E lá vai Hugo Chávez contra o capitalismo americano! Há tempos, ele anda maltratando a subsidiária da Coca-Cola na Venezuela, justamente para bater nos EUA. Agora, proibiu a Coca Zero!
Como empresas de fora investirão num ambiente instável econômico-administrativo como estes?
A justificativa de Chávez para proibir a Coca-Cola? Saúde pública!
Extraído de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI78035-15227,00-HUGO+CHAVEZ+E+A+COCA+ZERO+NA+VENEZUELA.html
HUGO CHÁVEZ E A COCA ZERO NA VENEZUELA
O presidente Hugo Chávez encontrou um motivo torto para realizar um dos sonhos de qualquer ditador de esquerda: proibir a venda de Coca-Cola. Ele decretou que uma versão dietética do refrigerante, a Coca Zero, não pode ser vendida no país. O motivo alegado é “preservar a saúde dos venezuelanos”. Ao explicar a proibição, o ministro da Saúde do país, Jesús Mantilla, afirmou apenas que a fórmula do refrigerante continha substâncias prejudiciais ao organismo. O anúncio não trouxe mais detalhes.
Não foi a primeira briga de Chávez com a Coca-Cola. Há três meses, o presidente desapropriou um depósito da empresa na Venezuela para construir casas populares. Até então, parecia mais um combate entre um presidente socialista e o que ele considera um símbolo do imperialismo dos Estados Unidos. A decisão de proibir a Coca Zero vai além: coloca em xeque a responsabilidade de uma marca mundialmente conhecida em relação à saúde de seus consumidores.
A decisão de Chávez pode ter sido mais ideológica que sanitária – e é bem provável que tenha sido influenciada por um “spam”. Há tempos circula na internet um e-mail alardeando que a fórmula da Coca Zero vendida nos Estados Unidos é diferente da fabricada em outros países.
Assinado por Edgardo Derman, supostamente um médico argentino, o e-mail pergunta por que o ciclamato, prejudicial à saúde, é proibido nos Estados Unidos e liberado em países pobres, inclusive o Brasil. A resposta, segundo o próprio Derman, estaria no preço: o quilo do aspartame, outro adoçante artificial, custaria pelo menos 15 vezes mais que o quilo do ciclamato vetado nos EUA. Nenhum órgão sério de pesquisa científica deu atenção à denúncia de Derman. Chávez, ao contrário, encontrou ali um argumento irresistível: os Estados Unidos não aceitam consumir a mesma Coca Zero vendida em outros países.
A diferença entre a fórmula americana e a de outros países tem uma explicação técnica: os Estados Unidos proibiram o uso do ciclamato de sódio em 1969, depois que pesquisas mostraram a incidência de câncer de bexiga em ratos que ingeriram a substância. Estudos posteriores, no entanto, contestaram os resultados – e por isso o ciclamato é liberado em mais de 50 países, inclusive na Europa. “Os resultados de cerca de 80 estudos científicos demonstram que o ciclamato não oferece risco para a saúde humana”, diz a assessoria de imprensa da Coca-Cola do Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma seguir as regras da Organização Mundial da Saúde, que recomenda um consumo máximo diário de 11 miligramas por quilo de peso corpóreo. Cada lata de Coca Zero contém 24 miligramas da substância. Para um consumo considerado seguro, um indivíduo de 70 quilos pode ingerir nove latas do refrigerante diariamente. Os americanos, mesmo sem ciclamato, dificilmente beberiam mais que nove latas de Coca Zero por dia. Os venezuelanos, agora, não podem beber nenhuma.
