Dias atrás, na Alemanha, o árbitro da 1ª Divisão da Bundesliga (Campeonato Nacional), Barak Rafati, tentou o suicídio. Ele estava escalado para o jogo entre Colônia X Main e os bandeiras o encontraram com os pulsos cortados no banheiro do hotel em que se hospedavam, horas antes da partida.
Muito se especulou sobre os motivos. Mas o presidente da Comissão de Árbitros alemã, Herbert Fandel, declarou, segundo o Uol Esportes (clique em http://is.gd/uXQRNq para a citação):
“Os árbitros são criticados e colocados na opinião pública (…) Nos últimos anos, as decisões dos árbitros estão sendo colocadas no centro das atenções da mídia e muitas situações que não são claras são interpretadas contra o árbitro, e isso se soma ao comportamento desrespeitoso de alguns treinadores, funcionários e jogadores.”
Ou seja: tanto lá como cá, os árbitros são culpados por tudo. E a queixa do dirigente é objetiva, já que ele lembra que erros de grande dificuldade, não-claros, sempre são criticados (às vezes, por pessoas que nem entendem das Regras do Jogo). E o árbitro citado houvera sido eleito, pela 3ª vez, como o pior árbitro do Campeonato Alemão pela conceituada revista Kicker. Tudo isso, somado ao ambiente de unfair-play e desrespeito criado contra os árbitros de futebol, poderia ter culminado nessa tentativa de suicídio, segundo Herbert Fandel.
Claro, seria exagero afirmar que ele tentou se matar por culpa dos percalços da carreira na arbitragem… mas… o que isso tem a ver com o tema do post?
Tudo a ver!
Concomitantemente, em Florianópolis, era realizado um Congresso de Dirigentes Sindicais de Árbitros, organizado pela ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol). Presidentes de Sindicatos de Árbitros de quase todo o Brasil estavam na aprazível capital catarinense (ninguém faz Congresso em Cubatão, Franco da Rocha, Francisco Morato… – só em local turístico de belezas naturais incontestáveis) e, ao invés da concentração de esforços sobre temas que busquem respeito aos árbitros de futebol, priorizando tópicos como os do relato crítico do dirigente alemão (que são situações idênticas às nossas), houve tempo para homenagens a dirigentes do apito, entre eles, o presidente da Comissão de Árbitros, Sérgio Correa da Silva.
Nada contra a figura do presidente. Mas ‘homenagear por bons serviços prestados à arbitragem o presidente da CA-CBF’ não é esnobar o tempo escasso, em oportunidade não corriqueira, onde coisas mais importantes deveriam ser discutidas? Aliás, é curioso: confesso ser ignorante o suficiente em ter na lembrança algum sindicato homenageando o patrão.
A pergunta é: o que de prático resultou do Congresso da Anaf? O que mudou e mudará na vida de cada árbitro? Afinal, quem manda e os que representam os mandados estavam juntos reunidos.
Infelizmente, a resposta parece ser evasiva mesmo…
