– Professores em Fúria por Alunos e Crise Histérica Latente

Se você é professor, responda: Já teve vontade de…

– morder a própria boca até sangrar?

– arrancou os próprios cílios?

– teve ataque de fúria?

– Chorou durante alguma aula?

Mantenha a calma. Pesquisa revela que 20% dos professores sofrem de histeria e 92 docentes são afastados por dia por crises emocionais!

Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/saber/812928-sp-da-92-licencas-por-dia-para-docente-com-problema-emocional.shtml

SP DÁ 92 LICENÇAS POR DIA PARA PROFESSORES COM PROBLEMAS EMOCIONAIS

Leonor, 58, professora do 3º ano do fundamental, passou a ter crises nervosas durante as aulas. Várias vezes gritou com os alunos e chorou em plena sala. Ficava tão nervosa que arrancava os cílios com as próprias mãos e mordia a boca até sangrar.

Ela procurou ajuda médica e hoje está de licença. Casos como o dela são comuns entre professores.

Recentemente, dois docentes viraram notícia por ataques de fúria na sala de aula: um, de Caraguatatuba (litoral de SP), gritou e xingou alunos e danificou cadeiras da escola. Outro, do Espírito Santo, jogou um notebook durante um debate com estudantes de jornalismo.

Relatos de professores à Folha mostram que a bagunça da sala, somada às vezes a problemas pessoais, leva a reações como batidas de apagadores, gritos, xingamentos e até violência física. Atos que acabam afastando muitos docentes das aulas.

Só na rede estadual de SP, com 220 mil professores, foram dadas, de janeiro a julho, em média 92 licenças por dia a docentes com problemas emocionais. No período, foram 19.500 -o equivalente a 70% do concedido em todo o ano de 2009 por esses motivos, diz a Secretaria de Gestão Pública de SP.

O dado não corresponde ao número exato de professores, pois um mesmo docente pode ter renovado a licença durante este período.

“Batia com força o apagador nos armários. Tive muitas crises de choro durante as aulas, gritei com alunos”, diz a professora Eliane, 64.

Ela está afastada por causa do estresse. “Eu não quero mais voltar para a sala de aula. Parecia que eu estava carregando uma bola daquelas de presidiário nos pés.”

Daniela, 40, também não quer mais voltar. Ela tirou uma licença de 90 dias depois de “explodir” na sala de aula e gritar com os alunos. Foi socorrida por colegas.
Docente do 3º ano do fundamental (alunos com oito anos), diz ter sido ameaçada e agredida pelos estudantes.

As entrevistadas tiveram os nomes trocados.

Casos de “explosão” como esses podem ser sintomas de um distúrbio chamado histeria, segundo Wanderley Codo, do laboratório de psicologia do trabalho da Unb (Universidade de Brasília).

Desde 2000, o professor desenvolve pesquisas com professores e funcionários da área de educação e constatou que 20% dos professores sofrem de histeria.

“O trabalho do professor é um trabalho de cuidado, que exige a necessidade de um vínculo afetivo. Mas um professor que tem 400 alunos não tem como estabelecer esse tipo de vínculo.”

– O Brasil Estudado Pelo Futebol

Amigos, sabemos da importância social do Futebol no Brasil. Muitos estudos são realizados por diversos prismas; entretanto, um me chamou a atenção: o trabalho de Jober Teixeira Jr, reproduzido pelo site “Cidade do Futebol”, onde o futebol é visto por um ângulo sociológico muito interessante, o qual compartilho com vocês.

Extraído de : http://www.cidadedofutebol.com.br/site/vip/materias/vermaterias.aspx?idm=841

BRASIL PODE SER ESTUDADO PELO FUTEBOL

A sociologia é uma ciência que estuda as relações que se estabelecem entre as pessoas que vivem numa comunidade ou grupo social, ou entre grupos sociais diferentes que vivem no seio de uma sociedade mais ampla. Esta definição encontramos no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.O futebol, por ser uma atividade grupal e também social, tem merecido, de parte dos sociólogos, estudo mais profundo, para que entendamos melhor suas relações, quando se tem uma atividade social da mais alta relevância.

Em seu livro Dos Pés à Cabeça, Maurício Murad, 1997, nos mostra que “a sociologia no futebol, é especial se inscrevendo epistemológica e metodologicamente no campo do saber da sociologia do esporte”. No Brasil, começamos a dar os primeiros passos para o estudo acadêmico da sociologia do futebol, até porque em países como Alemanha e Inglaterra, as pesquisas universitárias tem sido um dos maiores e mais importantes patrimônios da cultura que servem de exemplo para nós brasileiros.

Murad relata na obra citada que “o futebol, como nossa paixão popular e esporte número um, encena um ritual coletivo de intensa densidade dramática e cultural, em consonância com a realidade brasileira. É a combinação de simbologias, por meio das quais podemos estudar o Brasil”.

Simbologia
Quase de forma antológica, Murad, diz que “o futebol é simbologia e metalinguagem, e como tal, revelador das culturas das coletividades e revelador expressivo das condições humanas. Albert Camus, Prêmio de Literatura de 1957, pensador e especialista e ainda goleiro titular do RUA de Argel, disse: “…o essencial para mim era jogar futebol: a bola era minha paixão e eu sapateava de impaciência…” E assim conseguiu transferir para sua vida prática, todos os conhecimentos obtidos no futebol, tais como: moral e obrigações que um homem deve ter.

Mauricio Murad, com muita lucidez e num momento sublime, define a bola, o objeto de desejo e instrumento de trabalho dos jogadores de futebol, como sendo:

“De forma geométrica, sua circunferência que, de acordo com a concepção clássica dos gregos, a forma geométrica perfeita, valor do inconsciente coletivo, suprema  representação espacial, à medida que enuncia a ética da igualdade de oportunidades, pelo critério da eqüidistância, uma vez que todos os pontos estão igualmente distantes do centro”.

Esta definição e até um conceito, expressa de forma fantástica o quanto a Grécia contribuiu para a sociologia do futebol. Este objeto tão fantástico inventado pelo homem é motivo de alegrias e frustrações dele mesmo. É tão fantástico este jogo, que qualquer um pode praticá-lo desde o “baixinho” (Romário) o “gordinho” (Maradona), pelo “alto” (Beckenbauer), pelo “torto” (Garrincha), pelo “perfeito” (Pelé), pelo “magrelo” (Sócrates), pelo “perfeito” (Didi), enfim por qualquer biótipo, por qualquer classe social, por qualquer etnia, provando e comprovando ser um esporte extremamente democrático.

Arte
O futebol, oriundo da Inglaterra, chega ao Brasil de forma elitista e racista. Proibido aos negros, mestiços e brancos pobres, teve uma resistência enorme das classes dominantes, porém teve que curvar-se à insistência da grande maioria menos favorecida, tornando-se o esporte-rei e mais que isso, pela habilidade e magia de nossos atletas, um estilo de arte. Passes, dribles, fintas, a malemolência à ginga, coisas buscadas nas danças, na própria capoeira, cultura nossa, nos diferenciaram dos demais atletas do mundo inteiro.

Mário de Andrade, em crônicas de 1939: “Eu é que já estava longe, me refugiando na arte. Que coisa lindíssima, que bailado mirífico um jogo de futebol! Era Minerva dando palmadas num Dionísio adolescente e já completamente embriagado… Havia umas rasteiras sutis, uns jeitos sambalísticos de enganar, tantas esperanças davam aqueles volteios rapidíssimos…”

O futebol, mais do que prática esportiva, é uma oportunidade prática de se exercitar a cidadania. ortanto, mais do que constatação, interpretação e paradigma do Brasil, o futebol é proposta, é projeto e desejo da coletividade.

Murad, destaca ainda, em sua obra, que “nada melhor que o futebol para totalizar o país, tanto na prática quanto na teoria.” Sendo que o conceito aqui exposto sobre totalidade, nada tem a ver com aquele que remete à ideologia da democracia racial, mascaramento simbólico da realidade e sim originário da tradição dialética. Desde Hegel, o conceito de totalidade inclui a contradição, o antagonismo e o conflito.

