– Análise da Arbitragem: Palmeiras X São Paulo – como foi o jogo?

Antes do Choque-Rei de hoje, muita coisa extra-campo: por exemplo, as reclamações do São Paulo de que a viagem de avião para Presidente Prudente houvera custado R$ 75.000,00, despesas de R$ 25.000,00 com hotel e outros custos que totalizaram R$ 120.000,00. O Palmeiras não teve esse custo, já que foi bancado pela Prefeitura Local. De fato, a questão de ‘venda de mando’ é complicada. O time da capital paulista mandar seu jogo a quase 600 km não está errado? Sua sede não é Prudente!

 

Imagine as dificuldades do árbitro Wilson Luís Seneme, que passou dias na Granja Comary realizando uma série de treinamentos da FIFA, e desgastado após tal encontro, ter que viajar de Teresópolis, na Serra Fluminense, para quase a divisa do estado de SP?

Sugestão: já que a Federação Paulista de Futebol permite tais situações, por que não otimizar a logística e promover um só voo, com as duas equipes, arbitragem e fiscais da Federação? Economia e inteligência para todos.

 

Outra questão: uma lista de “erros de arbitragem contra o Palmeiras” divulgada pela equipe alviverde, contendo pênaltis contra e a favor, foi divulgada na véspera. Irrelevante se considerarmos que foi feita pelos estudos de Luís Felipe Scolari, que, evidentemente, não falaria sobre números contra sua equipe. Além, claro, do fato do próprio Felipão colocar sua equipe no vestiário de visitante, mesmo estando na condição de mandante, nitidamente para efeito motivacional.

Vamos ao jogo dentro de campo:

 

– 4 minutos, falta que originou o gol do Palmeiras: Força desproporcional no tranco de Casemiro no João Vitor; aquilo é o tranco que não pode, pois, na regra, tranco tem que ser uma disputa de força leal. Se o atleta que tem a posse não poder disputá-la para a continuidade do domínio, vira infração.

 

– Lance aos 16m entre Willian José e Henrique dentro da área: não foi nada, jogador sãopaulino se desequilibra e cai.

 

– Aos 33minutos, um ato coletivo de desinteligência, que passou desapercebido por muitos. Seneme estava durante a partida sinalizando o local correto de todas as saídas de bola para a correta cobrança de lateral. O jogador palmeirense cobrou o arremesso lateral num local incorreto, antes do ponto que a bola saiu (mais na sua defesa). Não importa se ele cobra mais a frente ou mais atrás, o erro é cobrar no local errado. Seneme parou o jogo e deu reversão. Mas como jogador não conhece detalhes da regra, novamente o palmeirense pega a bola e aí cobra no local correto – o que está errado, pois a bola passa a ser do São Paulo. Na “re-cobrança”, Seneme novamente pára o jogo, dá uma bronca e manda o São Paulo cobrar a falta. E o lateral do São Paulo, sem entender direito, vai cobrar o lateral e fica vacilando. Não é que o adversário, vendo a bobeada, pega a bola das mãos dele e cobra o lance? Situação de várzea, que levou quase 1 minuto do jogo, e que Seneme, cansado da incompreensão dos atletas, relevou.

 

– Gol do São Paulo: Legal, embora um ou outro conteste a posição de Willian José na hora do cruzamento: ele está na linha da bola (esqueça linha de zagueiro ou qualquer outra bobagem), portanto, não está em posição de impedimento. E mesmo se estivesse, estaria como passivo, pois, afinal, seu companheiro Cícero veio de trás.

 

– No minuto 39, Daniel Carvalho se projeta tentando a área, e quando vai entrar, Piris tenta parar o adversário obstruindo-o. O jogador poderia manter o equilíbrio, mas visivelmente ele aproveita o contato e cai. É essa a chamada falta infantil do marcador. Quase não faz a falta; quase ela não tem força suficiente para derrubar; quase o adversário pode continuar a jogada. Mas com inteligência, o atacante prefere a queda ao sentir o toque do que continuar a jogada. Claro, sua equipe tem bons cobradores de falta.

 

– Segundo tempo: Infantilíssimo pênalti de Cicinho sobre Cortês. O atleta do São Paulo tenta driblar com um chapéu seu adversário, e por força da jogada, o sãopaulino esbarraria em Cicinho (afinal, não dá para um corpo transpor fisicamente outro). O lance seguiria normalmente, sem infração. Mas Cicinho não permite que Cortês avance, e barra o adversário com um empurrão no peito! E empurrar o adversário é infração; sendo na área, naquelas condições, pênalti sem aplicação de cartão. Acertou Seneme, e uma ressalva: o palmeirense Cicinho certamente, ao assistir o lance, se autointitulará: BURRRROOOO.

