O descaso com o dinheiro público parece não ter fim. Caetano Veloso, consagrado cancioneiro, está realizando sua nova turnê, e se apresentou num luxuoso e badalado show em São Paulo, no Credicard Hall. Mas um detalhe: sua turnê receberá uma “bolada de dinheiro” do Governo Federal, através da Lei Rouanet, que financia seus gastos e dá (isso mesmo, dá, do verbo “dar”) dinheiro para cobrir prejuízos e viabilizar financeiramente o evento.
Tal lei é para incentivo a cultura, não para ajudar artistas famosos a maximizar seu lucro. Caetano fará caridade em seu show, ou é simplesmente um evento comercial onde ele faturará com as entradas? Que incentivo a cultura é esse, se o show é caríssimo e não popular? O que as pessoas que carecem de cultura ganham quando o Ministério dá dinheiro ao Caetano Veloso?
Se você acha que tais críticas são exageradas, veja o que Gilberto Dimenstein sabiamente escreveu, e para quem gosta de radicalidade, o que o PCdoB colocou em seu sítio eletrônico:
Extraído de:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u581134.shtml
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=57910
CAETANO PRECISA DE AJUDA?
Estive no show de Caetano Veloso em São Paulo e notei que, apesar do alto preço dos ingressos, todos os lugares estavam ocupados –apenas preço do estacionamento era de R$ 25. Daí se vê o absurdo de uma possível concessão de R$ 2 milhões à turnê nacional desse espetáculo, graças à Lei Rouanet.
Não me senti jogando dinheiro fora ao pagar o alto valor dos ingressos. Muito pelo contrário: Caetano é um talento extraordinário. Mas sinto que meu dinheiro está sendo jogado fora quando recurso público acaba patrocinando esse tipo de evento.
Caetano ajuda a sintetizar meu incômodo com a Lei Rouanet, que o governo pretende reformar. A concessão do incentivo fiscal, como muitos outros incentivos públicos, para a cultura muitas vezes reforça a lógica da desigualdade do país. Faria mais sentido se Caetano, assim como as celebridades artísticas, recebesse o dinheiro em troca não apenas de ingressos gratuitos, mas de oficinas culturais ou aulas-espetáculo. Em poucas palavras, a concessão do benefício estaria condicionada a algum projeto pela melhoria da educação pública.
Todos sairiam ganhando com essa troca: os estudantes mais pobres teriam a chance de uma inesquecível aula-espetáculo.
E o artista teria, além do apoio financeiro, o prazer de compartilhar sua experiência com quem dificilmente assistiria ao seu espetáculo.
POR TRÁS DO JOGO POLÍTICO DA CULTURA
A lógica da CNIC deveria ser a do Ministério:
1. Shows comercialmente viáveis não devem ser incentivados. Caetano é, graças a seu talento.
2. Não deve haver concentração de verbas no centro-sul. Caetano é um artista do centro-sul, seus shows serão majoritariamente no centro-sul.
A partir daí, como fica? Na entrevista da Folha, foram apresentados a ele quatro projetos que tiveram o patrocínio negado: as peças “Peter Pan” e “Miss Saigon”, e exposições como “Leonardo da Vinci” e “Corpo Humano”.
Ele não discute os critérios. Mas defende a revogação do veto à Maria Bethania, argumentando que Ivete Sangalo – que é um sucesso comercial maior – teve seu projeto aprovado.
Não sou masoquista para trabalhar só com artistas malsucedidos. O ministério não tem vocação de irmã Dulce nem de Madre Teresa de Calcutá. Um artista conhecido pode ter dificuldade de conseguir patrocínio para uma obra experimental, ou pode ser do interesse público abaixar os preços de um espetáculo popular.
Espetáculo popular no Credicard Hall é dose.
De qualquer modo, Juca deixa transparecer uma suspeita política, a de que a decisão do CNIC visou jogar artistas consagrados contra as mudanças na lei Rouanet. É possível. A própria exclusão de Maria Bethânia e a inclusão de Ivete Sangalo mostra um jogo difícil de ser compreendido.
Mesmo assim, ficadevendo explicações mais claras, inclusive sobre o tal jogo da CNIC.
Se a intenção do CNIC foi desgastar as mudanças, conseguiu.
OBSERVAÇÃO: são 2 milhões de reais que o Ministério da Cultura que irão (ou poderiam ir) para Caetano Veloso. Após muitas pressões, o Ministério disse que reverá a Lei Rouanet, para cancelar ou não tal “incentivo”.

Essa lei é a maior enganação, É feita só para os artistas apoiarem o governo.
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O único meio de pararmos com essa palhaçada, essa lambança como o “nosso” dinheiro, é não votar na proxima eleição.
Fico indignada como essas noticias somente alguns poucos meios de comunicação noticiam.
Vergonha, já esta na hora do povo começar a exigir prestação de contas do que fazer com o nosso dinheiro!
VERGONHA!!!!!!!!!!!!!!!
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Está um absurdo essa política cultural.
Fiz uma música sobre esse episódio com o Caetano.
Está no meu blog: http://www.umbranquinho.blogspot.com
Abraço….
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Os artistas anônimos não conseguem nada de recurso ou incentivo. Já os que formam opinião…
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