– Corrupção na Arbitragem: se SIM/NÃO, vale a reflexão: estaríamos na hora de um choque de Gestão?

 

Há certos momentos na história política do país que “termos fortes” foram utilizados para marcar um novo momento: Certo dia, o ex-presidente FHC, a fim de referendar a política neoliberal, criou o termo “desenvolvimento sustentável”, o qual a ONU começou a usá-lo com certa freqüência. O também ex-presidente Lula enfatizava suas ações para destacar o ineditismo dizendo “nunca antes nesse país”. O atual Governador Geraldo Alckmin pregou, quando candidato à presidência, a necessidade de um “choque de gestão”. Dilma, em meio à corrupção assustadora, defende a “faxina geral”.

 

Todos esses termos foram usados como marco. Não seria o momento adequado para desenvolvermos sustentavelmente o futebol, praticar um choque de gestão nas estruturas arcaicas e ditatoriais, para uma faxina geral nunca antes vista nesse país?

 

Digo isso pelas graves acusações que assolaram o futebol carioca nessa semana, e que não espantaria a maciça opinião pública se ocorressem em outros estados. Árbitros de futebol dizem negociar resultados em troca de ascensão na carreira (artigo em: http://bit.ly/nXU8au).

 

O dito escândalo, a ser ainda provado e comprovado (afinal são denúncias, e não provas) não espanta mais. Será que nos acostumamos tanto com a corrupção, a ação desmedida e antiética dos favorecimentos escusos e com a picaretagem, que não nos escandalizamos mais?

 

Árbitros de futebol submetidos aos mandos e desmandos de dirigentes de conduta duvidosa, segundo a matéria da TV Record. Pior: entidades com ar de chapa-branquismo, pois afinal, os dirigentes da Federação local são aqueles que representam os árbitros em forma de Sindicato e Cooperativa! Não é inconcebível que o patrão represente a entidade que defende os empregados contra os interesses dele próprio?

 

Só resta parabenizar os árbitros cariocas por tais iniciativas. Não é fácil ter essa coragem, pois, afinal, o risco de tiro no pé é grande. Estar de fora é mais fácil, pois quem está atuando sabe que as represálias são prováveis. Não dá para ser ingênuo em acreditar que o árbitro critique o dirigente e tenha respaldo do seu sindicato ou cooperativa, já que lá está o mesmo dirigente que terá que o defender. Haverá auto-acusações da cartolagem? Impossível.

 

Não sou mais árbitro atuante, portanto escrevo como cidadão e observador desta categoria que pertenci e tanto amei por 16 anos. Os árbitros e dirigentes que estão atuando são os mesmos de quando eu atuava. Conheço-os, relacionava com eles, sei das virtudes e os critiquei sobre os defeitos (defeitos, a propósito, que todos temos). Mas claro que a luta solitária é inglória.

 

Em 2005, participei da minha primeira pré-temporada com os árbitros da 1ª divisão de SP. O então presidente da CEAF, José Evaristo Manuel, socava a mesa do hotel Della Volpe, na Frei Caneca, e dizia: “Não quero ouvir falar de favorecimento ao Corinthians, ao Palmeiras ou a qualquer time grande”. Ele era de Taubaté, e os árbitros morriam de medo de estarem escalados lá. Mas…o Taubaté conseguiu algum acesso nas divisões de baixo nesse período?

 

Costuma-se falar muita bobagem sobre favorecimento ou não a determinados clubes. Real ou irreal é outra história. A pressão não é o pedido escancarado ao árbitro, pois isso seria facilmente perceptível. Mas você já levantou a hipótese (atenção: HIPÓTESE não é afirmação, é apenas suposição de um fenômeno a ser discutido) de que:

a simpatia percebida pelos árbitros por determinados clubes na relação com a Federação poderia fazer com que se errasse, na dúvida, contra esse ou aquele time? (a antipatia teria o mesmo valor…)

árbitro que erra contra time grande some do mapa. Mas errou contra pequeno…

árbitro caseiro em time amigo que precisa ganhar e joga em casa? Na mesma proporção, “sorteia-se” árbitro disciplinador quando a situação é inversa.

árbitro sente o assédio moral?

 

Levantei suposições. Nada de cartola querer pegar telefone para ameaçar processo. Afinal, isso não acontece comprovadamente, como disse anteriormente.

 

Já perceberam que quando se fala contra a entidade o cara vira inimigo? Conversei com uma dúzia de árbitros nessa semana. Alguns evitam o bate-papo, pois por dizer que acho incompatível dirigente de Federação controlar o Sindicato dos árbitros e a Cooperativa passo a ser “persona non grata”, pela minha tese. Normal. Quando elogia, vira “amigão”. É o mesmo sentimento que talvez o jornalista Paulinho sinta quando denúncia mazelas no Corinthians, ou Juca Kfouri sente quando critica a CBF. Falar que ouviu a Rádio Jovem Pan então? Esqueça, isso é profanar a casa. Como disse um amigo árbitro via telefone (que não importa o nome): “comentar que é amigo do Fernando Sampaio ou do Rogério Assis? Pede pra sair do quadro” – e o pior é que não foi apenas 1 árbitro, foram alguns… (detalhe: esses jornalistas defendem os árbitros. Irônico, não?)

 

Nesse país, defender a democracia é satanizar àquele que manifesta tal vontade. Claro, afinal, estar à frente de federações, sindicatos, clubes, é sentir o gosto duvidoso do poder vitalício e a influência exercida sobre aqueles que aceitam a troca deliberada.

 

Uma pena. Com toda a confusão no Rio de Janeiro, o tema poderia ser amplamente debatido. Mas não será.

 

E deixo uma reflexão aos amigos, de uma humilde opinião: Para que os árbitros precisam de Cooperativa e Sindicato administrados por dirigentes das Federações? Tal situação acontece em muitos estados desse país, e ninguém faz nada. Pra quê tê-las, se moralmente a independência não é explícita?

 

Parabéns aos colegas do Rio de Janeiro. Os rebeldes egípcios derrubaram Mubarak e contaminaram o espírito revolucionário na África árabe e parte da Ásia: vide Iêmen, Bahrein, Síria, e, recentemente, Líbia.

 

Que os Kadafis do futebol que impedem a democracia (e que são aclamados por dirigentes políticos e puxa-sacos de plantão) também caiam de seus pedestais até então inabaláveis.

 

Ops: sei que as rádio-escutas e os trolls invadiram a minha caixa de comentários. Tudo bem. O que vale é olhar para os filhos e orgulhar-se do que fez, falou ou deixou. Muitos não podem fazer isso…

 

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Um comentário sobre “– Corrupção na Arbitragem: se SIM/NÃO, vale a reflexão: estaríamos na hora de um choque de Gestão?

  1. Está cansado de corrupção?
    Pois é, eu também! Quero melhorar a vida dos taubateanos e acabar de vez com essa injustiça toda que ocorre no Brasil.
    Leia, analise, pesquise e veja o que é melhor para o futuro de Taubaté
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    Com Bernardo Ortiz Jr.
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    Acesse Bernardo Ortiz Jr.!

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