Integração social
Roberto Da Matta, em Antropologia do óbvio: notas em torno do significadosocial do futebol brasileiro, in Dossiê Futebol, Revista USP, jun/jul/ago 1994, diz “As raízes do futebol se espalham pelas esferas da realidade social, pois, diferentemente de outras instituições, o futebol reúne muita coisa na sua invejável multivocalidade. É uma estrutura totalizante em sua acepção teórica”.

Segundo Murad, para os deficientes, oferece uma gama extraordinária de chances de participação social, como meio de integração e reeducação.

Enfoca ainda outras experiências com o futebol no manicômio judiciário e sistema penitenciário, onde grandes craques do passado, tais como Jairzinho, Afonsinho, Reinaldo, Nilton Santos, Belini e Pelé, participaram, levando aos que ali estavam, lembranças agradáveis de momentos importantes.

Janet Lever, em A Loucura do Futebol, Editora Record, 1983, cita que “Em uma das obras clássicas da Sociologia, Émile Dürkheim sugere que a religião é menos importante como um conjunto específico de crenças e divindades do que como uma oportunidade para a reafirmação pública da comunidade… Apesar da ausência de vínculos sangüíneos, os homens da tribo sentem que estão relacionados entre si porque partilham um totem. O culto a uma equipe esportiva, como o culto a um animal, faz com que todos os participantes se tornem altamente conscientes de pertencerem a um coletivo. Ao aceitarem que uma equipe em particular os representem simbolicamente, as pessoas desfrutam um parentesco ritual, baseado neste vínculo comum”.

Individual e coletivo
O imprevisível e a improvisação, que parecem diferentes, são marcantes no futebol. Transportando para as relações sociais no Brasil, torna-se difícil a improvisação e as noções de imprevisibilidade na vida diária de nosso povo.

O futebol é para os brasileiros, um misto de necessidades imediatas e práticas de luta e obtenção de resultados e objetivos e ao mesmo tempo a expressão de alegria e da arte popular, expressando uma sintonia entre o individual e o coletivo, dentro e fora dos gramados. Para exemplificar o exposto acima, vejamos: “eu sou colorado” ou “eu sou gremista”.

Eu = individualidade
Sou = identidade
Time = coletividade

Na Copa do Mundo, a maior comprovação sociológica, é que o brasileiro é capaz, independente da camada social, de organizar-se nas ruas e espaços comunitários para numa ação conjunta mostrar toda a sua cidadania.  Como modalidade desportiva mais popular do mundo, o futebol cria espaços públicos permissíveis a experiências comunitárias sensacionais. A cultura da massa brasileira comprova que nenhuma outra manifestação tem paralelo com o futebol.

As três instituições mais presentes na vida brasileira são um templo religioso a cadeia pública e o campinho de futebol, independente do lugar ser pequeno, médio ou grande. Às vezes falta a cadeia ou o templo religioso, porém o campo de futebol está sempre presente, sendo o espaço público mais perene da vida brasileira.

Encerrando este capítulo entre a sociologia e o futebol, não estamos encerrando o jogo, com certeza. O futebol tem tido uma estreita relação com a música popular brasileira em sua estética com os imortais: Noel Rosa, Lupicínio Rodrigues, Lamartine Babo, Tom Jobim, Gilberto Gil, Moraes Moreira e Chico  Buarque de Holanda que declarou: “Minha primeira paixão é o futebol”.

O futebol e a música popular brasileira andam juntos desde os anos 30, levando o futebol para o campo de sua poesia e fez dele protagonista ou coadjuvante de importantes letras. Músicas de Carnaval e marchinhas falaram de futebol, pois Carnaval e futebol além de possuírem identidade histórica, são manifestações populares das mais sérias que este país possui.

E assim podemos ainda citar o futebol na Literatura Brasileira, no cinema brasileiro, o olhar feminino no futebol, mitos do futebol brasileiro e nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade sentenciou: “Como ficou chato ser moderno, eu agora quero ser mesmo é eterno”.

Jober Teixeira Júnior é professor e titular das cadeiras de Futebol e Futsal da Facos (RS)

– Laurentino Gomes é o cara!

1808, 1822 e 1889: o que essas datas significam para você?

 

Para um bom estudante e para qualquer cidadão atento, são 3 datas históricas cuja resposta é imediata: a da Família Real no Brasil, Independência do País e Proclamação da República, respectivamente.

 

Tais temas são, muitas vezes, contados folcloricamente ou até mesmo marginalizados. De pronto, poucos lembram o significado para a História do Brasil destas datas. E aí temos o escritor Laurentino Gomes: de maneira didática e romancista, escreveu 2 livros sobre as primeiras datas (ambos sucesso de vendas), e se prepara para o seu terceiro (1889).

 

Este post não é promocional, mas um chamamento à boa literatura: entretenimento e ensino somados em best-sellers. Só nos resta ler e louvar sua brilhante forma de retratar os acontecimentos marcantes do país. E aguardar, quem sabe, um próximo livro. Qual data a ser retratada você sugeriria?

– A Aceitação do ‘Novo’ no Ambiente Organizacional

Compartilho com os amigos um excepcional texto, extraído do site do Prof José Renato Santiago (clique aqui para acessá-lo: Boletim do Conhecimento) sobre o desafio da mudança e a quebra de resistência do “novo” nos ambientes organizacionais.

 

Novas Idéias, Novas Pessoas…? Talvez, Nova Abordagem

 

A implantação de novas idéias em uma organização exige a adoção de algumas premissas.

 

Não há dúvida sobre a necessidade de haver a existência de um ambiente adequado para que o “novo” seja, ao menos, considerado, analisado, e eventualmente, de acordo com o entendimento existente, implantado.

 

No entanto, nem sempre a disposição para admitir a novidade é algo natural.

 

Aliás, muito pelo contrário, costumeiramente tendemos a querer manter uma situação de conforto, seja ela qual for, favorável ou não.

 

A dúvida sobre o desconhecido é a grande questão…

 

De forma natural e razoável, é normal que as novidades venham juntamente com novas pessoas, não necessariamente pessoas novas, que buscam algo mais.

 

Este algo mais, não necessariamente está vinculado com a obtenção de novos cargos, promoções e outras questões similares.

 

A intenção está pautada com a busca de novos desafios, algo típico de quem não está em situação de conforto.

 

Diante disso, talvez um dos segredos para manter viva a inovação, é importante manter o desconforto… o inconformismo.

 

Acredito que possa ser uma carga muito grande para qualquer pessoa, no entanto, o que pode ser razoável?

 

Quem sabe não seja possível considerarmos a adoção de uma nova abordagem.

 

Um ponto de vista diferente daquele que possuímos, como se fosse uma máscara.

 

Ao usarmos esta máscara, podemos analisar nossas ações e atividades, sob outros olhos.

 

Como?

 

Bem, vamos nos falando…

 

No entanto, anos atrás li uma sugestão em um jornal.

 

Ler uma revista sobre um assunto sobre o qual você não tem qualquer entendimento e/ou opinião.

 

Aliás, esta é a lógica que comumente usa-se em processos da captação de novas idéias.

 

Contar com a participação de pessoas que não estejam envolvidas com o assunto.

Uma vez que o fato dela estar longo do dia a dia sobre ele, é um fator que dinamiza a proposta de sugestões inovadoras.

– Universidades Brasileiras têm preconceito com Pós Multidisciplinar

Leio uma interessante matéria do mundo acadêmico/científico que nos leva ao seguinte questionamento:  até onde vale a pena investir em muitas áreas de conhecimento nos estudos?

Abaixo, reportagem de Luciano Grütenr Buratto e Sabine Righetti (Folha de São Paulo, Caderno ciência, pg A15, Ed 14/09/2010) fala sobre o crescimento dos Mestrados e Doutorados Multidisciplinares, e a resistência na aceitação desses mesmos cursos por universidades na contratação de docentes.

