muita demora, a bola não rola. Várias faltas tiveram quase 2 minutos de demora para serem cobradas! Isso é futebol?

Árbitro está bem na partida: não demonstra nervosismo, é senhor do jogo. Corre e se posiciona bem. E, espertamente, não faz questão de acelerar as cobranças de falta. Prefere que os ânimos esfriem.

O problema agora é: ter que assistir ao segundo tempo… Sofrível. Não se tem fair play, é a tática do anti-jogo. Sem violência, mas não tem bola rolando.

Começa o segundo tempo. Com 46m, falta de Barcos em Edenilson. Repetiremos o primeiro tempo faltoso?

48m- falta pró-Corinthians, que resulta no gol de Paulinho.

50m – Outra falta, Marcelo Rogério adverte o faltoso verbalmente. E nessa nova falta, nasce o segundo gol do Corinthians, de desvio palmeirense. Gol contra de Márcio Araújo.

Bom, já que o Palmeiras está inferiorizado no placar, é de se esperar que o Felipão comece a cornetar o árbitro.

54m – nova falta para o Corinthians. Perceberam que o Palmeiras é líder absoluto em faltas nesse 2º tempo?

55m – leitura labial: Marcos Assunção nitidamente encarou Chicão, chamou-o por nomes deselegantes e chamou pra briga na rua! Ô louco… O que será que ele fez?

57m – Palmeiras comete outra falta normal, de jogo. Mas pela enésima reincidência em falta, só tem 1 amarelo. Incrível, né? 

59m – Amadorismo do futebol brasileiro: gandula (que é do Corinthians) retarda propositalmente o jogo. Isso ainda existe…

Lembram de um gol olímpico do Roberto Carlos contra a Portuguesa? A favor, os gandulas são rapidíssimos na reposição.

61m: falta pró-Palmeiras 2 X no mesmo minuto. Na cobrança, João Vitor fez outra. Foram 3 faltas num mesmo minuto.

Só pra lembrar: cadê a bombinha do Felipão, prometida no último sábado? Ele disse que denunciaria algo contra a arbitragem.

Aos 63m, numa troca rápida de passes do SCCP, fica claro o ótimo posicionamento do Marcelo Rogério. Ele se esquiva muito bem! Parabéns.

65m – Henrique deu um pontapé (com gosto) em Jorge Henrique. Árbitro deu a vantagem e posteriormente o Amarelo. Acertou de novo.

66m: falta pró-Palmeiras na frente do Scolari. Adivinha se não pediu cartão?

69m: Palmeiras no ataque, Valdívia cai no lance, dentro da área. Segue o jogo.

71m: Marcos Assunção desceu o sarrafo em Danilo e levou amarelo. Acertou.

73m: Falta de Henrique em Paulinho. Jogadores pedem novo amarelo (claro, querem vermelho). Nada, acertou o árbitro.

77m: jogador do Palmeiras recua de peito a Deola, e a torcida pede recuo de bola. De peito, vale.

77m: outra falta no jogo. Apesar de tantas, Marcelo Rogério acertou todas. Deve ser o maior número de faltas corretas marcadas numa partida.

80m: Ricardo Bueno faz falta dura e recebe Amarelo. Acertou.

82m: nova falta do Palmeiras. Caramba!

87m: falta ao Palmeiras, bem marcada. Momentos decisivos.

89m: falta dura em Douglas, bem marcada. Partida sem polêmicas, não?

92 e 93m: adivinha o que vou escrever? Falta, lógico!

93m: última falta do jogo? Saiu um amarelinho, não consegui visualizar. Na sequencia, fim de jogo.

– Análise da Arbitragem de Corinthians X Palmeiras, Paulistão, 25/02/2012

Antes de falar sobre o jogo, uma breve análise sobre a guerra dos torcedores organizados: De que adianta o Corinthians promover campanha contra motoristas embriagados e o Palmeiras homenagear Chico Anísio, se lá fora do estádio as suas torcidas se matam e os dirigentes dessas equipes nada fazem? Vestir a camisa por uma causa é fácil. Praticar a verdadeira ação de responsabilidade social é outra história.

