Rápidos pitacos da Rodada da Sulamericana de ontem:
O Vasco da Gama ganhou ontem do boliviano Aurora, por 8 X 3. Tudo bem que jogou com 1 atleta a mais boa parte do jogo, mas o time de Cochabamba é sofrível. Não dá para imaginar como os cariocas perderam no jogo de ida. Respeitosamente, se o time da Bolívia jogasse o Campeonato Amador de Jundiaí, apanharia do Vila Marlene, do Engordadouro, do União da Vila e do Palmeirinha do Medeiros. Certamente, o Estrelinha da Ponte São João, com 3 X 1 a favor, não perderia de 8 do Vasco.
Justiça seja feita: na década de 90, com o time cruz-maltino sendo comandado por Eurico Miranda e Antonio Lopes, a imagem do Vasco se tornou sinônimo de antipatia. A gestão do Roberto Dinamite, associada a finess do educadíssimo (e competente) Ricardo Gomes, trouxe uma simpatia muito grande à agremiação. Será que o Vascão vai levar, além da Copa do Brasil, o Brasileirão e a Sulamericana?
E o São Paulo? Perdeu para o Libertad, time que na década de 20 era grande, sucumbiu ao marasmo e com o seu patrono Nicolas Leós, presidente da Conmebol, retomou ao sucesso. A história do clube retoma a do São Cristóvão, do RJ. Mas impulsionado por política… capacitou-se para ganhar também na bola.
Sempre disse, enquanto árbitro: os cartões mais fáceis de se aplicar são de atacantes que voltam à defesa para marcar. Atacante tem que jogar do meio pra frente, recebendo falta, e não fazendo! Lucas e Luís Fabiano, no começo do jogo, fizeram bobas faltas quando estavam no campo de defesa. Aliás, que ironia: Luís Fabiano deu vantagem ao São Paulo no jogo de ida, e tirou a mesma vantagem no jogo de volta, cometendo infantil pênalti. E deveria receber Cartão Amarelo, não pela falta, mas pela excessiva reclamação. Rogério Ceni catimbou, reclamou, mas não adiantou.
Tudo bem que os bandeiras foram mal em lances de impediemnto e supostamente prejudicaram o São Paulo. Mas não dá para culpá-los pela desclassificação. Faltou bola no Morumbi e em Assunção.
Aliás… Juan reclamando que foi chamado de macaco pelo árbitro? Mico-leão-branco? Sem ser politicamente incorreto, mas perceberam que sempre há um culpado ou um motivo para a derrota? O lateral sãopaulino está em péssima fase e ainda vai sustentar a tese do racismo? Tenha dó…
Hoje, dizem que a Sulamericana não vale nada. Ué, mas e a vaga à Libertadores? Daqui a 20 anos, será que os campeões da Sulamericana omitirão do seu curriculum de conquistas tal título? Claro que não. Só não vale para quem perde.
Por fim: histórias de Leão, novo treinador tricolor. Trabalhei em jogos dele em partidas dos 4 grandes paulistas. E ele sempre me impressionou nos confrontos que estive: pela inteligência, pelo estudo, pela arrogância e pelo desprezo.
Quando era ainda principiante, me lembro que havia um temor sobre Leão. Diziam que ele era muito forte na FPF, pois era sócio do então presidente, Eduardo José Farah. Correção: não do Farah, mas de sua esposa, Josefina Farah, em negócios de gado.
Se era ou não, ou certo que ele sempre foi temido pelos árbitros, até mesmo pela sua forte personalidade.
Me recordo dele na Vila Belmiro, com o emergente time de Diego & Robinho. O jovem camisa 10 caia quase tanto quanto Neymar faz hoje, e a cada queda não marcada, Leão urrava! Ía ao limite com o time, e talvez por isso foi campeão brasileiro na época.
No Palmeiras, me lembro de um clássico Portuguesa X Palmeiras, no Canindé. O árbitro era PC de Oliveira, e quando fui ao vestiário palestrino, Leão de cara já disse que “não queria perseguição contra ele, que hoje ele estava de mau humor e que não era para encher o saco”. Pressãozinha pré-jogo, normal (Leão sempre se sentiu ‘prejudicado’ pelo Paulo César). Embora, verdade seja dita, o treinador estivesse com a cabeça a prêmio, caso perdesse aquela partida. Durante o jogo, PC simplesmente ignorou Leão. Havia 9 palmeirenses para cada torcedor luso. Aí saiu o gol da Portuguesa, do angolano Johson. Metade do estádio gritava “Fora Leão, fora Leão”. Na sequência, gol do Palmeiras. A outra metade gritou: “Leão, Leão”. Amado e odiado…
No São Paulo, em duas oportunidades seguidas, o treinador me questionou sobre como usar a Regra do Jogo a seu favor. Ele estudava o adversário e queria o minar usando de detalhes da regra. Poucas vezes vi isso. Mas na mesma proporção da astúcia, vinha o desrespeito. Contrariado, perdia a noção da boa educação. Uma pena.
Boa sorte a ele. Espero que o período sabático de resguardo que passou tenha trazido mais equilíbrio emocional.