 

EDITAIS IGNORAM PÓS MULTIDISCLINAR

 

Pesquisadores com formação em múltiplas áreas sofrem para conseguir espaço em universidades brasileiras. Apesar de incentivo do governo para mestrado e doutorado desse tipo, instituições exigem o diploma “tradicional”

 

O advogado Evandro Sathler, mestre em ciências sociais e jurídicas e doutor em geografia, viu-se em uma sinuca de bico quando quis prestar concurso para professor em universidade pública.

“Não me qualifico nos editais para docente de direito porque meu doutorado é em ciência sociais, nem nos de geografia porque meu bacharelado é em direito”, diz.

O caso de Sathler ilustra um problema emergente: o descompasso entre a presença cada vez maior de profissionais multidisciplinares e sua inserção nas universidades, ainda estruturadas em “caixinhas” -departamentos organizados em torno de uma área do conhecimento.

 

EXPLOSÃO

 

O número de programas de mestrado multidisciplinares, como sociologia ambiental, engenharia biomédica ou política científica e tecnológica, subiu de 26 em 1998 para 117 em 2008, segundo dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Os programas de doutorado desse tipo cresceram de quatro para dez no período.

Segundo Maria Paula Dallari Bucci, secretária de educação superior do MEC (Ministério da Educação), a formação na graduação não deve limitar a escolha de candidatos em concursos.

Apesar disso, o publicitário Eduardo Nogueira, com mestrado em administração e experiência em marketing há mais de 15 anos, acabou nem tentando um concurso na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).

Isso porque publicidade não estava na lista de cursos de graduação requeridos para inscrição à vaga.

O posto era para tutor de uma disciplina de marketing do curso de administração de empresas. O edital da federal, no entanto, exigia graduação em administração, economia, ciências contábeis e engenharia de produção, mas não publicidade.

“Minha experiência em marketing em instituições privadas e no mercado não me qualifica a dar aula em universidade pública?”, diz.

A secretária do MEC ressalta que, segundo o artigo 69 do decreto 5773/06, candidatos a professor não precisam ter inscrição em órgão de regulamentação profissional, “salvo nos casos em que as atividades docente e profissional se confundem”.

Assim, um candidato a professor de administração não precisa ter registro em conselhos regionais de administração para concorrer.

 

CORPORATIVO

 

Apesar disso, algumas instituições seguem critérios corporativos na elaboração de editais de concursos.

“Na psicologia, a maioria dos concursos para professor exige que o candidato seja psicólogo”, diz Neuza Maria de Fátima Guareschi, professora da PUC-RS e presidente da Anpepp (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia).

Para Guareschi, mesmo que o edital seja para vaga de estatística ou psicologia cognitiva -que não envolvem a parte clínica ou testes psicológicos- muitas universidades ainda exigem formação de graduação em psicologia.

“O candidato precisa ser psicólogo para ocupar vagas para cursos na área clínica ou de testes psicológicos. Mas em muitos outros casos ele não precisaria ter graduação na área”, analisa.

– Fapesp e a Internacionalização dos Pesquisadores

A FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) está cada vez mais procurando se internacionalizar. Com bolsas de estudo isentas de impostos (por volta de R$ 5.000,00), minicursos internacionais produzidos em parceria com o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron) e outras renomadas instituições, além do Projeto “Escola Fapesp”, a entidade procura ganhar cada vez mais renome. Abaixo:

 

Extraído de: http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2010/06/29/sao-paulo-quer-ser-rota-para-cientistas-estrangeiros.jhtm

 

SÃO PAULO QUER SER ROTA PARA CIENTISTAS ESTRANGEIROS

 

A bióloga Maria Amorim, formada pela Universidade de Chicago e pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, vai fazer doutorado no Brasil.


A decisão veio após ela ter participado, em abril, de um minicurso realizado pelo Hospital do Câncer A.C. Camargo, em São Paulo, sobre pesquisas diretamente voltadas à criação de medicamentos e terapias.


“Fiquei impressionada com o nível dos trabalhos apresentados pelos pesquisadores brasileiros”, disse em entrevista à Folha.


O curso foi o primeiro de uma série iniciada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que no começo de 2011 trará para Campinas dois “professores” de peso: os prêmios Nobel Ada Yonath (Química, 2009) e Albert Fert (Física, 2007).

“A ideia é ter cem estudantes de doutorado, 50% da América Latina e 50% de outras partes do mundo. Queremos mostrar a eles domínios que avançaram muito nos últimos anos”, diz o físico francês Yves Petroff, diretor científico do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), que abrigará o curso.


“TAX-FREE”

Segundo Petroff, o Brasil tem um atrativo insuspeito para estudantes estrangeiros: o valor alto das bolsas. Aqui, diferentemente da Europa, elas são isentas de impostos, afirma.

O valor da bolsa de doutorado paga pela Fapesp começa em R$ 2.053 e termina em R$ 2.541,30.

No pós-doutorado, a bolsa da Fapesp é de R$ 5.028. “O Brasil precisa de pós-doutorandos”, analisou.

NA ROTA


Batizados de “Escola Fapesp”, os minicursos de inverno e verão -sete aprovados até agora- fazem parte de uma política recente da fundação, voltada a atrair estudantes de pós.

Cursos do gênero são uma realidade bem conhecida em países como os EUA. Um exemplo famoso são as escolas de verão do Laboratório de Biologia Marinha, em Massachusetts, que reúne vários prêmios Nobel.


O evento coordenado por Petroff será realizado no LNLS de 16 a 25 de janeiro.

“Radiação é uma área multidisciplinar. É importante que os estudantes, antes de terminarem seu doutorado, tenham contato com estudantes de outras áreas e de outros países”, diz o francês.

O minicurso do A.C.Camargo, que foi decisivo para a bióloga Amorim decidir fazer doutorado no Brasil, também é uma das propostas aprovadas pela Fapesp. O evento reuniu 40 professores, metade estrangeiros.


MULTINACIONAL

Dentre os estudantes participantes, foram 66 brasileiros e 49 de países como Holanda, Japão, Dinamarca, Portugal e Estados Unidos.


“Pesquisamos problemas complexos, como câncer e neurociências. Precisamos de pessoas que tragam novos pontos de vista e temos de criar condições para isso”, disse o coordenador do evento, Emmanuel Dias Neto, do Centro de Pesquisas do Hospital A.C. Camargo.

– A Queda das Mensalidades em Universidades

Em minha época de estudante universitário, recordo-me bem, a mensalidade, calculada em valores atuais, beirava R$ 450,00. E já faz quase 2 décadas!

 

Leio hoje que em 10 anos o valor das mensalidades caiu significativamente, graças a concorrência e a queda na qualidade de ensino. Compartilho a seguir:

 

Extraído de: GALLO, Ricardo. Cai valor de Mensalidade em faculdade particular. Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano, pg 1, 21/06/2010

 

CAI VALOR DE MENSALIDADE EM FACULDADE PARTICULAR

 

Entre 1999 e 2009, o valor médio cobrado recuou de R$ 532 para R$ 367. Queda, constatada por sindicato da categoria, foi motivada por maior concorrência e menor expansão de matrículas

 

A combinação de concorrência acirrada entre universidades e estagnação na entrada de novos alunos derrubou as mensalidades ao nível mais baixo em dez anos.

De 1999 a 2009, o valor médio caiu 31% -de R$ 532 para R$ 367-, aponta levantamento do Semesp (sindicato das universidades particulares de São Paulo) com 1.084 instituições de todo o país.

 

A redução não leva em conta ainda a inflação do período, que foi de 104,3%, de acordo com o INPC/IBGE.

 

Dados do Ministério da Educação mostram que, de 1999 a 2008, o número de instituições particulares de ensino superior mais que dobrou -foi de 905 para 2.016.