Vamos ao jogo:

Jogo cansativo para a arbitragem. Desgastante, e explico: a atenção exigida e a tensão a ser disfarçada é grande.

Atenção pelas dificuldades que um importante jogo como esse ocasionam. Tensão pelo cansaço emocional e pela preocupação para que todos vejam nele o mais centrado, tranquilo e equilibrado do jogo.

A partida de hoje contrariou o que um torcedor apreciador de futebol-arte gostaria de ver: não tivemos lances de beleza, tampouco de “jogo limpo”. Digo isso pelo excessivo número de faltas na partida: no 1º tempo, equilíbrio de faltas cometidas e absurdas 24 infrações em 45 minutos. No segundo tempo, o número de infrações praticadas pelo Palmeiras disparou! Certamente, tivemos muito mais tempo de bola parada do que de bola rolando. Em 3 faltas do jogo, demorou-se praticamente 2 minutos para a cobrança de cada uma delas! Numa delas, aos 43m, Valdívia recebeu uma falta boba e o jogo foi retomado aos 45m15s. Muita demora… Em outra situação, aos 63m, ocorreram 3 faltas no mesmo minuto de jogo!

No lance polêmico de Liedson aos 23 minutos, impedido, ele prossegue a jogada, o bandeira atrasa um pouco a marcação, e o corinthiano, com o pé erguido, atinge o goleiro palmeirense Deola. Eu entendi como lance imprudente (onde não se quer fazer a falta mas acaba fazendo, sem aplicação de cartão amarelo), apesar de plasticamente a imagem ser violenta. O árbitro entendeu como ação temerária (quando o atleta sabe que pode fazer a falta e corre o risco, com aplicação de cartão amarelo), e tal interpretação não seria um exagero. O que não poderia era expulsar, como reclamado pelo Corinthians, pois aí seria força excessiva (quis atingir o adversário propositalmente, levando a uma possível lesão). E vale o lembrete: ali, não foi falta, pois o jogo já estava parado (falta só existe com a bola rolando). Reiniciou-se com o tiro livre indireto pelo motivo de Liedson estar impedido. Nestas situações, vale a sanção disciplinar, mas não se pune tecnicamente.

No tumulto citado acima, Cicinho e Jorge Henrique se empurraram, fora da visão da arbitragem, e deveriam ter recebido o Amarelo.

Em suma: Marcelo Rogério esteve muito bem tecnicamente, e pelo número absurdamente alto de faltas, deve ter quebrado o recorde de infrações corretamente marcadas. Disciplinarmente, aplicou bem os cartões amarelos nas faltas cometidas, e soube adverter verbalmente quando necessário porém, a desejar em 3 situações de indisciplina: A intimidação de Ralph após faltas cometidas (reclamou em excesso, além de faltas reincidentes); simulação de Valdívia (em determinado lance, abdicou do jogo para cavar faltas a Assunção) e uso das mãos de Emerson em disputa de bola empurrando Cicinho (onde Cicinho simulou ter recebido um golpe de MMA, talvez o motivo de Emerson não ter sido punido)- ali, deveriam ter levado o amarelo. Fisicamente, esteve muito bem no jogo.

Àqueles que gostam de aprender sobre arbitragem, uma observação bacana: aos 63 minutos, num dos raros lances de boa qualidade técnica da partida, o Corinthians fez uma rápida troca de passes no campo de defesa do Palmeiras, virando o jogo com muita constância. O árbitro, posicionando-se bem, esquivou-se perfeitamente de possíveis trombadas e se recolocava muito bem! Uma aula aos jovens árbitros sobre noção de espaço em campo.

E você, o que achou do jogo? Deixe seu comentário:

************

Abaixo, os comentários lance-a-lance realizados durante a partida no Twitter (twitter.com/rafaelporcari):

4segundos – primeira falta. O que esperaremos desse jogo? Muita pegada, é claro.

2minutos – pelas demoras, não tivemos 30 seg de bola rolando. As broncas nos agarra-agarra mostra que os AAA estão atentos.

2m30s – segunda falta. A média é boa: 1 falta por minuto.

5m – jogo amarradíssimo, quando começarão a jogar?

6m – escanteio para o Corinthians, mas nem AAA, nem bandeira e nem árbitro viram o resvaçlão em Barcos.

