– A Indústria das Apostas no Mundo do Futebol: legalidade e moralidade dos envolvidos no esporte.

O assunto é difícil, contestado, mas vale o debate sadio e produtivo: apostas futebolísticas.

É cada vez mais frequente em nosso país a oferta de apostas em esportes. A priore, quando se fala em “apostas”, poderia-se lembrar de rinhas de galo, bingos, cassinos. Mas as apostas em futebol não tem nada de ilegalidade, dependendo de quem se envolve no jogo (apostador e ofertante da aposta).

Seria hipocrisia defender a proibição de jogos de azar; afinal, o Brasil é um grande cassino e a Caixa Econômica Federal é o exemplo maior. Vide os números da Mega-Sena, Loto e outras loterias. Elas não são legalizadas e incentivadas pelo governo?

A novidade é a presença mais constante e notória de grandes empresas: Sporting Bet, Bwin, entre outras. A propósito, estas “casas de apostas virtuais” têm se tornado cada vez mais conhecidas. Salvo engano, estão estampadas em algumas placas publicitárias em estádios e camisas de times de grande expressão, como A.C. Milan e C.F.Real Madrid.

Para quem milita no futebol, talvez tenha um repentino frio na espinha ao ouvir falar sobre apostas. Afinal, há pouco tempo tivemos o escândalo envolvendo apostadores, que ficou conhecido como “Máfia do Apito”. Na Europa, um mega-escândalo envolvendo manipulação de resultados em jogos naquele continente acontece nesse momento. Claro, para nós, árbitros de futebol, a distância desse tema ou dessas casas é desejada e moralmente obrigatória. E isso é correto; é uma demonstração de lisura e incompatibilidade de funções. Se levado ao extremo – e extremo mesmo – se  descarte a permissão de árbitros, jogadores e dirigentes jogarem na Loteria Esportiva, Timemania ou aquela outra loteria onde se determina ganhador e perdedor dos jogos, com placares pré-determinados (perdoem-me o esquecimento do nome do jogo). Mas isso não quer dizer que o cidadão que jogar seja corrupto! Se contestará a ética e a moralidade, isso é lógico. Mas ao mesmo tempo, não vejo contestação da empresa Bwin ser a patrocinadora do Milan! Se fosse assim, interesses aflorariam cada vez mais em favor de derrotas ou vitórias mercê a quantidade de apostas.

Para quem “consome” os serviços de apostas, os apostadores propriamente ditos, as empresas que chegam ofertando seu negócio são idôneas, respeitadas mundialmente e transbordando lisura. Mas uma constatação preocupante: segundo Felipe Carneiro, em matéria da Revista Exame (link e citação abaixo), o dinheiro das apostas leva ao dono da banca a ter um lucro maior do que o dos traficantes de drogas. A recíproca é verdadeira aos apostadores, que podem ter um retorno médio de 20 a 30 vezes maior. E isso se revela simultaneamente idêntico no mundo inteiro. Por exemplo, estamos em dezembro, e na Suécia, um site de apostas paga 7 por 1 a cada euro apostado no Corinthians como campeão da Libertadores da América, mesmo com os adversários finais em definição (extraído de Gazeta Esportiva, citação abaixo)! É a globalização do futebol e das apostas.

A regulamentação das apostas ainda parece obscura em nosso país e o tema sombrio. Há de se separar as empresas sérias e os vigaristas, de se criar mecanismos de controle e fiscalização. Entretanto, a cada escândalo que estourar envolvendo máfia de apostadores, invariavelmente se levantarão suspeitas em primeiro lugar aos árbitros, em segundo aos dirigentes e em terceiro aos jogadores.

Alguém duvida desse panorama?