Nos últimos anos, as universidades disputam os estudantes pelo bolso. Os anúncios em jornais e no metrô são um bom termômetro -mais que a qualidade de ensino, o chamariz é quanto se paga. “Mensalidades a partir de R$ 104,14”, diz um deles, da Faculdade Sumaré.

Foi lá que a operadora de telemarketing Bruna Ribeiro, 24, foi parar. Neste ano, ela entrou em pedagogia, que lhe custa ainda menos do que o anúncio propalava -R$ 94 por mês, graças a convênio com uma entidade. “Claro que o preço contou.”

Descontos assim fazem o preço despencar. A UniABC promete 25% de abatimento na

primeira mensalidade.

 

NOCIVO

 

Embora pareça benéfica aos alunos, o fenômeno dos preços baixos é nocivo para o setor, diz o sindicato. Quem pratica os menores preços em geral são instituições de menor porte, que deixam de investir em pesquisa, laboratório, professores etc.

 

“Quando entram em guerra de preços, as empresas acabam esquecendo da sua margem mínima para operar e, com o tempo, vão para o buraco. É um tiro no pé”, disse Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp.

 

Principalmente porque o maior alvo da disputa -os estudantes- deixou de crescer. Entre 2007 e 2008, o número de novos alunos avançou apenas 0,6%.

Para se equilibrar, uma instituição deve cobrar mensalidade média de R$ 450, diz Carlos Monteiro, consultor em ensino superior.

 

A mensalidade da FGV (Fundação Getulio Vargas), uma das instituições mais bem avaliadas do país, é de cerca de R$ 2.400. Mackenzie e PUC cobram uma mensalidade média de R$ 1.100.

 

Segundo Capelato, essas universidades não reduziram mensalidades porque têm seus nichos conquistados, já firmaram suas identidades e não precisam disputar alunos no mercado.

Monteiro sugere às instituições alongar os prazos de pagamento para além do curso, em vez de jogar os preços no chão, tática que pode levar à insolvência ou à absorção por grupos maiores, tendência nos últimos anos.

 

Segundo o Ministério da Educação, 29 instituições desapareceram em 2008. Há 2.251 no país, de acordo com o último censo do MEC

– Como a Interdisciplinaridade se destaca na Gestão do Conhecimento

Recentemente, li um belo artigo que trata da interdisciplinaridade como principal característica da Gestão do Conhecimento. É fato que ser multidisciplinar é ter vantagem no dia-a-dia organizacional. Entretanto, como explorar a Gestão do Conhecimento adequadamente?

 

O autor do texto, o Consultor em Administração José Renato Santiago, reconhecido pelos meios acadêmicos, trata com maestria do assunto, segundo ele:

 

“O desenvolvimento de iniciativas que incentivem os funcionários a compartilharem seus conhecimentos e expertises tem grande relevância na estruturação de uma inteligência corporativa que agregue real valor para a organização, pois todos sabemos que o valor de uma empresa é muito maior que aquele devido unicamente aos seus ativos físicos. Novamente, creio que não seja necessário reforçar qual a área melhor capacitada para gerir estas ações… A existência de ações que incentivem e motivem os colaboradores a assumirem o papel de “trabalhadores do conhecimento”, preocupados com o registro e compartilhamento dos conhecimentos relevantes para a perpetuação da organização, passa necessariamente pela ingerência, novamente, de uma área com estreita relação do gerenciamento das pessoas, os recursos humanos da empresa.”

 

Note o termo destacado: Inteligência Corporativa. E agora faça a seguinte reflexão: sua organização incentiva a interdisciplinaridade, você é multifuncional e a gestão do conhecimento tem sido bem trabalhada?

 

Independente da sua formação cultural ou origem, questione-se: em seu trabalho ou na sua vida pessoal, você tem atuado como trabalhador do conhecimento?

 

(para acessar o texto na íntegra, clique em: http://www.jrsantiago.com.br/edit.html)

 

O RELEVANTE PAPEL DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO

 

Por José Renato Santiago

 

É de entendimento comum que a interdisciplinaridade é, muito possivelmente, a principal característica que envolve a gestão do conhecimento, seus inúmeros conceitos e iniciativas.  O fato de existirem diferentes atores envolvidos e várias, possíveis, definições permite a ocorrência de uma série de interpretações, relações e interações.

Confuso, não?

Pois bem, a maior dificuldade não decorre da dúvida da gestão do conhecimento ser um assunto multidisciplinar, mas sim da dificuldade que algumas empresas apresentam em definir uma determinada área como a responsável pelo desenvolvimento das iniciativas e atividades relacionadas com o compartilhamento e disseminação dos conhecimentos.

É exatamente a partir desta análise que se torna óbvia a grande relevância da área de Recursos Humanos, como a grande responsável pelo sucesso de qualquer projeto que tenha como grande objetivo o correta e eficiente gerenciamento de seus recursos e acervos intelectuais.

Vamos aos fatos então…

A intrínseca necessidade de haver a interação entre as áreas, sejam elas quais forem, reforça o papel de haver políticas, bem definidas, que permitam uma eficiente interação entre os colaboradores, independentemente, de suas responsabilidades, habilidades e experiências. Agora, pergunto… Qual a área que deve ser responsável pela definição destas políticas?

O desenvolvimento de iniciativas que incentivem os funcionários a compartilharem seus conhecimentos e expertises tem grande relevância na estruturação de uma inteligência corporativa que agregue real valor para a organização, pois todos sabemos que o valor de uma empresa é muito maior que aquele devido unicamente aos seus ativos físicos. Novamente, creio que não seja necessário reforçar qual a área melhor capacitada para gerir estas ações…

A existência de ações que incentivem e motivem os colaboradores a assumirem o papel de “trabalhadores do conhecimento”, preocupados com o registro e compartilhamento dos conhecimentos relevantes para a perpetuação da organização, passa necessariamente pela ingerência, novamente, de uma área com estreita relação do gerenciamento das pessoas, os recursos humanos da empresa.

Enfim, independentemente de haver o entendimento da importância do envolvimento de várias, porque não dizer de todas, áreas de uma organização, é claro e cada vez mais evidente a grande relevância que a área de Recursos Humanos tem para o sucesso das iniciativas voltadas para gestão do conhecimento… seu envolvimento e liderança é realmente uma situação extremamente necessária.

– Trainees em Concorrência Desenfreada na área de Administração de Empresas

Ainda neste perído de aulas, comentamos com os formandos em Adm sobre as inúmeras oportunidades em processos de seleção de Trainees. Lembro que citei o famosos processo da Unilever, que atingiu a absurda marca de quase 2000 candidatos por vaga.

Pois bem, a Ambev quebrou esse recorde: 2307 cand/vaga. Cerca de 60.000 inscritos para 26 oportunos formandos e/ou alunos de oitavo semestre!

Para os nossos queridos ex-alunos que estão se preparando (e para aqueles que logo vão encarar tal desafio), veja a maratona (dica- o peso maior se dá aos alunos que conhecem Atualidades e possuem Espírito Crítico sobre temas polêmicos):

Extraído de: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0959/gestao/selecao-mais-concorrida-brasil-521772.html

A SELEÇÃO MAIS CONCORRIDA DO BRASIL

por Lucas Amorin

Um burburinho eufórico tomou conta da sede da AmBev, na zona sul de São Paulo, na manhã de sexta-feira 11 de dezembro. Um grupo de 26 jovens recém-saídos da universidade trocava ideia na área de convivência dos funcionários, um bar com chopeira e máquina de refrigerante instalado numa empresa obcecada por trabalho e pelos resultados que ele deve gerar. E o que essas 26 pessoas mais queriam fazer naquele momento era exatamente isso — trabalhar. O grupo forma a mais nova turma de trainees da AmBev e estava ali para seu primeiro compromisso oficial — um café da manhã com o presidente da companhia, João Castro Neves, e nove diretores. Entre porções de salada de frutas e pães de queijo, eles falaram sobre os rumos da empresa e os desafios que vão enfrentar ao longo de 2010. Nunca foi tão difícil participar desse tradicional ritual de iniciação, que acontece desde o primeiro programa de trainees, em 1990, ainda na antiga Brahma. No ano passado, foram 32 000 candidatos para 19 selecionados. Desta vez, o número de inscritos dobrou para quase 60 000 — o que resultou num recorde de 2 310 candidatos por vaga. Nenhum outro processo de seleção na iniciativa privada ou na esfera pública é tão concorrido no Brasil. A disputa por uma vaga na AmBev supera concursos públicos, como o da Polícia Federal, um dos mais disputados do país, com 192 candidatos por vaga. É também maior do que o vestibular de medicina da Universidade de São Paulo. “Todos que chegaram à etapa final do processo viam a entrevista de seleção como se fosse uma final de Copa do Mundo”, diz Arthur Ourivio Nieckele Massa, de 25 anos, recém-formado em ciências econômicas pela UFRJ e um dos 26 selecionados pela AmBev.