7m- nova falta, bem marcada. Nada de violência, mas de marcação anti-jogo.

8m – lance difícil do ataque palmeirense, corinthianos pedem impedimento de Barcos, mas a bandeira Tatiane Sacilotti acerta.

10m- Castan empurra Valdívia. Nova falta. Jogo chato pra jogador e árbitro.

11m – Depois de quase 1 minuto para se cobrar a falta, a barreira anda e o atento Marcelo Rogério chama a atenção. Acertou.

12m – falta no meio campo para o Corinthians. O jogo não rende! A bola rola um pouquinho, fazem falta e fica meia hora parado.

13m – enésima falta. Se eu sou torcedor, devolvo o ingresso.

14m – idem ao 13º, idem ao 12º, idem ao 10º… nova falta!

15m – adivinha? Nova falta, agora me Emerson. Se reincidência é amarelo, o que vemos é anti-jogo puro.

16m- falta de novo. Ficou repetitivo.

17m – no primeiro lance de futebol mesmo, Marcos Assunção chuta e a bola desvia. Gol legal, matou o goleiro.

Marcos Assunção imitando o Prof Raimundo (e o salário, ó…) tudo bem. Mas e o Fred ontem? Ganha 700 mil por mês e reclama do salário? rsrs

18m20s – voltamos à normalidade. Falta. Só é cobrada aos 19m20s. De novo Marcelo Rogério chama a atenção na área. Trauma de SCCP X Linense?

19m50s – outra falta!

22m – Estamos quebrando um recorde. Quase 2 minutos sem falta!

23m – Liedson impedido, tenta o domínio da bola, ela escapa e a sola atinge no alto o peito do goleiro Deola. Lance plasticamente feio, mas nada de violência explícita. Falta por imprudência. Tumulto, e na sequência, Jorge Henrique e Cicinho se estranham e a arbitragem não vê.

Cartão amarelo para Jorge Henrique (eu não aplicaria), e nada para Jorge Henrique e Cicinho (mereciam amarelo).

25m- jogo recomeça com falta (pra variar)

26m – é rotina: falta.

28m – falta normal de ataque do Barcos, Castán fica bravo mas não é pra tanto.

30m – estou cansando de escrever: foi falta. E foi cobrada somente aos 30m41seg…

33m – falta para o Corinthians, mas o árbitro observa ótima vantagem e manda seguir.

35m – falta dura de Chicão em Barcos. Cartão amarelo bem aplicado. Nem visou a bola, era para parar o lance.

Lembra da falta aos 35m? Foi cobrada aos 37m05seg! incrível, não tem jogo.

39m – no ataque, Emerson empurra o peito de Cicinho, que põe a mão no rosto simulando ter recebido um golpe de MMA. Cara-de-pau…

40m – nova falta, agora em Jorge Henrique. No chão, JH tenta devolver. Árbitro não vê o primeiro lance e corrige corretamente a marcação.

41m – falta de Márcio Araújo em Danilo. Jogo horrível.

42m – replay: idêntica falta de Márcio Araújo em Danilo. Acertou ao aplicar amarelo.

43m – falta de Paulinho em Valdívia. O chileno poderia continuar o lance, mas abdicou para ter o direito de bater falta. Acertou o árbitro.

Lembra da falta aos 43m? Foi cobrada aos 45m15s!

47m – Emerson cai na área, ameaça reclamar e se segura. Se pede pênalti, tem que dar amarelo por simulação.

48m – Ufa! A tortura acabou, jogo feio, faltoso, onde a bola não rolou.

Se não errei nenhuma marcação: 24 faltas em 45 minutos. Muita demora, a bola não rola. Várias faltas tiveram quase 2 minutos de demora para serem cobradas! Isso é futebol?

Árbitro está bem na partida: não demonstra nervosismo, é senhor do jogo. Corre e se posiciona bem. E, espertamente, não faz questão de acelerar as cobranças de falta. Prefere que os ânimos esfriem.

O problema agora é: ter que assistir ao segundo tempo… Sofrível. Não se tem fair play, é a tática do anti-jogo. Sem violência, mas não tem bola rolando.

