Não programar o crescimento sustentável, ordenado e planejado, é fatal para que uma localidade sofra com problemas futuros. Infelizmente, politicagem e especulação financeira / imobiliária falam mais alto.
Aqui no bairro Medeiros, tradicional reduto de sítios e chácaras de veraneio, o zoneamento urbano há tempos modificou a cara do bairro. Novos loteamentos foram criados; boa parte deles bem feitos e que embelezam a região; outros, ao Deus-dará.
Em breve, prédios estarão sendo entregues na região, com o mesmo número de vagas nas escolas ou de vias asfaltadas (com um único posto de saúde e pouca assistência municipal). Enfim, a falta de infraestrutura em nome dos ganhos financeiros.
Pois bem, nesta região periférica em que vivemos (sou aqui do Medeiros também), duas vilas se estranham: Jardim Sarapiranga, um belo conjunto de casas bem planejado e o Jardim Antonieta, um conjunto humilde e abandonado pelas autoridades, ganhando até mesmo o pejorativo nome de “Buraco do Piolho”.
Abaixo, a situação retratada em reportagem de hoje. Mas faça a seguinte reflexão: se a PM e a Prefeitura agissem com mais atenção nas duas comunidades, tudo o que é queixoso abaixo não seria evitado?
Extraído do Jornal da Cidade – pg 6
MORADORES DO SARAPIRANGA ESTÃO COM MEDO
por Fábio Estevam
Os moradores do Jardim Sarapiranga estão amedrontados com a onda de violência que vem tomando conta do bairro. Ontem, pela segunda vez em dois dias e pela terceira, em algumas semanas, mais um caso de violência aconteceu. Um homem invadiu uma casa e trancou a dona de casa no quarto. A filha dela, que é pequena, estava dormindo. O bandido vasculhou a casa atrás de jóias, mas não encontrou. A Polícia Militar foi chamada e várias viaturas foram até a Rua Roberto Barrios Cury, mas por pouco não conseguiram deter o bandido. Nem mesmo uma base da PM do Bairro do Medeiros, ao lado, tem inibido as ações criminosas. Já se passava cerca de duas horas após o ocorrido e a dona de casa, ainda nervosa e chorando, contou à reportagem o que aconteceu. “Ele foi agressivo e me ameaçou. Depois me trancou no quarto e pediu jóias. Enquanto eu estava presa ele foi procurando”, afirmou ela. “Mas ele saiu sem levar nada”. O marido da vítima, que não estava em casa na hora do crime, contou que sua esposa estava no piso superior do sobrado, quando o bandido chegou, também pelo piso de cima. Ele usou uma casa desabitada ao lado para ter acesso. Enquanto ela estava presa no quarto, abriu a porta balcão e saiu na varanda, fazendo sinais para alguns vizinhos. “Eu chamei a polícia na hora e em poucos minutos eles estavam aqui”, afirmou um morador que observou o desespero da dona de casa. “Nosso bairro está assim. Ontem, entraram nesta outra casa e jogaram o miolo de chave da porta, que haviam arrombado, dentro do meu quintal. Isso tem acontecido com freqüência”, salientou. Neste crime, a professora M.J.B., de 44 anos, teve uma televisão de 32 polegadas roubada. Não muito longe dali, ainda na mesma rua, um outro morador viu a equipe de reportagem e também aproveitou para reclamar. “Outro dia eu estava em casa e escutei um barulho no portão. Eles haviam serrado a corrente e estavam com um furgão. Iriam roubar minha moto. Mas o alarme disparou e eles saíram correndo”, afirmou, aconselhando o marido da dona de casa assaltada ontem. “Vá à delegacia fazer o boletim de ocorrência. Acho que só assim para eles usarem as estatísticas e virem olhar o nosso bairro”, avisou. Os moradores creditam a violência a usuários de drogas que costumam comprá-las em um bairro novo, ao lado do Jardim Sarapiranga, em que as casas foram construídas, segundo eles, num terreno invadido. “É um lugar conhecido como Buraco do Piolho. Aí tem tráfico de drogas e os drogados roubam aqui, para comprar ali”, salientou um morador. No bairro, ninguém quer mostrar o rosto, não quer dar o nome, e pede para que não fotografe as casas. É o medo tomando conta de uma região há pouco tempo longe da criminalidade.