O recorde no número de inscritos ocorreu graças a uma reinvenção do programa. Pela primeira vez em sua história, por exemplo, a AmBev fez um estudo prévio para conhecer o público-alvo de seu programa de trainees — estratégia usada mais na área de marketing do que na de recursos humanos. Entre março e maio de 2009, a companhia reuniu dois grupos de universitários — um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro — para uma bateria de entrevistas. Descobriu que, acima de qualquer outra coisa, os jovens dão preferência a empresas que lhes permitam um crescimento profissional rápido — justamente uma das características mais marcantes da AmBev. De posse dessa informação, a companhia optou por usar a possibilidade de ascensão acelerada como mote da campanha de divulgação. Questões que chegaram a ser destacadas em anos anteriores, como ações de sustentabilidade desenvolvidas pela companhia, passaram para segundo plano. “A pesquisa nos mostrou que tínhamos todos os atributos necessários para atrair os universitários, só não estávamos nos vendendo direito”, diz Tiago Porto, gerente de RH da AmBev e responsável pelo programa de trainees em 2009.

Uma vez definido como o programa seria “vendido”, era preciso alcançar o maior número possível de jovens — quanto maior o número de inscrições, maior a chance de encontrar gente boa. Atrair milhares de candidatos, portanto, não era visto como um estorvo, mas como uma oportunidade. Para ampliar o alcance do programa, a AmBev mergulhou na internet e nas redes sociais. Até 2008, os meios de divulgação utilizados eram apenas jornais e revistas. Em junho, porém, a situação começou a mudar. A AmBev enviou kits sobre o programa para 200 blogueiros selecionados e lançou um jogo no Orkut que simulava a distribuição de bebidas. No mesmo mês, um site específico para os candidatos entrou no ar e, em seis meses, teve mais de 300 000 visitantes. Seis trainees da turma de 2008 iniciaram blogs para contar as próprias experiências e responder às perguntas dos candidatos. “A verdade é que nós mesmos nos inscrevemos em 2008 sem saber muito bem qual seria a estrutura do treinamento”, diz Clarissa de Araújo, uma das blogueiras. “Por isso conseguíamos entender bem as dúvidas dos interessados em participar do programa.” Com seu nome divulgado no site, Clarissa passou também a receber convites de amizade e a conversar com candidatos que a encontram no Orkut e no Facebook. Em paralelo, executivos mais experientes ficaram responsáveis por apresentar a empresa e tirar dúvidas dos universitários. Nos anos anteriores, esses executivos participavam apenas de palestras organizadas em 60 universidades de todo o país. Desta vez, também conversaram com os potenciais candidatos em chats que aconteciam todas as sextas-feiras ao longo de dois meses. O mais concorrido deles, com o presidente João Castro Neves, atraiu 1 800 inscritos. “Esse tipo de interação é importante para mostrar que damos realmente valor ao programa”, diz Porto.

A triagem começou com uma prova online de inglês, português e conhecimentos gerais. Todos os candidatos que acertaram pelo menos metade das questões passaram para as fases seguintes, que previam a interação com funcionários da companhia. O primeiro contato foi com os trainees dos anos anteriores, que coordenaram as dinâmicas de grupo. À medida que as etapas avançavam, a graduação dos executivos que interagiam com os jovens também subia. Gerentes de fábrica faziam entrevistas em suas regiões. Diretores e o próprio Castro Neves cuidaram das etapas finais. Com o aumento do número de inscritos, mais executivos tiveram de se envolver no processo, já que a AmBev não terceiriza nenhuma etapa da seleção. Neste ano, 419 deles participaram de alguma fase do recrutamento — ante 300 em 2008.

O funil é tão estreito que dos 60 000 candidatos apenas 59 chegaram à última entrevista. Nessa etapa, eles foram divididos em dez grupos — e cada um deles se sentou frente a frente com Castro Neves e cinco diretores. Antes das conversas, cada executivo recebe uma espécie de dossiê com os pontos fortes e fracos de cada candidato e um relato sobre seu desempenho ao longo do processo. A entrevista dura cerca de 2 horas, e passa pelos mais variados temas. Os executivos perguntam o que cada candidato mudaria na companhia, questionam sobre quais os maiores líderes da atualidade, pedem opinião sobre temas polêmicos, como apagão e privatização. No fim, os aprovados devem ser escolhidos por consenso. “Queremos jovens com raciocínio lógico e brilho nos olhos”, diz Castro Neves.

Ao longo dos últimos 19 anos, o programa de trainees tem sido a principal máquina da fábrica de talentos em que a AmBev se transformou. Das 500 pessoas que já passaram pelo treinamento, 150 ocupam hoje cargos de gerentes seniores e 22 são diretores. Um deles, o carioca Luiz Fernando Edmond, tornou-se presidente em apenas 15 anos e, desde 2008, comanda as operações da ABInBev na América do Norte. Marcio Froes, presidente da Labatt no Canadá, também passou pelo processo. Desde o início os trainees são preparados para assumir cargos dessa importância. Nos primeiros cinco meses do programa, eles migram entre as fábricas, a área de vendas e a administrativa e têm a chance de conhecer cada detalhe do negócio — o que inclui tarefas tão distintas quanto carregar caixas de cervejas morro acima em favelas cariocas e participar de reuniões executivas no exterior. Depois, recebem cinco meses de treinamento na área que escolherem. Em dois anos, a maioria é promovida a gerente e, se cumprir as metas, embolsa até 18 salários extras por ano. A cobrança, como é de imaginar na ultracompetitiva cultura da AmBev, é proporcional às oportunidades. “Entrar no programa é só o primeiro passo”, diz Castro Neves. “Eu costumo dizer a esses jovens que eles precisam começar a entregar resultados logo no primeiro dia.”

Embora recordista em inscrições, a AmBev não é a única empresa que tem experimentado uma explosão no número de interessados em participar de seus programas de trainees. Na Unilever, que até o ano passado tinha o processo seletivo mais disputado do país, o número de candidatos passou de 35 000 para 47 000 no último ano. No Itaú Unibanco, o salto no mesmo período foi de 21 000 para 34 000 inscritos. Parte desse aumento se justifica pelo “congelamento” no número de vagas. Historicamente, a quantidade de companhias que oferecem esse tipo de recrutamento cresce 30% ao ano. Por causa da crise, em 2009 o número ficou estagnado em 200 empresas. Para Sofia Esteves, sócia e fundadora da Companhia de Talentos, consultoria especializada na coordenação de programas de trainees, a importância desse tipo de iniciativa deverá aumentar nos próximos anos. “Ter cada vez mais executivos qualificados vai ser primordial para um cenário de crescimento que deve vir pela frente”, diz ela. Nesse sentido, quebrar o recorde de candidatos é um bom começo — mas não uma garantia de que entre os 26 aprovados pela AmBev estarão os futuros diretores ou presidentes da companhia. “O tempo vai mostrar se essa é a melhor turma de nossa história”, diz Castro Neves.

