Ontem, o árbitro André Luiz de Castro (GO) teve uma atuação polêmica em Corinthians X Grêmio. Vamos lá:
Sabem aquele lance maroto, ‘a lá Sandro Meira Ricci’ em Corinthians X Cruzeiro do final de 2010 (pênalti marcado em Ronaldo) e que ainda hoje se polemiza? Pois é: o pênalti em Emerson Sheik teve o mesmo grau de dificuldade de erro/acerto e, para desgosto dos incrédulos, na mesma grande área do Pacaembú, com um árbitro também da região Centro-Oeste! Tem ou não urucuabaca ali?
Brincadeiras à parte, na primeira impressão, pênalti equivocadíssimo. Errou. Mas…
Que tal uma segunda impressão? A forma na qual Emerson cai e a posição dos atletas não diz nada?
Claro que na dinâmica do jogo a decisão deve ser rápida. E estando onde o árbitro estava só posso concluir que: ou errou absurdamente, daquelas marcações infantis que se vê vez ou outra, ou ele viu algo que da arquibancada não vemos.
Explico: a imagem que temos é da cabine de TV. Nela, não se vê o braço de Adilson empurrando Emerson, nem um pontapé o deslocando. Se vê um zagueiro que perdeu a marcação no atacante tentando pular numa disputa de bola (que, sejamos justos, não dava para ser disputada por ambos pois viajava bem alta) e que não permite entender se ele o trancou por trás ou não (o que é falta).
Vi o lance exaustivamente e penso o seguinte: um árbitro de meta atrás do gol, ou árbitro assistente no 2, ou até mesmo o árbitro da partida estando de lado da jogada (que na imagem que vi na TV não aparece no lance) poderiam ter uma análise mais fidedigna e ver algo que não vimos. A grosso modo, não foi pênalti apitando da arquibancada. Mas vendo e revendo, calmamente, com os recursos da TV e sem o calor do jogo, questiono o seguinte: Adilson não o desloca com o ombro sobre as costas? Me parece que sim, e se isso ocorre no meio de campo, é obstrução com falta e tiro livre direto, sem cartão. Na área, é pênalti. Desse outro modo, do sofá e no dia seguinte, daria o pênalti e aplaudiria o árbitro.
Perceberam como o lance é difícil e maroto? Ombro a ombro vale derrubar, ombro nas costas, levemente que seja, desequilibra e é infração. Mas quero reforçar: o único absurdo é dizer radicalmente que não foi ou que foi: aqui há a necessidade de ponderação. A afirmação indubitável só pode ocorrer se aparecer uma imagem que venha da linha de fundo e que mostre nenhum contato físico. Portanto, lance que vale a sadia discussão sem a presunção do erro definitivo ou não.
Entretanto, não se pode creditar dolo deliberado ao Grêmio, pois se isso ocorresse, Liedson e Edenílson não seriam expulsos…
Ainda sobre Emerson Sheik: se comprovado o erro no pênalti, deveria ser aplicado o cartão amarelo por simulação ao atacante (pois, se não houve toque e aparentemente não houve escorregão, tentou jogar um estádio todo contra o árbitro numa atitude antidesportiva). No final do primeiro tempo, reclamou de novo pênalti, que não foi. E no início do 2º tempo, terceiro lance de área polêmico, que também não foi. Tais lances somados às inúmeras faltinhas cavadas por Emerson (das tentadas e obtidas e as não marcadas), valeria o cartão amarelo.
Nos demais cartões amarelos do 1º tempo, o árbitro acertou.
No segundo tempo, a pressão e a catimba das duas equipes, percebendo que o árbitro estava sentindo as reclamações de ambos, foi maior do que o espírito esportivo. Por exemplo: aos 57m, o gremista Saimon está no ataque, entra na área agarrando Paulinho, arrasta ele com os dois braços e ambos caem. Na cara-de-pau, sai esbravejando e reclamando pênalti. Caramba…
Sobre a expulsão de Liedson: Tite fez questão de afirmar que ele perdeu o “timing” da bola (diga “tempo”, professor…). Ora, ele perdeu a noção da força na dividida! No primeiro cartão amarelo, indiscutível, clássica advertência. Mas no segundo cartão, ele foi com o pé erguido na perna do Edi Carlos. Não existe desculpa de “perder tempo da jogada” ou “readaptação de estilo de jogo no Brasil, tirando o chip programado para divididas na Europa”. Perna erguida é perigoso no Brasil, em Portugal, no Japão, na Lua ou em Júpiter. Era Cartão Vermelho direto. Se o zagueiro do Grêmio estivesse coma perna presa no chão, a teria quebrado.
