– O Quarto Árbitro, seu Poder de Decisão e a Tecnologia em Campo

Amigos, nosso colega de arbitragem Howard Webb nos propiciou, involuntariamente, um tópico bastante interessante para discussão: a colaboração de todos os elementos do quarteto de arbitragem na condução de uma partida.

Não podemos nos esquecer de que os árbitros assistentes e o quarto árbitro tem poder de informação, e que o poder de decisão é exclusivo aos árbitros. Vide no último domingo, no jogo Palmeiras X Cruzeiro, onde o gaúcho Vuaden recebeu a informação de que o atacante Keirrison estava em posição de impedimento, mas como a bola foi para o outro atleta palmeirense que vinha em condição legal, deu sequência à jogada ,dispensando a informação do seu bandeira (resultando no terceiro gol do Palmeiras).

Futebol é assim mesmo, uma equipe de arbitragem busca maximizar os acertos, e às vezes, assumir uma postura humilde para salvar o lance. Assim como Vuaden recebeu uma informação, discordou da mesma e decidiu pela sua, no jogo entre  Brasil X Egito, Webb recebeu uma informação, acatou-a e desprovido de vaidade modificou sua decisão, salvando sua arbitragem.

Na jogada, para quem não viu o lance, o zagueiro egípcio intercepta a bola com a mão, impedindo uma situação manifesta de gol, desviando a bola para um tiro de canto a favor do Brasil. Mesmo tendo apontado o escanteio, o árbitro posteriormente muda sua decisão (não há prejuízo no lance, pois a partida não fora reiniciada), e marca tiro penal para a Seleção Brasileira. Segundo o ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho, que houvera conversado posteriormente com o árbitro, ele disse que mudou sua decisão devido sua “consciência”. Para quem milita nos gramados, percebe-se (e é apenas uma opinião, não uma informação), de que o árbitro assistente ou até mesmo o quarto árbitro informaram que houvera sido toque de mão. Se foi isso mesmo que aconteceu, onde está o erro? É um quarteto de arbitragem, e se assistente ou quarto árbitro estavam convictos, e passaram a informação, deve-se elogiar a postura dos mesmos! 

Se foi pênalti ou não, não discutiremos. Mas me lembro do amigo Cléber W Abade, em uma pré-temporada em 2005 para o Paulistão na qual participei, que disse uma frase marcante: “do sofá da minha casa, não erro um lance!“. Sábias palavras… pondero minhas opiniões na lembrança desta citação. Culpar o árbitro da não-marcação inicial do pênalti pode parecer fácil, mas sabemos das dificuldades lá de dentro.

Mas tudo isso foi dito porque a Seleção do Egito protestou por outro motivo: segundo Zidan, atacante egípcio, “foi pênalti sim, mas a informação veio de fora”. Supostamente, alegaram que o pênalti foi marcado com o auxílio da tecnologia, ou por alguém que fazia a vez de “árbitro de sofá”

A tecnologia de usar rádios comunicadores para os árbitros conversarem em campo funciona, e a fazemos muito bem nos nossos campeonatos, como no Paulistão. Isso é permitido. O que se questiona é que a informação veio através da observação do telão (A FIFA proíbe uso dessa tecnologia para o árbitro tomar decisões). Ora, estamos esquecidos de que a própria FIFA permite os telões nos estádios, mas proíbe os replays ou qualquer repetição de lances polêmicos? Do telão, teoricamente, não veio a decisão. Creio que nenhum jornalista estivesse atrás do bandeira ou do quarto árbitro “soprando” a informação no seu ouvido. Então, aceite-se o trabalho em equipe como fator de sucesso.

Agora, se, de repente, na surdina, o árbitro assistente ou quarto árbitro, com uma informação externa confirmasse a sua dúvida, e “marotamente” informasse o árbitro, teria ele também salvo a partida! Claro, de maneira não recomendável. Mas, o bom – e justo – quarto árbitro não teria dúvidas em bater no peito e afirmar: “Eu estou convicto e informei ao árbitro o que vi, sem dúvidas”, descartando publicamente o uso de imagens externas, embora tenha feito uso delas. Tal postura sem vacilo evitaria qualquer complicador de que usou imagens de TV para decidir (sei que aqui terei muitas opiniões contrárias, mas…). Aos árbitros iniciantes, isso se chama “experiência” ou “boa malícia”. Deve-se cumprir a regra, e claro, respeitar o espírito do jogo.

Mas se o assunto maior é o uso ou não da tecnologia externa, lembro outra frase de outro amigo, Wilson Luís Seneme, que em uma jornada, informalmente, falávamos do uso de TV, e posteriormente o ouvi na Rádio Bandeirantes mantendo a mesma idéia e dando tal parecer: “se a tecnologia é para ajudar o árbitro a tomar a decisão correta, por que não usá-la?”