– Um Laboratório de Administração!

Recebo a seguinte pergunta de um ex-aluno, desistente do curso de Administração:

“Professor, por que as universidades não tem laboratórios para a graduação em Administração de Empresas?” (Henrique, via e-mail)

Caro Henrique, os laboratórios de Adm de Empresas são as próprias instituições em que você trabalha. É impossível graduar-se (em um boa faculdade, lógico), sem estar no mercado. O estágio é essa condição que você pede! Teoricamente, é lá que você pode errar e ganhar experiência pelo erro, pois você exerce a condição de aprendiz dentro da empresa. Entretanto, sabemos que na prática não é assim que funciona. O estagiário é muitas vezes cobrado como um profissional já formado. Além de que, muitas correntes educacionais defendem que o estudante deve realizar seus estudos durante a manhã; as tarefas acadêmicas ao domícilio às tardes; e o descanso merecido à noite. Mas para estes, um questionamento: e a prática da administração, onde fica?

– Doutores com Q.I.

Impressionante a máfia que ronda algumas universidades, nos cursos de pós-graduação. Em matéria-denúncia da Revista Época dessa semana, é deflagrado um esquema suspeito com muita subjetividade nas avaliações de candidatos à Mestrados e Doutorados.

Confesso que é complicado o sistema de eliminação pós-entrevistas; há argumentos que mostram a necessidade de tal; embora há os contras. Aqui, há a brincadeira de Q.I. como “quem indicou”, ao invés de “Quociente de Inteligência”

Compartilho abaixo, extraído de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI108447-15223,00.html

DOUTORES COM Q.I., por Ana Aranha e Marco Bahé

Nas seleções para pós-graduação, o “Quem Indicou” pode valer mais que o mérito acadêmico dos candidatos. É possível acabar com esse favoritismo?

Ninguém duvida do mérito acadêmico dos alunos aprovados nos vestibulares das melhores universidades do país. A disputa pelas vagas é tão concorrida que a aprovação exige meses de estudos e preparação exclusiva. A maior prova disso foi a comoção em torno do vazamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que pretende substituir os vestibulares como principal forma de acesso às universidades. Devido ao furto de dois cadernos de questões, o exame foi cancelado e 4 milhões de alunos esperaram dois meses para prestá-lo. Quem conseguir passar pelo filtro do Enem, entrar na universidade e se formar vai ter provavelmente de fazer um esforço diferente se quiser avançar para a pós-graduação. Em vez de virar a noite revisando o conteúdo de matérias para provas, vai ter de bajular um orientador, pedir cartas de recomendação, submeter-se a entrevistas cheias de critérios subjetivos para conseguir entrar num curso de mestrado.

Por princípio, uma seleção para a pós-graduação não pode ser como o vestibular. Exige conhecimentos específicos e capacidades de argumentação e abstração que uma prova de múltipla escolha não é capaz de captar. Por isso, cada curso de pós-graduação tem autonomia para selecionar seus alunos. O problema é que alguns abusam dessa prerrogativa e deixam a decisão na mão dos poucos profissionais que compõem a banca. Com a concentração de poder, começam os problemas. Nos últimos anos, candidatos entraram com ações na Justiça para questionar os métodos de seleção de cursos de pós-graduação das melhores universidades do país. As ações denunciam favorecimento de candidatos próximos a professores e sugerem que, em algumas das mais qualificadas bancas de seleção do país, o famoso Q.I. (“Quem Indicou”) tem um peso maior do que o potencial acadêmico na escolha dos futuros mestres e doutores.

Essa é a suspeita levantada pela candidata ao mestrado em política social na Universidade de Brasília (UnB) Arryanne Vieira Queiroz. Formada em Direito e delegada da Polícia Federal, Arryanne, em novembro, entrou com um mandado de segurança na Justiça Federal e um pedido de ação civil no Ministério Público Federal em que pede a suspensão do processo seletivo na UnB. Seu principal argumento é a falta de transparência. Quando soube que não havia sido aprovada na prova de conhecimentos específicos, Arryanne procurou saber sua nota com o objetivo de pedir a revisão de algumas questões. A UnB respondeu que as notas não seriam divulgadas. “Não faz sentido. Como posso recorrer sem saber se tirei 5 ou 0?”, diz Arryanne. “Não tinha elementos para argumentar. Fiz um recurso no escuro.”

O recurso apresentado por Arryanne foi recusado. Ao final do processo, ela teve outra surpresa. Descobriu que um dos dez candidatos aprovados é genro da coordenadora do programa de pós-graduação, Potyara Pereira. Com essa informação, ela decidiu entrar na Justiça. “Ele pode ter conquistado essa vaga por mérito próprio. Mas, como o processo é obscuro, fica a suspeita. Além de não ter direito a defesa, os candidatos não podem fiscalizar seus concorrentes.” A coordenadora da banca da seleção, Marlene Teixeira Rodrigues, diz que a professora Potyara Pereira não participou da escolha dos alunos para o mestrado em política social da UnB devido a sua relação de parentesco com um dos candidatos. “A professora Potyara pediu para ser mantida distante do processo”, diz Marlene Rodrigues. Ela afirma também que a divulgação das notas só é feita ao final do processo de seleção por causa de uma regra estabelecida no edital do concurso.

Não é a primeira vez que a UnB sofre acusações de favorecimento na seleção para a pós-graduação. Em 2005, o MPF moveu diversas ações contra a universidade devido à falta de clareza e objetivo nos critérios de escolha dos alunos de mestrado e doutorado. Segundo o procurador da República Carlos Henrique Martins, uma das denúncias foi motivada por uma pergunta feita pela banca do mestrado para antropologia. “Um professor queria saber como o candidato iria se manter financeiramente ao longo do curso. É um critério que não tem relação com o mérito acadêmico”, diz Martins.

Em 2005, a UnB firmou um acordo com o MPF e se comprometeu a mudar seus procedimentos. A promessa, aparentemente, foi esquecida. No edital para o mestrado em antropologia, ainda consta a exigência de uma “declaração de tempo e meios financeiros de que (o candidato) dispõe para cursar o mestrado”. José Pimenta, coordenador da pós-graduação do curso, diz que “ninguém vai deixar de entrar devido às condições financeiras”. Por que, então, a seleção ainda faz a pergunta? “Só para ter mais elementos sobre os candidatos”, afirma Pimenta.

Além da UnB, a pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também foi alvo de ações do MPF. Muitos dos processos de seleção da UFPE não tornavam públicos os critérios que seriam levados em conta pelas bancas. Entre os alunos da universidade, são muitos os relatos de favorecimento acobertados pela falta de transparência. Todos os depoimentos colhidos por ÉPOCA foram feitos sob a condição de anonimato. Os alunos têm medo de sofrer perseguição. A principal queixa é que seria preciso se aproximar de professores influentes para conseguir uma vaga. Segundo alunos do Departamento de Geografia, a pós-graduação seria “dominada” por grupos de professores que decidem, sem prestar contas, quem entra e quem sai. “Eu tive de passar um ano como aluna ouvinte até que um professor me ‘adotasse’. Eles só querem orientar quem já conhecem”, diz uma mestranda. “Se você vier de faculdade privada, então, há muito preconceito. Não é raro alunos tentarem mestrado em outros Estados, pois aqui há famílias dominando o departamento.” Segundo um candidato ao mestrado em Direito, mesmo com nota 8 na prova específica e 9 na de língua estrangeira, ele foi eliminado da disputa depois de dez minutos de entrevista. “Outros candidatos com pontuação muito inferior a minha nas fases anteriores foram aprovados”, diz.

Depois da ação movida pelo MPF, a UFPE elaborou parâmetros para todos os cursos. Passou também a exigir a publicação dos critérios em espaços de acesso público – como a internet. Entre as principais mudanças está o fim da exigência das cartas de recomendação. As cartas davam margem para que alguns candidatos fossem beneficiados só por causa do prestígio de quem os recomendava. As entrevistas também perderam peso. Elas não podem mais classificar nem eliminar candidatos.

