– Culpa de Deus? Acidente com o Porsche, Atentado de Oslo e Morte de Amy Winehouse… Destino?

 

Nossa sociedade infelizmente tem a mania e o defeito de não assumir suas responsabilidades prontamente. Procuramos desculpas e culpados por erros que cometemos e que às vezes damos crédito a outros.

 

Muitas vezes, sucumbimos ao subterfúgio do acidente, do acaso ou até mesmo da vontade divina. Digo isso por 3 fatos dessa semana que impressionaram os cidadãos, onde mortes ocorreram e a discussão das causas e conseqüências foi explicitamente explorada.

 

1) 5ª feira: Marcelo Málvio, o dono de um Porsche que transitava a 150km/h, segundo a polícia numa avenida da Capital, e que colidiu com a Tucson de uma estudante que avançou o sinal vermelho, matando-a, creditou o acidente aos desígnios divinos. Disse à jornalista Mônica Bérgamo que “com certeza, essa morte estava no plano de Deus”.

Culpado pelo acidente?

Para ele (e outros tantos): Deus. Se ela não morresse ali, morreria em outro lugar de qualquer jeito. O motorista foi apenas instrumento do plano celeste.

 

2) 6ª feira: a Noruega viu o fanático ultra-direitista Andres Behring Breivik tirar a vida de pessoas inocentes em causa pró-neonazista. O maluco explodiu um prédio público em Oslo, chamou a atenção das autoridades policiais para o centro da capital, e duas horas depois disparava com fuzil em uma ilha norueguesa contra jovens que acampavam. Motivação? Chamar a atenção à necessidade de extirpar judeus e islâmicos na Europa. Insanidade…

Culpado do atentado?

Para muitos: o acaso. Pessoas assim sempre existirão na sociedade e não se pode fazer nada. Assim como um doente mental invadiu uma escola em Realengo (no RJ) há pouco tempo, matando criancinhas e adolescentes, e nada se podia fazer.

 

3) Sábado: Amy Winehouse foi encontrada morta. Seus fãs aos berros choravam o seu falecimento, paparazzis deliravam com as fotos do corpo sendo levado pela polícia, e fóruns e blogs questionavam a morte da cantora: teria sido uma overdose, devido aos vícios da moça com narcóticos?

Culpado da morte?

Segundo os sensacionalistas: o destino. Muito se questionou sobre a ‘maldição dos 27 anos’, já que era mais uma artista que morria com tal idade, somando-se Jimmi Hendrix, Kut Cobain, Jim Morinson, Brian Jones e outros 10 músicos.

 

Ora, sempre achamos um bode expiatório. Que tal sermos realistas, sem perder nossas crenças, e acabar com desculpas falsas e não-convincentes?

 Creditar tudo ao futuro, a Deus, ao destino, é muito fácil.

 

5ª feira: Se o motorista do Porsche estivesse no limite de velocidade e a motorista do Tucson não avançasse o sinal vermelho, não teríamos evitado uma morte? Desrespeitar as leis de trânsito foi uma vontade do Altíssimo ou uma infração humana?

 

6ª feira: Se o norueguês fanático, neonazista, xenofóbico, estivesse monitorado ou preso, as mortes não seriam evitadas? Aqui no Brasil vemos pessoas com as mesmas ideologias, trazendo para nossa realidade os judeus e islâmicos como correlação odiosa aos negros e nordestinos. E agem em plena liberdade! Culpa de Deus ou das autoridades? Ou ainda: da sociedade, de nós mesmos que não os denunciamos ou lutamos para conscientização de uma sociedade igualitária e humana?

 

Sábado: Se a cantora famosa não usasse Drogas, ela não estaria viva ainda? Num mundo onde muitos intelectuais querem descriminalizar os entorpecentes, e que se cultua o consumo das drogas lícitas como instrumentos de prazer e de sucesso, onde está a culpa de Deus? Será que a moça começou direto no crack ou iniciou seu vício ao fazer uso do álcool, maconha e aí por diante? Creditar à combinação astrológica à praga dos 27 anos ou taxar como tragédia é idiotice. A lógica da dependência química infelizmente é essa, e muitos e muitos anônimos morrem tão tragicamente todos os dias como Amy.

 

Por fim: Deus, independente da sua visão católica, protestante, budista, muçulmana, judaica… ou até mesmo na sua ausência a quem muitos dão crédito, é o culpado de tudo isso?

 

De nada aqui existe Destino, mas culpa da irresponsabilidade e dos caminhos escolhidos pelo homem. A única culpa de Deus é a de ser tão bom em dar opção à nós para construirmos o nosso futuro – tragicamente ou não, com a opção de pedirmos seu auxílio ou dispensá-lo.

 

E você, o que pensa sobre isso? Essas tragédias seriam inevitáveis ou não? De quem é a culpa?

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