Começa o segundo tempo. Com 46m, falta de Barcos em Edenilson. Repetiremos o primeiro tempo faltoso?

48m- falta pró-Corinthians, que resulta no gol de Paulinho.

50m – Outra falta, Marcelo Rogério adverte o faltoso verbalmente. E nessa nova falta, nasce o segundo gol do Corinthians, de desvio palmeirense. Gol contra de Márcio Araújo.

Bom, já que o Palmeiras está inferiorizado no placar, é de se esperar que o Felipão comece a cornetar o árbitro.

54m – nova falta para o Corinthians. Perceberam que o Palmeiras é líder absoluto em faltas nesse 2º tempo?

55m – leitura labial: Marcos Assunção nitidamente encarou Chicão, chamou-o por nomes deselegantes e chamou pra briga na rua! Ô louco… O que será que ele fez?

57m – Palmeiras comete outra falta normal, de jogo. Mas pela enésima reincidência em falta, só tem 1 amarelo. Incrível, né? 

59m – Amadorismo do futebol brasileiro: gandula (que é do Corinthians) retarda propositalmente o jogo. Isso ainda existe…

Lembram de um gol olímpico do Roberto Carlos contra a Portuguesa? A favor, os gandulas são rapidíssimos na reposição.

61m: falta pró-Palmeiras 2 X no mesmo minuto. Na cobrança, João Vitor fez outra. Foram 3 faltas num mesmo minuto.

Só pra lembrar: cadê a bombinha do Felipão, prometida no último sábado? Ele disse que denunciaria algo contra a arbitragem.

Aos 63m, numa troca rápida de passes do SCCP, fica claro o ótimo posicionamento do Marcelo Rogério. Ele se esquiva muito bem! Parabéns.

65m – Henrique deu um pontapé (com gosto) em Jorge Henrique. Árbitro deu a vantagem e posteriormente o Amarelo. Acertou de novo.

66m: falta pró-Palmeiras na frente do Scolari. Adivinha se não pediu cartão?

69m: Palmeiras no ataque, Valdívia cai no lance, dentro da área. Segue o jogo.

71m: Marcos Assunção desceu o sarrafo em Danilo e levou amarelo. Acertou.

73m: Falta de Henrique em Paulinho. Jogadores pedem novo amarelo (claro, querem vermelho). Nada, acertou o árbitro.

77m: jogador do Palmeiras recua de peito a Deola, e a torcida pede recuo de bola. De peito, vale.

77m: outra falta no jogo. Apesar de tantas, Marcelo Rogério acertou todas. Deve ser o maior número de faltas corretas marcadas numa partida.

80m: Ricardo Bueno faz falta dura e recebe Amarelo. Acertou.

82m: nova falta do Palmeiras. Caramba!

87m: falta ao Palmeiras, bem marcada. Momentos decisivos.

89m: falta dura em Douglas, bem marcada. Partida sem polêmicas, não?

92 e 93m: adivinha o que vou escrever? Falta, lógico!

93m: última falta do jogo? Saiu um amarelinho, não consegui visualizar. Na sequencia, fim de jogo.

– Quem precisa dos Defensores do Apito?

Um jogador de futebol, nos tempos atuais, não basta apenas ser “bom de bola”. Precisa (e digo isso acrescido do ‘infelizmente’) ter bom empresário. Cabeça de bagre vira craque, acaba se encaixando em grandes times e faz sua vida.

É a vitória do lobby, do bom negócio ou da vantagem financeira (chame-a do que quiser) sobre a meritocracia.

Assim também é com o árbitro de futebol: muitos são competentes, mas a oportunidade é para poucos. Seja sorte, indicação, politicagem… ou o que for: o certo é que muitos bons nomes acabam desaparecendo mesmo antes de surgir.

Mas e quem é o empresário do árbitro? Não há! Ele só tem o apoio da família e olha lá! E é a partir daqui que somos convidados a refletir: quem são os verdadeiros defensores dos árbitros? As Cooperativas, Associações e Sindicatos?

Cá entre nós: como é que dirigente sindical pode trabalhar para o patrão? É clara a incompatibilidade de cargos, e isso acontece muito em nosso país. E mais: por que um mesmo árbitro tem que ter Cooperativa e Sindicato? Essas entidades não entram em conflito entre si para a realização de serviços aos árbitros?

