Fez 6 meses que operei um tumor maligno da minha próstata. Estou bem, ainda com incontinência urinária, um pouco depressivo e sem outras sequelas. Faz parte, e precisamos saber que não somos perfeitos e invulneráveis.
Óbvio, o câncer faz pensarmos muitas coisas. E estar bem idem.
Abaixo, um relato do meu pós operatório, que, confesso, dei uma emocionada quando li…
VOLTEI PRA CASA
Ufa. E estou em casa, de alta…
Minha experiência nesses últimos dias foi de 8 a 80: de assustadora a abençoada.
Já falei sobre ter Síndrome de Li-Fraumeni (clique aqui: https://wp.me/p4RTuC-16rM) e tudo o que envolve ela.
Pois bem: por coincidência (corrijo: por Providência Divina) minha preparação começou com a biopsia que detectou o Câncer de Próstata na Quarta-Feira de Cinzas (início da Quaresma) e terminou com a internação (Sexta-Feira Santa, em meio ao Tríduo Pascal).
Estando no hospital, minha tensão era alta (nunca operei coisa alguma, e sou “panaca” para qualquer assunto médico). Não vi absolutamente nada, tomei a anestesia e só acordei (e aí foi complicado) com a raquidiana fazendo com que eu não sentisse as pernas. É extremamente desagradável ver seus pés e não sentir seus dedos…
Quando voltei ao quarto, minha namorada e meu pai disseram que eu estava completamente desorientado: que pedi minhas filhas, que conversei sem sentido, que estava chorando e… dormi. Eu não lembro de nada disso, me recordo apenas de acordar, ver o sorriso maravilhoso da minha Viviane e de perceber meu pai, o seu Lili, se aproximando.
Me impressionei com a tranquilidade no hospital “quando eu voltei”: não sentia dores algumas nos pontos (foram seis buracos feitos onde os braços robóticos cortaram a próstata, sendo um maior para que ela fosse extraída). Só bem mais tarde que percebi ter uma sonda (pois não estava ainda “totalmente lúcido”). E quando eu a vi… “tremi na base”.
A sonda urinária sai da bexiga, lá ela é inflada por um balão que a prende, e passa pelo pênis (imagine um tubo saindo por ele), desembocando numa bolsa que fica coletando a urina. Horroroso. A cada momento que me virava, aí sim eu sentia muito incômodo: a sensibilidade do movimento da mangueira mexe com a ponta do pênis, e dá aflição. Não percebo quando urino, vai direto para a bolsa. Mas quando tentei fazer o “número 2”, a força do “número 1” vem e arde.
Já que dormi bastante à tarde no primeiro dia, naquela noite fiquei em claro, acordado praticamente por todo o tempo. Vi todas as medicações da noite serem aplicadas (de hora em hora). No segundo dia… um “zumbi”.
Por ter que ficar muito tempo deitado (a recuperação exige isso), as costas estão arrebentadas. Tenho liberação para andar 30 passos de hora em hora, nos próximos 7 dias. São 5 medicações de 8 em 8 horas, e tenho sido cuidadoso com elas. Já estou de alta, em casa. E aí começaram os pepinos…
Apesar de todos os cuidados que minhas pessoas queridas estão tendo e me ajudando, no hospital estava com soro e medicação 24 horas. Os efeitos mais fortes dos remédios foram passando, e, por hora, os pontos estão doendo e há um pouco de tontura. Estou com a sonda, deitado na maior parte, e com meias de compressão. Andar, por ora, no limite estabelecido (e “todo duro”).
Há de se ter paciência, pois carinho eu já recebo. Afinal, nunca fiquei doente “de verdade”, e por ser alguém extremamente ativo e não poder andar por 7 dias, e nem dirigir por outros tantos, o baque é muito grande. Não vejo a hora de voltar à normalidade (vai demorar, claro, pois existem as questões pós-operatórias, como incontinência urinária e outras coisas). Mas de não ter mais um tumor maligno dentro de você, já é uma grande vitória.
Obrigado por todos os amigos que torceram por mim, mandaram um alô ou fizeram uma oração. Deus ouviu a todos e foi generoso.
Em breve, quero estar na ativa nas diversas searas.