Segundo o diretor de Pós-Graduação da UFPE, Fernando Machado, os problemas já tinham sido detectados antes da ação do MPF. “A ação serviu para acelerar um processo que acontecia lentamente”, afirma. “Cerca de 80% do editais lançados neste semestre já seguem os novos parâmetros.” Muitos professores da UFPE criticaram, porém, as mudanças nos processos de seleção. Eles argumentam que o acordo com o MPF feriu a autonomia universitária.

“Sendo uma universidade pública, a UFPE é obrigada a seguir os princípios da impessoalidade, legalidade e publicidade. Assim como o mérito como critério de acesso ao ensino superior”, afirma o procurador da República Antonio Carlos Barreto Campelo.

As medidas tomadas pelo MPF para tornar mais transparentes os processos de seleção para a pós-graduação são importantes para tornar o sistema menos suscetível a injustiças. Mas nem elas são capazes de eliminar totalmente a subjetividade na escolha dos candidatos. “Temos parâmetros claros, mas alguma margem de subjetividade sempre fica”, diz Romualdo Portela de Oliveira, coordenador da pós- -graduação em educação da Universidade de São Paulo (USP). A principal brecha para a subjetividade se abre quando o número de aprovados excede o número de vagas. Como há um número limitado de vagas por orientador, e os candidatos apontam seus orientadores no início do processo, a seleção final pode ficar a cargo do professor que está com excesso de alunos. Nesse caso, um candidato aprovado, com condições de cursar a pós-graduação, pode ficar de fora da seleção só porque o orientador preferiu trabalhar com outros alunos – talvez por uma relação anterior. “É uma discussão controversa”, afirma Portela. “Eticamente, é razoável que orientador e orientado não discutam antes, já que aí se estabelece uma relação privilegiada. Mas também é natural que alguns sejam próximos, devido aos projetos de iniciação científica na graduação.”

O uso da entrevista como um dos critérios de seleção também costuma gerar controvérsias. Há relatos de que concorrentes recebem tratamento desigual. Uma candidata a mestrado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que pede que seu nome e curso não sejam identificados, diz que foi prejudicada pelo entrevistador. Em 2006, depois de passar na prova de inglês e na de conhecimentos específicos, ela chegou à entrevista em décimo lugar numa seleção em que havia 20 vagas. “A entrevista começou, e percebi que o entrevistador estava empenhado em prejudicar meu discurso. Ele era agressivo e intimidador, interrompia minha fala para dizer: ‘Não é isso que eu quero saber’.” Segundo ela, havia outros professores na banca, mas só ele falou. “Foi um comportamento acintoso. Ficou claro que ele queria me prejudicar.” Depois da entrevista, a aluna caiu para a 21ª posição e ficou de fora da seleção.

Para tentar evitar favorecimento ou perseguição, a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) é que a entrevista não seja eliminatória e sirva apenas para somar pontos na classificação dos concorrentes. Mesmo assim, ela continuaria sendo estratégica, pois a distribuição de bolsas entre os aprovados costuma ser de acordo com a classificação. “O processo deve ter critérios claros e oferecer condições de igualdade”, afirma Paulo Barone, presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE. “Mas não dá para exigir objetividade total. Avaliação de mérito é sempre difícil de medir.”

Como a objetividade total é impossível, a Justiça costuma dar razão às universidades nos processos movidos pelos alunos contrariados. Apenas os casos mais gritantes chegam ao CNE, que pode fazer recomendações aos cursos sobre os critérios de seleção. Há alguns anos, algumas universidades federais exigiam que o candidato ao curso de pós-graduação apresentasse uma empresa patrocinadora de seu projeto para conseguir uma vaga no mestrado profissional. Trata-se de uma modalidade de mestrado que está crescendo no país, na qual os alunos desenvolvem projetos voltados para o mercado. Segundo Barone, a exigência de uma “empresa madrinha” fere o princípio de igualdade de condições de acesso. Por esse motivo, as universidades começaram a perder ações na Justiça, e o CNE passou a desaconselhar esse tipo de critério de seleção.

Não há hoje no Brasil um órgão regulador dos processos de seleção da pós-graduação. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação, faz o controle da qualidade dos cursos. Mas não dá diretrizes para a seleção nem avalia os processos. “Esses questionamentos só estão acontecendo porque a demanda pela pós teve crescimento chinês”, afirma Jorge Guimarães, presidente da Capes. Ele tem razão. Na última década, as matrículas no mestrado e doutorado dobraram. O aumento da procura é reflexo da crescente escolarização da população e da demanda por mão de obra qualificada do mercado. Com mais gente competindo pelas vagas, porém, as universidades estão diante do desafio de aumentar a transparência da seleção para a pós-graduação para acabar com os feudos acadêmicos em um país que pede mais mérito e qualificação.

– Headhunters perdendo a cabeça atrás de executivos no Brasil

Um país que deseja crescer economicanente, deve ter uma base educacional sólida, a fim de permitir que seus futuros profissionais sejam pessoas bem instruídas.

Gostaria de falar um pouco sobre isso. Conversei hoje com um amigo, Prof Dr Cláudio Másculo Azevedo, docente de respeitabilidade incontestável e um grande pensador. Falávamos sobre a qualidade das universidades e do ensino brasileiro. E olha que constatação: os Headhunters (caçadores de talentos empresariais, numa tradução livre), não conseguem achar profissionais qualificados para o mercado de trabalho no Brasil. As verdadeiras competências não são ensinadas e os jovens recém-formados preocupam-se algumas vezes em “fingir que aprenderam” e os professores fingem que ensinaram.

Assim, trouxemos do exterior muitos engenheiros, administradores, executivos de toda espécie. Parafraseando um importante político, nunca, na história desse país, “importamos” tantas cabeças pensantes… Lamentavelmente!

Bons empregos existem no Brasil. O que falta é gente competente para assumi-los!

– Fordlândia nas Prateleiras das Livrarias

A incrível jornada de Henry Ford em construir uma cidade no meio da Amazônia, no início do século passado, virou um interessante livro. Detalhe: a sirene da fábrica toca até hoje, na cidade abandonada…

Extraído de: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0947/economia/cidade-perdida-ford-nao-detroit-482571.html

A cidade perdida da Ford (e não é Detroit)

Livro mostra a excêntrica e malfadada aventura do empresário Henry Ford na selva Amazônica no início do século passado.

Por João Werner Grando

Na cidade erguida por um dos expoentes da indústria automobilística do século 20, não se vê hoje um único operário. Ruas e ferrovias estão abandonadas, engolidas pelo mato. A vegetação também toma conta das casas que um dia abrigaram famílias de operários. Nas janelas da serraria, os vidros quebrados denunciam que há muito ninguém trabalha por lá. Na torre de 50 metros de altura que sustenta a caixa-d’água, o tempo já apagou a pintura branca em letra cursiva que identificava a companhia que criou aquela cidade – Ford.

A descrição acima não é uma obra de ficção, inspirada num futuro apocalíptico de Detroit – a cidade que foi o berço da indústria automotiva americana e hoje vive uma fase aguda de declínio. Trata-se da realidade presente de Fordlândia, um povoado erguido a mando de Henry Ford na Amazônia no fim dos anos 20 e cuja breve trajetória está narrada no recém-lançado livro Fordlandia: The Rise and Fall of Henry Ford’s Forgotten Jungle City (“Fordlândia: a construção e a queda da cidade de Henry Ford esquecida na selva”), do historiador Greg Grandin, da Universidade Yale.