Todo mundo quer defender o árbitro. Mas defende de verdade?

Brasil afora, vemos um excesso de empresas de arbitragens travestidas de entidades de defesa. Assim como existe uma única federação em cada estado, não deveria existir uma única entidade representativa ao invés de várias?

O problema é que o meio do apito ainda tem medo de discutir tais questões. E seus fantasmas são óbvios: a retaliação, já que seus representantes, contraditoriamente, representam os interesses também das federações!

Como acabar com isso?

Simples na teoria, utópico na prática: os árbitros se rebelarem contra os dirigentes profissionais e assumirem, reorganizando, as entidades de defesa, livrando-se de qualquer influência patronal.

Isso é possível? Aparentemente, não.

E você, o que pensa sobre isso? Deixe seu comentário:

– Senador acha que ganha pouco salário. Você acredita nisso?

Existe um projeto em Brasília visando extinguir o 14º e o 15º salários dos deputados federais. Mas tem político contrário a isso! Veja que depoimento impressionante:

O político no Brasil é muito mal remunerado porque tem de atender com passagem, dar remédio, ser patrono de formatura. Se bater alguém na sua porta pedindo um analgésico, você não vai dar?

Palavras de Ivo Cassol, senador do PP/RO.

Fiquei sensibilizado! Acho que até mereciam aumento. Coitadinhos dos nossos políticos…

– Aumento da Gasolina em Breve?

Nossa Gasolina tem o preço altíssimo, se compararmos o preço dela sem os impostos. A Petrobrás, que já ganha muito dinheiro por ser a estatal dominante na distribuição do petróleo, é uma mina de ouro sem fim. Imagine se não fosse uma estatal? Afinal, apesar de tanto dinheiro, suas concorrentes internacionais são mais eficientes e lucrativas.

Agora, a presidente da empresa, Graça Foster, pede ao Ministro das Minas e Energias Edison Lobão um realinhamento significativo de preços. E “realinhamento significativo” é nome bonito e disfarçado de “grande aumento”. Nada de R$ 0,02 ou R$ 0,03, a coisa deve pesar bem mais. Vale a pena ficar atento!

– Flamengo Ajudará humanitariamente Adriano?

A volta do Adriano tem caráter humanitário

Justificativa de Walter Oaquim, diretor flamenguista, sobre a possível contratação de Adriano Imperador.

E depois os dirigentes reclamam que não tem dinheiro… Eles gastam bem, não? E justificam os gastos ainda melhor!

– A briga entre os pastores Valdomiro Santiago e Edir Macedo: O que Jesus Cristo diria sobre isso?

Claro que homens que pregam a fé são portadores da Palavra de Deus, não donos. Portanto, são pessoas falíveis, pois têm limitações humanas apesar da força do Divino.

Digo isso pois lembro-me que ainda criança aprendi no Catecismo, com a saudosa vó Ana e a dona Joaninha, de que existem no meio dos cristãos “lobos em pele de cordeiro”.

E não é que eles parecem estar se identificando? Veja a que ponto chegou a briga entre a Igreja Mundial do Poder de Deus (do Valdomiro Santiago) e a Igreja Universal do Reino de Deus (do Edir Macedo): um acusa o outro de golpes e desfalques mais diversos!

Esses são os bispos e apóstolos de Deus, que se enfrentam em busca do mercado da fé?

Parece que cristão virou cliente, e que a crença em Deus é uma mercadoria. Triste.

Veja o link com os vídeos: http://is.gd/macedoxsantiago

– Felipe Massa e Bruno Senna na Malásia

Sorte/Azar ou Competência/Incompetência?

Por mais que você torça, torça, torça… às vezes cansa!

É fato que Felipe Massa não consegue o mesmo desempenho depois do acidente nos treinos do GP da Hungria, anos atrás. Hoje, foi péssimo na largada (e o Galvão Bueno disse que foi ‘prudente’ devido a chuva…). Parece que nada dá certo a ele!

Bruno Senna também fez suas peripécias. Menos mal que chegou à zona de pontuação.