A seguir, as duas matérias acima citadas:

JOGO SUJO (clique aqui para link)

A máfia do mercado de apostas provoca o maior escândalo de manipulação de resultados da história do futebol europeu. O número de partidas sob suspeita já chega a 200

Em 2005, os resultados de 11 partidas do campeonato brasileiro da primeira divisão foram anulados devido a indícios de que o juiz Edilson Pereira de Carvalho manipulara os resultados para beneficiar uma máfia de apostas. Foi o maior escândalo da história da arbitragem do futebol brasileiro, mas está longe do mar de lama que atinge no momento os campos da Europa, onde 200 jogos estão sob suspeita, em 11 diferentes países. Até o momento, o grosso do escândalo se concentra em ligas nacionais de menor importância, como as da Hungria, da Bósnia e da Eslovênia. As autoridades que investigam o caso, no entanto, já encontraram indícios de crimes cometidos em três jogos das fases preliminares da Liga dos Campeões e 12 da Liga da Europa, as duas competições mais importantes entre os clubes do continente. Até o fechamento desta edição, o saldo das investigações era de 17 pessoas presas. Outras 200 continuam sendo investigadas, entre mafiosos, árbitros, jogadores e técnicos. “A fraude tira a razão de ser do esporte, acaba com a mágica da competição e, finalmente, mata o futebol. É o maior problema que enfrentamos hoje”, diz o ex-jogador francês Michel Platini, que ocupa atualmente o cargo de presidente da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa).

Como a própria polícia alemã admite, as suspeitas que pairam hoje sobre o futebol europeu podem representar apenas a ponta de algo muito maior. O mercado de apostas, tanto o legal quanto o ilegal, cresce a uma velocidade assustadora no mundo inteiro. Um estudo feito pela Comissão de Mercado Comum de Serviços da União Europeia estima que somente o setor de apostas em esportes tenha crescido 129% na última década. A estimativa é que, em 2010, ele movimentará 19,5 bilhões de dólares na Europa. Como esse tipo de jogatina representa um fenômeno global, o tamanho do mercado é ainda maior. Segunda a revista americana Foreign Policy, o faturamento anual dos jogos de azar no mundo é 400 bilhões de dólares, incluindo-se aí também atividades como cassinos, bingos e loterias. As apostas ligadas a esportes representam cerca de 20% desse total, o equivalente a 80 bilhões de dólares. São números conservadores. Em boa parte da Ásia, tida como o maior mercado de apostas no mundo, o jogo não é permitido, por isso os números são apenas estimados.

O maior problema que o futebol enfrenta hoje é a inoperância das autoridades do esporte para combater a manipulação de resultados. A Fifa, autoridade máxima do esporte, não tem nenhuma política oficial para inibir a prática, bem como a maior parte das confederações nacionais, inclusive a brasileira. A exceção cabe justamente à Uefa, que criou em 2008 uma Unidade de Integridade para investigar as manipulações. Os próximos passos em estudo são tornar obrigatório por lei que jogadores e árbitros denunciem imediatamente qualquer abordagem feita pelos criminosos (como fez a Associação dos Tenistas Profissionais) e estabelecer uma espécie de disque-denúncia anônimo para que aqueles que forem cooptados saibam como agir, sem medo de represálias. Essas medidas representam um avanço, sem dúvida, mas ainda são tímidas diante da proporção que o problema atingiu. Boa parte dos mafiosos atua nas bolsas de apostas ilegais na Ásia, justamente porque lá o controle é pouco rigoroso — e muitas vezes os bookmakers estão envolvidos na fraude. “Os corruptores são profissionais e os sistemas de controle criados até agora no futebol são amadores”, afirma Hill.

CASA DE APOSTAS APONTA CORINTHIANS COMO FAVORITO À LIBERTADORES (clique aqui para link)

A manutenção de Ronaldo e a contratação de diversos reforços, especialmente o lateral-esquerdo Roberto Carlos, aumentaram a cotação do Corinthians diante dos apostadores. Segundo números apresentados pelo site sueco Betsson.com, o time é o principal favorito para conquistar a Copa Libertadores da América no ano de 2010, justamente o maior desejo de todos os torcedores, jogadores e diretores do alvinegro do Parque São Jorge.