 

– 61m: Lucas avança para ao ataque, dribla dois e João Vitor vai com o corpo contra o sãopaulino. A falta poderia ser acompanhada de cartão amarelo, não pela violência da jogada, mas pela posição do lance, momento da partida e intenção do atleta. Como PODERIA não é DEVERIA, tudo bem, já que Seneme deve ter levado em conta o ambiente tranquilo do jogo até aquele momento.

 

– 66m: Marcos Assunção atinge Lucas, falta para Cartão Amarelo por ação temerária, bem aplicada pelo árbitro. A imagem de Lucas com a mão na perna, se lamentando de dor, é forte, mas o lance nem tanto.

 

– Falta de Rodrigo Caio em Barcos: bem marcada, atleta deixa a perna para que o adversário se atrapalhe. Sem contestação alguma.

 

– 71m: Cartão Amarelo ao Paulo Miranda por agarrar Barcos: bem aplicado, pelo agarrão e pela quantidade de faltas no argentino seguidamente realizadas (rodízio de faltas). Na sequência, o lance é cobrado e Barcos, sozinho na área, faz o gol. Leandro Amaro e Rodolpho se enrolam no lance, mas nenhuma infração.

 

– 77m: Leandro Amaro calça Fernandinho, que estava no ataque e após ter driblado dois adversários. Deveria ter recebido cartão amarelo. Errou o árbitro (Leandro Amaro acabara de fazer falta em Lucas poucos minutos antes).

 

– 79m: Falta pró-Palmeiras com mesma intensidade, e que Seneme usou o mesmo critério. Deveria também dar amarelo. Errou de novo.

 

– 81 m: Fernandinho tenta passar sobre Cicinho, que estabanado, não alcança a bola, nem o atleta. Mas Fernandinho não sofre falta e cai, por força da própria velocidade/disputa de bola. Seneme marca falta erroneamente. Três erros seguidos da arbitragem, não relevantes pelo que aconteceu na conclusão das jogadas.

 

– Aos 82m, Paulo Miranda faz falta em Henrique, acertou o árbitro.

 

– Henrique obstrui Fernandinho no ataque, que pela jogada em velocidade, merece amarelo, bem aplicado pelo árbitro, aos 85 minutos.

 

– 90 minutos: atacante palmeirense cai num bololô, e Rodrigo Caio leva um amarelo. Não foi nada, errou o árbitro, que deu a falta e ainda o cartão. Imaginem se Marcos Assunção marca, o que faríamos?

 

EM SUMA:

Primeiro tempo de calmaria para a arbitragem; segundo tempo mais movimentado, com Seneme se colocando muito bem em campo, mostrando autoridade e cometendo alguns poucos erros técnicos aceitáveis, com questionável distribuição de cartões no final da partida. Razoável arbitragem no contexto da partida (pela capacidade dele, poderia ter errado menos).

 

Detalhes negativos:

 

1) A REDE das metas não existe obrigatoriamente no futebol. Se o gol estiver sem redes, tem que fazer o jogo. Mas se elas existirem (como existem em 100% dos jogos profissionais), não podem ter publicidade ou qualquer outra coisa apoiada nelas (é por esse motivo que há insistência para que toalhas de goleiros não sejam penduradas nelas). Infelizmente, se faz vista grossa no Brasil a algumas situações, e muitas vezes a emissora que transmite o jogo tem a permissão de fixar microcâmeras nelas (mesmo sendo irregulares). Mas nesse domingo, a coisa foi absurda! Houve nítida propaganda nas redes, totalmente irregular.

 

2) Parada para hidratação é diferente de parada técnica. Os treinadores não podem passar instrução, nem os atletas saírem de campo. E foi uma bagunça, principalmente no primeiro tempo! Membros da comissão técnica do Palmeiras estavam dentro de campo, Leão e Felipão passaram orientação a vontade nesse momento, o que não é permitido.

 

A parada é para os atletas irem à beira do campo e se hidratarem, sem receber instrução ou qualquer outra intervenção.

 

Na prática, durante a partida, eles podem receber copos d’água durante o jogo, desde que se aproximem da lateral e os copos sejam colocados à margem externa da linha lateral. Assim, eles podem se hidratar normalmente, sem sair de campo. O problema é que o goleiro ou os atletas que jogam do outro lado do campo não conseguem ir à lateral dos seus bancos (embora os copos possam ser distribuídos perto das linhas lateral / meta que atuam).

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