Tempos de Emerson, Ayrton ou Piquet parecem não voltar nunca mais…

É inevitável a brincadeira: depois da corrida, entra no ar a propaganda do Santander onde Massa diz que “levava rango aos pilotos no começo da carreira”. Muitos dirão que seu futuro, como piloto, será o de entregador novamente…

Claro que é um exagero, pois se ele não fosse bom, não estava lá. Mas o que dizer do seu companheiro Alonso, que mesmo sem carro ganhou a prova?

– E se Tivéssemos um Plano B concreto na Vida?

A capa da Revista Época desta semana é um sonho de consumo: pessoas que conseguiram radicalizar em suas vidas, abandonando a vida de correrias e labuta nas cidades, indo morar no interior ou litoral, fazendo o que gosta.

É claro que sem dinheiro é muito difícil. Mas há pessoas que conseguem tal oportunidade, conciliando renda suficiente com qualidade de vida.

A maior parte dos brasileiros tem dificuldade em trabalhar no que gosta e ganhar bem. Porém, muitas vezes acaba sacrificando a qualidade de vida. Já imaginou viver no paraíso que você sonhou, gozando do convívio das pessoas que ama, ganhando dinheiro do ofício que te dá prazer?

Utopia para alguns, para outros iluminados, não.

– Hoje é dia de Corinthians X Palmeiras. O que esperar?

No Derby de hoje a tarde, com os dois rivais bem pontuados, é de se esperar um grande jogo. Muitas emoções, e penso que a partida acabará com expulsões.

Motivo?

Jogadores que provocam muito (Valdívia e Jorge Henrique), técnico com grande desequilíbrio emocional (Felipão) e árbitro de boa qualidade em campo (Marcelo Rogério).

Para quem gosta de jogo disputado, vale a pena assistir. Destaque para o ótimo assistente FIFA Marcelo Van Gassen (que vem atuando muito bem), e para a assistente Tatiane Sacilotti (talvez o maior jogo da competente moça em sua carreira).

Boa sorte a todos!

– Feminismo ao Extremo que leva ao Preconceito ou não?

Ora, ora… a vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2011, a atual presidente da Libéria, sra Ellen Sirleaf, que sempre lutou por causas feministas, defende que os homossexuais de seu país devam ser presos!

Calma, não é feminismo ao extremo. É uma questão cultural: na África, o homossexualismo é falta grave e considerado crime em muitas nações.

Sem apologia ou demagogia, mas… aceite ou não a questão homossexual, não é um exagero educacional daquela região?

Deus dá o livre arbítrio às pessoas. Respeitar uma opção sexual contrária a sua não quer dizer defendê-la (tampouco praticá-la). O convívio harmônico entre as pessoas, independente de raça, crença ou sexo, é condição única para um mundo de paz!

– Um Belo Domingo que Anima e Motiva!

3 momentos em três imagens para o começo das atividades dominicais! Postei nas redes sociais logo cedo, mas de tão inspirador vale compartilhar!

 

“Bom dia amigos! As agora as 6h para treinar com essas cores inspiradoras de primaveras e hibisco…

 

‎… passei no “cooperzinho” pela Rod Vice Pref Hermenegildo Tonoli e entrei pelo Jd Carolina/Jd Sarapiranga, aqui no Medeiros..

 

‎… e cheguei aqui ao trabalho, motivado pelo dia maravilhoso que Deus nos permitiu curtir! Olha a foto aqui as 7h, de frente ao Desiderata, aqui ao lado do Posto Harmonia!
Muito bom. O domingo promete. Após o serviço, já “exercitado”, é passear com a família e mais nada!
Bom descanso a todos.”

Deus nos presenteia com belas formas e cores da natureza, não?

– Discriminação Social sobre Jesus Cristo

No Evangelho deste sábado, muitos judeus se dividiam na crença em Jesus. Ele viveu algo comum nos dias de hoje: a desconfiança de sua origem! Cristo era galileu, e a região da Galiléia, que fica ao norte de Jerusalém, era malvista pela sociedade local. Puro preconceito, daquele mesmo mal que observamos ainda hoje sobre nordestinos!