Há algum pecado nessa inteligente e respeitosa opinião?

Talvez a questão não seja o por quê, mas o como usá-la. As regras do futebol são universais. Então, se a regra fosse mudada, deveria ser no mundo todo, e isso tem custos. Mas, a mesma regra, apenas como ilustração, diz que o jogo poderá ter um quarto árbitro, desde que o regulamento da competição assim o designe. Nos campeonatos SUB 20 da segunda divisão de SP, por exemplo, não há quarto árbitro. Já final da Copa do Mundo de 2006, houve até o quinto árbitro, designado pelo regulamento!

A cada importância de competição, muda-se a estrutura da realização do jogo. De repente, para torneios “premium”, não deveria se utilizar alguma metodologia nova, permitida pelo regulamento específico do torneio?

Voltemos ao jogo do Palmeiras X Cruzeiro citado acima. No lance resultante em primeiro gol do Palmeiras, uma bola difícil que “bate na linha ou dentro do gol” (não julgo o lance por ética) na primeira paralisação do jogo, não se poderia utilizar o vídeo para ratificar ou retificar a decisão do árbitro, antes do reinício da partida?

Vale-se a discussão!

Um comentário sobre “– O Quarto Árbitro, seu Poder de Decisão e a Tecnologia em Campo

  1. Professor Porcari, o inglês teve muita coragem na marcação do penalti. Não é facil voltar atras. E gostei do que o senhor falou, que mesmo sendo polemico o árbitro acertou, se a imagem veio da televisão e o quarto árbitro avisou sem ninguem perceber que ele viu na televisão, eles forma inteligentes e acertaram no penalti. A justiça foi feita sem ter errado nas regras.
    É otário o quarto árbitro saber que foi penalti e não avisar.

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  2. EI, NÃO VALE USAR IMAGEM, SE NÃO O FUTEBOL PERDE A GRAÇA. O EGITO TEM QUE RECLAMAR SEUS DIREITOS, ISSO É ERRO DE DIREITO E COVARDIA. TEMOS QUE SER IMPARCIAIS.
    O BOM E JUSTO ARBITRO APLICA A REGRA SEM AJUDA DE NINGUÉM, NÃO CONCORDO COM SEU ARGUMENTO

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  3. Tá certo marcar o penalti, o ingleis foi corajoso.
    Tá errado ouvir quarto árbitro, se fosse bom seria primeiro não quarto arbitor nem se chamaria de juiz reserva.
    Alguém acredita no que o Arnaldo e o Wright falam? Bom é o Marsilia e o Godoi.
    O Juizão que escreveu tudo isso chama Porcaria. Quer saber o que eu achei desse blog? auahauauahj

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  4. Porcari, no discurso tudo isso é legal, mas na prática sabemos que se não tiver saco roxo, o cara assusta e amarela na hora de apitar. Mas na teoria é justamente isso, penso igual você. O quarto árbitro tem que ser espoerto. Quantas partidas já não foram salvas por uma discreta informação? Não pode vacilar e deixarem perceber que alguém contou o lance. É a mesma coisa em lances de a bola entrou por dentro ou por fora. identico.
    Atenciosamente,
    Aislan Kennedy Quadros
    Niterói-RJ

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  5. pelas distintas posições aqui emitidas chamo todos á reflexão:

    “LEGITIMO É O RESULTADO FINAL SER…LEGITIMO”.

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  6. esse gustavo caetano é o Seu Gustavo da FPF de SP?
    se for ele mesmo, então nem vou criticar

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  7. pORCARI, BOA OPINIÃO, TEM QUE RESOLVER OS PROBLEMAS DENTRO DE CAMPO. AGORA, LEMBRE-SE DE QUE USAR TELEVISÃO É CONTRA A REGRA. ENTAUM, FAÇA COMO O INGLÊS QUE APITOU: MUDE O NOME DE TV PARA CONSCIENCIA.
    AO MENOS, DEVIA TER DADO CREDITO AO QUARTO ARBITRO OU AO ASISTENTE.

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  8. É difícil fazer qualquer análise, mas sou meio que Maquiável: não importa os meios para se alcançar o fim. Isso quer dizer que mesmo por linhas tortas, valeu marcar o pênalty. Se é aqui no Brasil, o cara já tava punido me teriam pedido anulkação da partida.

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  9. Caramba! Que assunto polêmico. Não tenho opinião formada, e cada vez que tento formar opinião, vejo que me confundo.
    Legal essa troca de experiencia, o futebol deveria ser assim.

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