Quer outro lance polêmico? Saimon e Jorge Henrique, aos 71 minutos, buscam uma bola se jogando nela. Ambos se atiram, a imagem parece de violência mas ninguém faz falta. O pé de Saimon (que não disputa a bola) bate involuntariamente e sem força em Jorge Henrique, que… sai de maca? Não foi nada, mas com 3 X 1 no placar…
E está aí a diferença de Jorge Henrique e Edenílson: a qualidade em fazer cera! Enquanto JH sabe ensebar bem, Edenílson demorou demais, perdeu a noção do exagero e ali sabiamente pelo árbitro foi advertido, recebendo o segundo amarelo e sendo expulso. O clube deveria punir o atleta que toma um cartão tão bobo, e fica novamente a sugestão: cadê o ‘professor de regras’ no clube?
O futebol anda muito pilhado e nervoso. Exemplo disso foi o atacante Leandro: recebeu a bola em impedimento aos 84 minutos e imediatamente a arbitragem parou o jogo, e o gremista ainda assim chutou para o gol, recebendo acertadamente o cartão amarelo conforme a regra. Mas aí vem a surpresa: Celso Roth, treinador do Grêmio, ao invés de chamar a atenção do seu atleta por tal indisciplina e cartão bobo, se vira ao árbitro e é flagrado pela Sportv dizendo:
“Que várzea professor, isso virou uma várzea”.
Ué, várzea é o jogador tomar o amarelo dessa forma (que é o terceiro dele e que desfalcará sua equipe no próximo jogo).
Em geral, se desconsiderar o lance do pênalti em Emerson (explicado à exaustão acima), o árbitro acertou nas expulsões e errou em lances fáceis: Jorge Henrique, por exemplo, aos 85m tropeça na bola e ele dá falta. A verdade é que o jogo era maior que o árbitro.
Agora, algo hilário: o Grêmio reclamou de poucos minutos de acréscimos. A regra do jogo diz que se deve acrescentar minutos adicionais para recuperar o tempo perdido em paralisações por substituições, atendimento médico e retirada de lesionados, saída de atletas expulsos, além de outras perdas de tempo. Cera não se acrescenta tempo, mas se adverte a quem faz cera com cartão amarelo. Mesmo a desprezando, o acréscimo realmente foi pouco e o Grêmio reclamou. Mas não é que o Roberto Andrade, dirigente corinthiano entendeu. Ele disse o seguinte:
“No primeiro tempo, ele apitou um pênalti a nosso favor e não vou discutir. Se ele apitou, não vou dizer se foi, deve ter sido. Mas no intervalo, ele deve ter ouvido comentários e voltou querendo corrigir a suposta bobagem que fez (…) Ele expulsou um jogador no chão (Edenílson) e não é médico para saber se tinha lesão ou não. O Grêmio também ficou (com cera) e não teve a mesma atitude. O Liedson (expulso também) não vou discutir (…) “ele foi péssimo, para não dizer mal intencionado. O jogo ficou parado por mais de cinco minutos (na expulsão de Edenílson) e ele nem teve coragem para dar cinco minutos. Peço a CBF: nosso futebol não merece uma arbitragem dessa. Vamos manifestar contra ele na CBF”.
Ué, então ele concorda com o Grêmio? Se errou nos acréscimos, beneficiou sua equipe, não o contrário!
Às vezes, o discurso de auto-defesa para encobrir um erro à favor é tão confuso que dá nessa bobagem…
E você, o que achou do jogo? Deixe seu comentário:
Ops: amigos, não poderia deixar de citar: Se alguém pode reclamar na rodada, mesmo vencendo, foi o Fluminense! Elmo Rezende (GO) não deu um pênalti claríssimo de Wellington num empurrão no argentino Lanzini, provavelmente por estar mal colocado na jogada. O seu bandeira número1 poderia ter salvado o lance, mas se omitiu. No mesmo jogo, o zagueiro do Flu (teria sido o Gum?) salva com um carrinho na bola um contra-ataque de Dagoberto, que está na área e cai, e, para surpresa do próprio sãopaulino, marca-se pênalti!
Parece que a noite não foi boa para os árbitros goianos…