– Árbitro Persegue Jogador?

 

Depende do que se entende como “perseguir”.

 

“Choveu” e-mails de amigos que perguntaram, ainda antes do final do jogo, sobre o lance de Neymar ter sofrido um pênalti e o árbitro não ter marcado.

 

Não pude assistir o jogo (estava numa tarefa sensacional: comendo merengues com minha filha na Festa do Morango de Jundiaí – boa pedida nesse final de semana), mas não é sobre o lance que a maior parte das perguntas se referiam, mas à perseguição ao atleta Neymar.

 

Primeiro: jogador que dá trabalho, sempre é mais visado. Madson, domingo, forçou um pênalti contra o Corinthians e se jogou por diversas vezes. Será que ele não imagina que os árbitros assistem futebol e estarão atentos com sua indisciplina numa possível futura escala?

Imaginem então Neymar. Nos últimos dois Campeonatos Paulistas, cansou de se jogar. Simulava descaradamente. E de tanto cair perdeu credibilidade. Árbitros mais novos entravam na dele. Os mais experientes, ignoravam (mas se omitiam na aplicação do cartão amarelo). Por ser jovem, bom de bola e uma atração em campo, parece que recebeu blindagem contra críticas à ele. Pode tudo e se passa a mão na cabeça.

Na fase mais aguda do cai-cai, na inauguração da Red Bull Arena, Neymar se jogou e o árbitro mexicano ignorou. A leitura labial foi perfeita: “You? You no”, tentando se fazer entender ao atleta. Contra a Holanda, Carlos Amarilla acreditou numa queda onde ele simulou tão bem e que custou o amarelo ao adversário. Dias depois Amarilla estava escalado na Libertadores, em jogo do Santos… Depois quer reclamar de perseguição?

 

Árbitros marcam jogadores. Perseguir é usar de má fé em campo. Marcar é ter atenção maior para não se passar de bobo. Pense como um juiz de futebol e sinta o drama: o árbitro luta numa carreira inglória, com apoio mínimo, e o jogador que ganha milhões o quer enganar descaradamente. Na segunda-feira, a gozação é geral por ter caído em uma simulação. Árbitro odeia ser enganado em simulação, é uma das piores infrações, pois ele se sente como um trouxa.

 

Aqui, o jogador que simula é aplaudido. Na Inglaterra, é vaiado pelo unfair-play. Diferença cultural…

 

Não sei se o árbitro errou ou acertou, pois não vi o lance. Mas uma coisa tenho certeza: Neymar, Kléber Gladiador, Felipão, Fábio Costa, entre tantos outros, são pessoas do meio esportivo marcadas, visadas, que pelo histórico que tem de indisciplina recebem (e devem receber) atenção especial. Perseguidos seriam se os árbitros usassem de má fé.

 

Segundo: Sandro Meira Ricci possui um processo na Justiça contra Neymar por ofensas (quem sabe isso faz o menino repensar atitudes irresponsáveis). Por que escalá-lo?  Não era previsível que Neymar poderia simular (como faz com frequência) e um bom árbitro como Sandro Meira Ricci, que costuma não pipocar em campo, cumprir a regra e aplicar o cartão? Se errou ou acertou, independe. O risco existia e o árbitro não deveria ser escalado em jogos do Santos até a resolução da pendenga. Principalmente porque justo quando a notícia do processo foi “descoberta” pela mídia, Sandro é escalado… Ou melhor, “sorteado”. Ingrata a bolinha, não?

 

Terceiro: Neymar construiu esse histórico de irresponsabilidade travestida de irreverência. É o preço.

 

Insisto: árbitro não persegue jogador, mas tem atenção maior com alguns. A sacanagem, quando existir, é perceptível. Quer exemplo? Um dia, Léo, na primeira passagem pleo Santos, ofendeu Edilson Pereira de Carvalho. Depois disso, em todas as outras partidas em que Edilson apitou, Léo apanhava pra valer e nunca era marcada a falta. Em alguns confrontos, tomava amarelo por reclamar de tanta pancada recebida. Isso sim é perseguição.

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