Claro que pode. O que não pode é gente sem credibilidade atiçar os ânimos de gente inculta a respeito da honestidade do árbitro.
Digo isso em respeito a Antonio Rogério Batista do Prado, árbitro escalado pela CBF para o clássico dessa próxima rodada da série B envolvendo Ponte Preta X Guarani. Torcedores apaixonados colocaram em dúvida o árbitro, alegando que nosso amigo Pradinho (seu nome simpático entre os conhecidos) fosse bugrino.
Bobagem pura. Árbitro não tem camisa.
Digo isso por conhecimento de causa. Árbitro pouco se lixa para o time que torceu quando criança. Quando se torna árbitro, a racionalidade fala mais alto. Quando chega ao futebol profissional, nem lembra que um dia torceu para o Vila Xurupita ou Xiririca FC. O árbitro pensa na sua carreira. Um árbitro pode ter os mais diversos defeitos que se possa imaginar, mas o menos provável é: ser torcedor.
Sei que o amigo Antonio Rogério é leitor do blog. E talvez se lembre de uma das várias conversas que tivemos em viagens de jogos que trabalhamos juntos – e em especial uma a Guaratinguetá – onde falamos sobre o fato de não sermos escalados na cidade de origem. Por exemplo, eu, como jundiaiense, dificilmente seria escalado para jogos profissionais do Paulista FC. Não que eu entrasse de má fé, mas única e exclusivamente como prevenção à reclamações do adversário. Ele, como campineiro, dificilmente seria escalado para jogos do Guarani ou da Ponte Preta, por ser de Campinas. A excessão, lógica, seria o Derby.
É uma grande tolice creditar camisa de time a árbitro. Sua preocupação com a carreira é infinitamente maior do que a (inexistente) torcida para alguém.
Sobre o time do Antonio Rogério? É claro que eu sei! Um dia ele foi… Assim como um dia o Simon foi… o Seneme foi… o Heber Roberto Lopes foi… o Sandro Ricci foi… E hoje todos torcem para o mesmo time: o do jogo limpo!
Boa sorte ao amigo amanhã. Lamento que pessoas pobres de espírito queiram tumultuar o belo jogo antes do apito inicial. Temo apenas por uma coisa: se errar gravemente (involuntariamente, claro) a favor do Guarani, dirão que é essa uma prova da má intenção; se errar para a Ponte, dirão que cedeu a pressão…