Embora ainda restem duas vagas mexicanas para definir os 40 participantes, o site sueco decidiu divulgar a primeira parcial com a liderança corintiana. De acordo com os números apresentados, o Corinthians aumentará cada euro apostado, cerca de R$ 2,53, em sete vezes. Logo atrás do alvinegro aparecem dois rivais brasileiros: Flamengo e São Paulo, com a cotação de 8 para 1.As ausências dos principais gigantes argentinos (Boca Juniors e River Plate) credenciaram ainda mais os representantes brasileiros ao título mais importante da América do Sul. Na sequência de Corinthians, Flamengo e São Paulo, o Internacional e o Cruzeiro, atual vice-campeão do torneio continental, surgem como favoritos, aumentando em dez vezes a quantia apostada.
Atual campeão da Libertadores e vice mundial, o Estudiantes de La Plata aparece logo em seguida dos times brasileiros, ao lado do também argentino Velez Sarsfield e do mexicano Chivas. O trio paga 12 vezes o valor despendido por cada internauta. Lanús e Newell’s Old Boys fecham a lista dos dez primeiros favoritos, com a cotação de 20 para 1, a mesma de Nacional, do Uruguai, e San Luis, do México.
Na avaliação divulgada neste domingo, os dois adversários do Corinthians conhecidos até o momento estão na zona intermediária de favoritismo. O Independiente Medellín, da Colômbia, recebeu a quantidade de 30 para 1, enquanto o Cerro Porteño, do Paraguai, gerará um lucro de 50 vezes do valor para os apostadores, em caso de título.
A última vaga no grupo do Corinthians será disputada entre o Junior Barranquilla, da Colômbia, e o Cerro, do Uruguai. Caso Mano Menezes siga os números apresentados, o melhor adversário para o atual campeão da Copa do Brasil seria o time uruguaio, que obteve a pior cotação entre os 38 times (250/1). Os colombianos, por sua vez, aumentam em 50 vezes cada aposta.

Veja a lista com as cotações dos 38 times conhecidos da Libertadores:

1: Corinthians (BRA) – 7.00
2: São Paulo (BRA) – 8.00
Flamengo (BRA) – 8.00
4: Cruzeiro (BRA) – 10.00
Internacional (BRA) – 10.00
6. Estudiantes La Plata (ARG) – 12.00
Vélez Sarsfield (ARG) – 12.00
Chivas Guadalajara (MEX) – 12.00
9. Lanús (ARG) – 20.00
Newell’s Old Boys (ARG) – 20.00
Nacional (URU) – 20.00
San Luis (MEX) – 20.00
13. Banfield (ARG) – 25.00
Colón de Santa Fe (ARG) – 25.00
Colo Colo (CHI) – 25.00
Monarcas Morelia (MEX) – 25.00
17. Once Caldas (COL) – 30.00
Independiente Medellín (COL) – 30.00
Libertad (PAR) – 30.00
20. Universidad de Chile (CHI) – 40.00
Universidad Católica (CHI) – 40.00
22. Cerro Porteño (PAR) – 50.00
Junior Barranquilla (COL)- 50.00
24. Bolívar (BOL) – 75.00
Deportivo Quito (EQU) – 75.00
Universitário (PER) – 75.00
27. Alianza Lima (PER) – 100.00
Caracas (VEN) – 100.00
Deportivo Táchira (VEN) – 100.00
30. Real Potosí (BOL) – 150.00
Deportivo Cuenca (EQU) – 150.00
Emelec (EQU) – 150.00
Nacional (PAR) – 150.00
Juan Aurich (PER) – 150.00
Racing Club (URU) – 150.00
Deportivo Itália (VEN) – 150.00
37. Blooming (BOL) – 250.00
Cerro (URU) – 250.00

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