Talvez a maior perseguição contra Jesus tenha vindo do fruto de suas ações: a da pregação do amor, que incomodava os poderosos e maldosos da época.

Cristo é atual, não?

– Reféns de Chantagem Religiosa?

por Reinaldo Oliveira

UM GOVERNO REFÉM DE AUTORIDADES RELIGIOSAS

Entrevista especial com Pedro Ribeiro de Oliveira

O governo Dilma está enredado por chantagens de autoridades religiosas, e “dança conforme a música”, constata o sociólogo.

“Não é de teses que o governo tornou-se refém, mas sim de autoridades religiosas que buscam imobilizá-lo por meio de chantagens. Em vez de resistir, o governo deixou-se enredar. Ora, contra a chantagem só há uma saída: resistir ao chantagista trazendo-o para a luz do dia, isto é, obrigando-o ao debate público sobre suas propostas”. E questiona: “Se a maioria da população rejeita a política e aceita a religião, por que o governo seria diferente?” Em seu ponto de vista, Dilma Rousseff possui como meta a integração total do Brasil com o sistema capitalista mundial. “Quem paga o custo desse crescimento é o sistema de vida do Planeta – mas ele não tem voz para protestar”. Exceto oportunidades bastante raras, não existe mais um debate das políticas do governo e do Estado. “A política foi reduzida à disputa por cargos no governo e ao processo eleitoral”, sentencia, na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.

Pedro Ribeiro de Oliveira é doutor em Sociologia pela Université Catholique de Louvain, na Bélgica. Atualmente é professor do PPG em Ciências da Religião da PUC-Minas. Dentre suas obras, destacamos Fé e Política: fundamentos (Aparecida: Ideias & Letras, 2004) e Religião e dominação de classe (Petrópolis: Vozes, 1985).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – A partir da conjuntura política nacional atual, como o senhor percebe a autonomia do Estado em relação à religião?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Vamos começar pela apreciação do rumo político dos governos Lula e Dilma, porque isso ajuda a esclarecer a relevância que a religião adquiriu no cenário político brasileiro. Tal como Lula, Dilma tem como meta a plena integração do Brasil no sistema capitalista mundial, não mais pelo alinhamento aos interesses dos EUA – como foi até Fernando Henrique Cardoso – e sim pela abertura à China e aos países do “grande Sul”. Numa conjuntura econômica favorável, essa política resultou no crescimento do PIB e na distribuição da renda (não da riqueza!). Assim, o atual governo pode satisfazer praticamente todas as classes sociais: trabalhadores, aposentados e pensionistas galgam um patamar mais elevado de consumo, banqueiros têm lucros nunca vistos, empresários do agronegócio e da mineração são favorecidos, servidores públicos recuperam o poder aquisitivo. Enfim, praticamente todos têm a sensação de serem beneficiados pela atual política macroeconômica. Quem paga o custo desse crescimento é o sistema de vida do Planeta – mas ele não tem voz para protestar. Diante desse amplo apoio na sociedade, só quebrado pelas manifestações contrárias de quem se preocupa com a vida do Planeta, o governo Dilma aprofundou o processo de despolitização iniciado por Lula. Salvo raros momentos, não se debatem mais as políticas do governo e do Estado. A política foi reduzida à disputa por cargos no governo e ao processo eleitoral. Esse é pano de fundo para minhas respostas à entrevista.

IHU On-Line – De forma geral, qual a importância da religião no cenário político nacional atual? Como a presidente Dilma está lidando com este aspecto?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Quando os partidos políticos abdicam de sua função própria de criticar e de apresentar propostas de políticas públicas e se contentam em disputar cargos e benesses, outras entidades passam a ocupar aquela função. É o caso das igrejas que, no vazio deixado pelos partidos, ganham força política. E a presidente Dilma está mostrando ter pouca habilidade para lidar com Igrejas que fazem política, especialmente se fazem uma política mesquinha. Talvez isso se deva a seu passado militante em autênticos partidos políticos, somado à pouca participação em alguma igreja. Dificilmente caberia em sua teoria esta realidade de igrejas em disputa por benesses políticas.

