Há gênios em todas as modalidades. Observá-los é aprender e se curvar à sabedoria aliada à humildade.
Nem sempre o conhecimento brota de boas coisas, mas vale ser observador às estratégias curiosas, mesmo deselegantes. Inteligência para desestabilizar outrem é isso aqui:
“- Não vou mais a banco. Vou ficar fora. Na única vez que olhei para o árbitro por estarem segurando meu jogador, só faltou ele me morder. Se for possível, não vou mais a campo, fico lá fora. Não dá mais (…) Murtosa vai para o banco (…) E no primeiro ou segundo jogo, o Murtosa também vai ser expulso. O prazer deles (árbitros) é olhar para mim e botar para fora. Estou pior que cachorro na chuva. Não adianta nada, vai o Murtosa.”
Luiz Felipe Scolari, dizendo que não vai estar no banco como treinador em jogos do Palmeiras, por se sentir perseguido (extraído do GloboEsporte.com: http://is.gd/I9JtmX) .
Há treinadores que sabem mandar recados pelos microfones e que usam da imprensa para criar estratégias favoráveis à si próprio. São inteligentes e estrategistas. Quando é para atender e ser solícito aos jornalistas, neca! Mas quando é por causa própria…
Destes, 2 se destacam: Luxemburgo e Scolari.
Primeiro, vamos ao caso Flamengo/Luxemburgo: O árbitro goiano Elmo Rezende errou ao não marcar um pênalti contra o Flamengo e que virou falta ao Coritiba, e Luxa se calou. Já o mineiro Ricardo Marques Ribeiro inverteu sem má intenção diversas faltas contra o Atlético Paranaense e Luxemburgo manteve o silêncio. Quando o paranaense Heber Roberto Lopez advertiu verbalmente Ronaldinho Gaúcho, Wanderley surtou, usou todos os microfones possíveis e quase conseguiu criar a falsa ilusão de esquema anti-Mengão. Ontem, no Beira-Rio, o alagoano Francisco Carlos Nascimento gastou a sua cota de erros do ano inteiro, em equívocos que beneficiaram o Flamengo (Amarelo indevido por simulação ao D’Alessandro, falta na barreira na hora do gol do Ronaldinho, e diversos outros lances). Luxemburgo calou-se. Não se manifestou. Conseguiu a pressão desejada sobre o árbitro do jogo seguinte? Claro.
Agora, o caso Palmeiras/Scolari: Felipão é costumeiro em maltratar árbitros e jornalistas. É fato e tem grande histórico. Adora mandar recados por microfone. Agora, quer que creiamos na existência de um “Tratado Conspiratório anti-Scolari” (à mesma maneira de Luxemburgo), e ameaça não ficar mais no banco de reservas para não prejudicar sua equipe, já que se sente perseguido pelos árbitros!
Hipóteses? Algumas:
1-Não está na cara que, com tanto problema interno em seu clube, há a necessidade de desafogar esses desencontros e criar uma situação externa?
2-Não parece que Felipão já está pressionando o árbitro antes mesmo do sorteio? É a chamada “preventiva”, chiadeira pré-jogo.
3-Mesmo querendo jogar no Morumbi e tendo que ir à Prudente, às vésperas de uma possível eliminação na Sulamericana, já está caçando desculpas?
4-Com seu julgamento hoje na CBF, indiciado em até 720 dias por ofensas à arbitragem e expulsão, prepara o terreno para a sua defesa, a fim de se fazer de vítima ao invés de ser culpado?
5-Domingo teremos Palmeiras X Corinthians. O treinador que for derrotado, por pressão, pode perder também o emprego. Chiar do árbitro uma semana antes é salvaguarda?
Temos que dar o braço a torcer. São pessoas inteligentíssimas. Se usam de ética, respeito, afeto, desportividade, é outra história!
Mas o mais importante: a sugestão-
Seneme ou Sálvio apitarão o Derby. Quer uma idéia bacana ao árbitro a ser escolhido nessa semana? Façam como em Portugal: BOICOTEM!
Nessa semana, João Ferreira, escalado para apitar Beira-Mar X Sporting pelo Campeonato Português, se recusou a atender a escala em protesto às constantes chiadeiras do Sporting (tanto de dirigentes quanto do treinador). E em solidariedade, os demais árbitros da 1ª e 2ª divisões profissionais avisaram que não iriam trabalhar em jogos deste clube. Como em Portugal a competição é organizada pela Liga de Futebol e os árbitros contratados pela Federação Portuguesa, não tinham árbitro para a partida!
A solução, às vésperas do jogo, foi a contratação de um árbitro de uma liga regional, com 43 anos de idade e 19 de experiência, nome forte da “Primeira B de Aveiro” (compare como sendo o equivalente à um árbitro respeitado nas divisões inferiores de algum campeonato regional brasileiro).
Será que os árbitros brasileiros terão coragem de não acatar uma escala em jogo do Palmeiras, em protesto às ridículas reclamações e críticas de Scolari?
Duvido. Sem alguma entidade interessada que queira agir por trás dos árbitros, obrigando a mobilização deles, não há protesto, mesmo que esse seja um locaute.
E você, o que pensa sobre tudo isso? Deixe seu comentário:
