Compartilho interessante matéria do “Uol Negócios”, enviada pelo bacharel em administração Sérgio Santos, a respeito de um típico caso de empreendedorismo movido exclusivamente a sonho, inteligência e coragem. Sem dinheiro, uma clínica de estética surgiu das virtudes de sua idealizadora!
Extraído de: http://is.gd/NuOTKN
ESTETICISTA LUCRA OFERECENDO SERVIÇOS DE ELITE A VALOR ACESSÍVEL
Por Izabela Ferreira Alves
“Se você tem um sonho, ele tem de vir acompanhado de ação. A mulher não pode esperar, de braços cruzados, o negócio ir para frente. Tem que ter uma postura desbravadora e não focar nos obstáculos, mas na melhor maneira de superá-los. Podia ter desistido diante das dificuldades, mas isso não passava pela minha cabeça” – Carla Alves
Muita gente achava desatino abrir um centro de estética com serviços caros como drenagem, bronzemento, limpeza de pele e massagens, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília (DF). Mas Carla Alves, de 36 anos, não se deixou levar pelo achismo.
Empreendedora nata, recorreu à pesquisa de mercado e às boas práticas de gestão para concretizar seu objetivo. Venceu toda sorte de dificuldades – de falta de dinheiro a um câncer junto com uma gravidez inesperada – para hoje colher o sucesso.
Carla Alves é vencedora da etapa estadual, no Distrito Federal, do prêmio Mulher de Negócios, do Sebrae, serviço de apoio à empresa. A vencedora em âmbito nacional do Prêmio Mulher de Negócios será conhecida hoje, Dia Internacional da Mulher, em solenidade que começa às 18h, em Brasília.
A esteticista Carla Alves lembra as opiniões contrárias ao seu sonho. “O pessoal achava que era um serviço elitizado para uma população de baixa renda”, diz. No entanto, sua pesquisa indicava o contrário. Ela entrevistou moradoras do bairro onde pretendia abrir o negócio, foi a associações, visitou concorrentes e confirmou a oportunidade.
Poucos salões de beleza ofereciam alguns procedimentos estéticos e não havia nenhum centro especializado na área onde iria atuar. “Fiz um levantamento da renda per capita e descobri que as mulheres iam para Taguatinga, cidade vizinha, fazer os tratamentos, porque não havia aqui.”
MÃO NA MASSA PARA CRIAR NEGÓCIO SEM CAPITAL INICIAL
Com apenas R$ 500 para abrir a empresa, investiu, primeiramente, em divulgação, já que o atendimento era na própria casa. Mandou confeccionar uma faixa rosa, com o formato da silhueta de um corpo feminino e fez panfletos com o mesmo design, tudo bolado por ela mesma.
Outra dica importante da esteticista para quem decide empreender é saber vender seu peixe. “Mapeei os pontos onde estava minha clientela e fui entregar os ‘folders’, um a um.” Assim pode também calcular, em uma situação controlada, quais seriam os seus gastos e quanto poderia cobrar.
“Não podia ir com muita sede ao pote para não espantar as clientes, nem jogar o preço lá em baixo, para não desvalorizarem meu trabalho. Sobre os custos, acrescentei uma margem média se comparada à concorrência.”
Os cremes mais caros foram comprados a prazo, com a garantia das sessões marcadas. Mas a agenda estava tão lotada que, um dia, o marido chegou em casa e havia mais de dez mulheres tagarelando na sala.
“Vi que era necessário alugar um espaço e fui pesquisar.” Além de entrevistar as clientes atuais e potenciais para saber qual o melhor ponto, ela negociou, pessoalmente, com a dona do imóvel.
A proprietária da casa onde ela alugou uma sala cedeu-lhe a garagem para montar a recepção. Sempre com o dinheiro obtido no trabalho, sem se endividar, ela comprou verniz, tapumes e montou a sala de espera nessa área, sem gastar um centavo.
“Encontrei, na rua umas sobras de blindex na rua, levei num vidraceiro e ele arrumou para mim. Pus a mão na massa, instalei, envernizei, lixei; fiz tudo.” Para completar, a mãe emprestou um espelho, sofá e mesa de centro.
PROBLEMAS PESSOAIS E DE SAÚDE NÃO INTERFERIRAM NA EMPRESA
Atendimento cuidadoso, preço justo, qualidade dos serviços e pontualidade. Como resultado dessa fórmula, o espaço ficou pequeno de novo. Com o lucro da clientela, que havia triplicado, ela pôde alugar uma loja maior, devolver a mobília emprestada e comprar móveis novos.
Foi quando a vida lhe deu um golpe duro. Em um exame de rotina, descobriu estar com câncer e grávida do segundo filho, sem ter planejado. “Não abaixei a cabeça. Mesmo não havendo garantias de êxito, encarei a cirurgia.”
Pedro nem havia nascido, ela já estava de volta à ativa. E, antes de terminar a radioterapia, mais uma vez, teve de procurar um imóvel ainda maior, agora com 140 metros quadrados, para abrigr o Espaço Bela Mulher.
“Em cinco dias fiz toda a mudança, montei as divisórias e ajudei o pintor”, diz. Hoje, Carla Alves tem oito funcionárias e firmou parcerias com um médico especialista em estética e uma nutricionista.
Graças aos mesmos princípios do começo – excelência no atendimento e nos serviços – as freguesas não param de chegar e ela já conquistou clientes de outros estados, como São Paulo, Paraíba e Goiás.
Parar? “Jamais. Meu próximo passo é abrir o shopping da beleza, com academia, salão e investir no público masculino. Mas quero me manter aqui, em Ceilândia, gerar emprego e renda na minha cidade, porque comprovei que é possível.”
CAPACITAÇÃO E FAZER O QUE GOSTA SÃO INGREDIENTES DE SUCESSO
Outro ponto favorável à esteticista no processo de abertura do negócio foi a capacitação. Ela é formada em administração e, como trabalho de conclusão de curso, fez o plano de negócios de um centro de estética.
Para aprender a parte técnica do serviço, Carla Alves faz cursos na área de beleza e saúde desde os 15 anos. “Sempre gostei de estética, mas como consegui um bom emprego depois de formada, a vontade de ter minha clínica ficou adormecida.”
Por problemas de saúde, ela foi afastada do emprego numa multinacional, onde trabalhava como analista de seguros, e decidiu tirar o planejamento do centro de beleza do papel. “Fiz da necessidade a oportunidade e ainda pude me dedicar ao que realmente gosto de fazer.”
Mas a preocupação com a reciclagem e a atualização dos conhecimentos no ramo nunca foram deixadas de lado. Prova é que a esteticista já foi várias vezes convidada para substituir seus professores.
Por conta própria, ela oferecia gratuitamente a cadeira de empreendedorismo nos cursos que ministrou. “É fundamental entender de gestão para não dar o salto maior que a perna, principalmente, saber administrar as finanças da empresa.”