IHU On-Line – Como percebe que uma linguagem com fundo religioso sobe cada vez mais ao palco de um Estado que se quer laico? Não vê uma contradição aqui?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Não é bem uma contradição, mas uma concessão ao ambiente sociocultural brasileiro: o governo dança conforme a música. Se a maioria da população rejeita a política e aceita a religião, por que o governo seria diferente? Ele deixa nos bastidores sua meta política de plena inserção no sistema capitalista mundial e traz para o palco midiático as propostas ao gosto das massas, sejam elas de fundo religioso ou tratem de futebol, segurança, habitação, ensino e outras.

IHU On-Line – O governo Dilma estaria sendo refém de teses conservadoras capitaneadas por setores das igrejas pentecostais, neopentecostais e católica? Religião interferindo demais na política não força um conservadorismo perigoso?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Não é de teses que o governo tornou-se refém, mas sim de autoridades religiosas que buscam imobilizá-lo por meio de chantagens. Em vez de resistir, o governo deixou-se enredar. Ora, contra a chantagem só há uma saída: resistir ao chantagista trazendo-o para a luz do dia, isto é, obrigando-o ao debate público sobre suas propostas. Se o governo abrisse um amplo debate com a sociedade – penso no Parlamento, nos Conselhos de Cidadania, em universidades e em parcerias com ONGs – e lhes desse divulgação midiática, constataria que não há tanto consenso nas igrejas como elas deixam transparecer. Refiro-me aqui a oposição das igrejas (ou, mais precisamente, de algumas igrejas) à descriminalização do aborto e da eutanásia, à distribuição de preservativos, à educação sexual nas escolas, ao combate à homofobia, e sua insistência no ensino confessional nas escolas públicas. Na ausência de um debate, contudo, a posição da autoridade eclesiástica – pastores, padres e bispos – emerge como a única.

IHU On-Line – Como o senhor analisa a nomeação do senador Marcello Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Crivella sempre defendeu no Senado os interesses corporativos de igrejas neopentecostais, como a regulamentação da profissão de teólogo. Alçado agora à posição de ministro, ele terá acesso mais direto à presidente para fazer suas reivindicações e assim atender a suas bases. Mas é preciso ter presente que seu ministério não é sem importância, porque a pesca é um dos principais fatores de extinção de espécies aquáticas e falta uma política pública bem equacionada para o setor. Se ele tiver um comportamento realmente republicano e olhar em primeiro lugar os interesses nacionais e do sistema de vida do Planeta, poderá trazer uma grande contribuição, mas muito me surpreenderia se isso acontecer.

IHU On-Line – Como o senhor interpreta a posição da presidente Dilma em recuar e suspender a distribuição do kit anti-homofobia nas escolas? O que esse gesto sinaliza sob a condução da questão da homossexualidade no governo?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Há no caso uma questão eleitoral: a candidatura de Fernando Haddad em São Paulo, que não pode desperdiçar nenhum voto sob pena de perder a eleição. Nessa caça aos votos dos evangélicos a concorrência é feroz, e, sendo em geral um eleitorado pouco politizado, a argumentação política tem menos força do que uma argumentação religiosa ou moralista. Lamento ver o governo Dilma abrir mão de propostas políticas inovadoras por medo de perder uma eleição municipal.

IHU On-Line – O senhor percebe um enfraquecimento da influência dos setores progressistas da Igreja Católica no governo? Os fundamentos da Teologia da Libertação se perderam no governo Dilma?

Pedro Ribeiro de Oliveira – Não há enfraquecimento porque o único momento em que eles tiveram alguma influência na presidência da República foi nos dois primeiros anos do governo Lula. Na medida em que o PT conduzido por Lula se transformou em partido do governo e consolidou sua aliança com o PMDB e outros grupos para eleger Dilma, foi-se acabando o espaço para um projeto de libertação. É só lembrar o abandono da reforma agrária e dos Direitos dos Povos Indígenas, o desrespeito à ecologia e à biodiversidade, o assistencialismo das políticas sociais e a despolitização geral. Hoje, a ideia-força da libertação está fora do governo – e também da igreja. Seu espaço é apenas a sociedade, e, ainda assim, somente ali onde o povo se organiza com autonomia. (fonte :  http://www.revistamissoes.com.br)