O que dizer sobre tal número: 35% dos árbitros da Federação Paulista já foram agredidos, sendo que neste universo, 1% de premiados árbitros já passou essa experiência por mais de 10 vezes!
É o que a Folha de São Paulo traz na matéria de Lucas Reis (aliás, como assinante da Folha, parabenizo pelas oportunas matérias em seu caderno de esportes que recentemente tem sido publicadas, fugindo da discussão comum dos jogos).
Na matéria, apenas uma curiosidade: clubes e dirigentes estariam sendo responsáveis pela diminuição da violência, bem como as punições mais severas. Ok. Mas e o trabalho concreto dos sindicatos e das cooperativas de árbitros nesta história, onde é que fica?
Não vale dizer que encaminha a queixa ao Tribunal, pois isso é obrigação…
Extraído de: Folha de São Paulo, 14/02/2012, pg E5-6.
AGRESSÕES ATINGEM 1/3 DOS JUÍZES
Pesquisa de psicólogo da federação diz que 35% dos árbitros do Estado foram vítimas de violência
Pedro Santilli, técnico do Comercial em 2009, via seu time ser rebaixado à terceira divisão do Paulista, deu um encontrão em um jogador do Catanduvense e foi expulso. Entrou no gramado e deu um soco no queixo do árbitro Flávio Rodrigues de Souza.
Nenhuma ocupação no futebol parece ser tão insalubre quanto a de juiz: 35% dos árbitros e assistentes de todas as divisões do Campeonato Paulista já foram agredidos.
É o que revela pesquisa com mais de 500 profissionais feita em 2010 pelo psicólogo Gustavo Korte, que trabalha para a FPF (Federação Paulista de Futebol).
O total representa quase 180 juízes e/ou bandeirinhas que sofreram algum tipo de agressão em estádios ou suas imediações. Segundo a pesquisa, 2,5% já foram agredidos de três a cinco vezes, e 0,98%, acima de dez vezes.
“Deixei ele chegar muito perto de mim, e aconteceu. Foi a única vez na minha carreira. Agora, com mais experiência, não deixo ninguém chegar tão próximo”, contou Flávio Rodrigues, o árbitro agredido em Ribeirão Preto. O técnico Santilli acabou suspenso por seis meses.
Agressões e ameaças são mais comuns em campeonatos de divisões inferiores, afirmam árbitros e ex-árbitros ouvidos pela Folha.
De acordo com o sindicato paulista, punições mais rigorosas e o reforço da segurança diminuíram as queixas.
“As condições nos estádios estão melhores. Também houve uma evolução dos clubes e dos dirigentes. Até bem pouco tempo [atrás], era difícil até para entrar no estádio”, disse Arthur Alves Júnior, presidente do sindicato. “É aquela antiga máxima: se você nunca saiu de camburão do estádio, não é árbitro.”
Segundo a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), casos de agressão ainda são comuns pelo país. As ausências de televisionamento e imprensa aumentam a violência, disse o sindicato.
“Isso infelizmente ainda existe, principalmente em jogos de clubes menores e que não têm mídia, campeonatos de categorias de base, amadores”, disse José Pessi, vice-presidente da associação.
Na última quarta-feira, um árbitro foi agredido em Manaus, em partida pelo Estadual do Amazonas.
Jogadores do Fast Club se irritaram com Djalma Silva de Souza reclamando de pênalti não marcado em jogo contra o Nacional. O goleiro Naílson o empurrou, Djalma foi ao chão e acabou cercado pelos jogadores, que tiveram de ser contidos por policiais.
Não são apenas agressões que ameaçam os árbitros. A maioria deles, 84,2%, declarou que já teve ao menos uma lesão considerava grave em toda a sua carreira, segundo a pesquisa feita com os árbitros de São Paulo.
Korte levantou esses dados para utilizá-los na preparação dos árbitros do Estado.
“O trabalho envolve controle emocional, concentração, controle de distrações e melhoria na comunicação verbal. São várias as habilidades psicológicas”, disse.