Fordlândia nasceu da tentativa de Henry Ford de criar no Brasil uma base produtora de borracha para suprir suas fábricas nos Estados Unidos. E o lugar óbvio era a floresta Amazônica. Localizada no oeste do Pará, a dois dias e meio de Belém em viagem de barco, a vila chegou a ter esgoto, luz elétrica, cinema e até um providencial campo de golfe de nove buracos. Mas a selva foi mais forte e a iniciativa de Ford fracassou. Para explicar a saga, Grandin, que esteve em Fordlândia duas vezes, baseou-se em documentos e entrevistas com descendentes dos primeiros moradores. O mergulho feito pelo autor mostra que o fim da aventura se deveu, como quase sempre acontece, a uma sucessão de equívocos, muitos aparentemente pueris.

Em 1928, quando o primeiro barco da montadora chegou à foz do rio Amazonas, a região já vivia a ressaca do ciclo da borracha. As terras compradas equivaliam a duas vezes o território do Distrito Federal. O problema, como foi descoberto depois, é que elas não serviam para o plantio de seringueiras. Sem planejamento nem especialistas, duas coisas que Ford menosprezava, seguiram-se lutas para combater pragas e arregimentar trabalhadores nos igarapés vizinhos. Após quase uma década tentando fazer com que a Fordlândia vingasse, Ford decidiu criar outra cidade, Belterra, a 100 quilômetros do núcleo inicial. Lá manteve um seringal com 10 000 hectares e 2 milhões de árvores plantadas. Apesar das dimensões grandiosas, a área nunca produziu mais de 1% de toda borracha consumida pela montadora. “Ford gostava de bradar que sua companhia não empregava ‘experts’ porque ‘eles só sabem o que não deve ser feito’”, diz o autor do livro. “O barco enviado para fundar Fordlândia estava cheio de cérebros e dinheiro. Mas não tinha botânicos, agrônomos ou qualquer pessoa que soubesse alguma coisa sobre seringueiras e seus inimigos.”

A intenção de Ford, afirma Grandin, ia além de estabelecer um simples fornecedor de matéria-prima – o que ajuda a explicar certas extravagâncias. O criador do sistema de produção em massa viu em sua Fordlândia a chance de formar uma civilização nos moldes do estilo de vida americano, temperada com suas excentricidades pessoais. Os quase 5 000 moradores, em grande parte ribeirinhos ou nordestinos fugidos da seca, tiveram de se adaptar a regras rígidas de horário de trabalho e até a uma dieta imposta. No café da manhã, o cardápio era sempre pêssego enlatado e aveia – para que um nutricionista se o próprio Ford poderia definir a alimentação dos trabalhadores? Ele também tentou impor o consumo de leite de soja no lugar de leite de vaca. Em sua lógica, as vacas consumiam demais e rendiam pouco. Grandin narra como as imposições resultaram em motins e dificuldades na consolidação do povoado.

Ford não poupou investimentos nem durante a Grande Depressão. Investiu 20 milhões de dólares na empreitada (quase 235 milhões de dólares em valores atuais), sem nunca ver um único centavo de volta. Fordlândia e Belterra só foram vendidas ao governo brasileiro em 1945, quando Henry Ford II assumiu a montadora. Em troca, ele receberia apenas o valor das despesas para dispensar os operários. O governo brasileiro jamais se preocupou em aproveitar a infraestrutura montada no local. Fordlândia é o retrato da civilização engolida pelas árvores e pelo descaso. Hoje, os cerca de 10 000 habitantes de Fordlândia e Belterra se dedicam sobretudo à plantação de soja e à criação de gado. Paralelamente, tentam promover o turismo. Uma das atrações seria a Casa Número 1, construída para receber Henry Ford – que nunca pisou lá. O apito da fábrica até hoje soa quatro vezes por dia, como se anunciasse turnos de trabalho. Mais do que uma aventura inconsequente, para o autor, Fordlândia é uma parábola sobre a arrogância. Talvez a mesma que ajudou a compor o atual colapso de Detroit.

– MEC Notifica 35 Universidades Particulares

O MEC está trabalhando! Ontem, ele notificou alguns Centros Universitários (muitos conhecidos e próximos de nós) pelo número insuficiente de professores com Mestrado e Doutorado.

A seguir, a relação das instituições:

Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u601080.shtml

MEC NOTIFICA 35 UNIVERSIDADES PARTICULARES

por Ângela Pinho

O Ministério da Educação notificou ontem 35 instituições privadas de ensino superior que, segundo a pasta, não cumprem os percentuais mínimos de professores com dedicação integral ou com títulos de mestre e doutor estabelecidos pela legislação. Ao todo, elas oferecem quase 10% das vagas em cursos universitários no Brasil.

Elas terão 90 dias para resolver o problema. Caso continuem irregulares, estão sujeitas a processos administrativos que poderão culminar com o descredenciamento de cursos.

A medida atinge 11 centros universitários e 24 das 87 universidades privadas do país, como a PUC-MG e duas das maiores em número de alunos, a Universidade Presidente Antônio Carlos (MG) e a Universidade Salgado de Oliveira (RJ).

Sete das 35 instituições notificadas não poderão abrir novas vagas até comprovarem a regularidade da situação, já que a situação delas foi considerada mais grave.

A lei estabelece que as instituições de ensino superior devem ter um terço do corpo docente com dedicação integral. Para professores com título de mestre e doutor, centros universitários têm que respeitar a proporção de 20%, e universidades, de um terço. A diferença é que universidades têm mais autonomia para abrir vagas.

A Folha tentou contatar, na tarde de ontem, a Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares), mas ninguém atendeu os telefones disponíveis no site da entidade.

IES UF
Universidade Vale do Rio Doce MG
Universidade Santa Úrsula RJ
Universidade Salgado de Oliveira RJ
Universidade Presidente Antonio Carlos MG
Universidade Potiguar RN
Universidade Positivo PR
Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) SP
Universidade José Rosário Vellano MG
Universidade Iguaçu (Unig) RJ
Universidade Gama Filho RJ
Universidade Fumec MG
Universidade do Vale do Rio Sinos (Unisinos) RS
Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) SC
Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) SC
Universidade de Sorocaba (Uniso) SP
Universidade de Santo Amaro SP
Universidade de Cruz Alta (Unicruz) RS
Universidade de Caxias do Sul RS
Universidade da Região de Campanha RS
Universidade da Amazônia PA
Universidade Católica de Petrópolis RJ
Universidade Católica de Pernambuco PE
Universidade Castelo Branco RJ
PUC-MG MG
Conservatório Brasileiro de Música RJ
Centro Universitário Radial SP
Centro Universitário Metropolitano de São Paulo (Unimesp) SP
Centro Universitário Luterano de Manaus (AM) AM
Centro Universitário do Triângulo MG
Centro Universitário do Distrito Federal DF
Centro Universitário de Santo André SP
Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas AM
Centro Universitário da Cidade RJ
Centro Universitário da Bahia BA
Centro Universitário Capital SP

– O Autoconhecimento Cristão

“Os jovens precisam se conhecer para saber em que são fortes e em que são fracos”

Muito boa uma entrevista do cirurgião neurológico, Dr José Augusto Nasser, a respeito do autoconhecimento. Compartilho os melhores trechos abaixo, extraído de:  http://www.cancaonova.com/portal/canais/entrevista/entrevistas.php?id=945

Dr José Augusto Nasser, que é cirurgião neurológico, ministra palestras por inúmeras universidades nacionais e estrangeiras sobre o autoconhecimento num mundo globalizado. Sobre esse assunto, o médico, que é autor do livro “Semeando dons, colhendo vocações”, fala ao cancaonova.com salientando a importância de nos conhecermos verdadeiramente a fim de descobrirmos nossos dons, limitações e vocações de forma a amadurecermos com discernimento.

cancaonova.com: Como o senhor define autoconhecimento?

Dr. Nasser: Autoconhecimento é todo caminho de aprofundamento na identidade da própria pessoa. Os pais têm muita limitação para ajudar os filhos a se conhecerem, pois estes são educados no conhecimento sobre as coisas exteriores, mas não se conhecem a si mesmos. Identificam-se apenas com aquilo que os outros dizem que eles são.

Depois de uma certa idade, as pessoas acham que alguma coisa está errada, porque não é possível que elas estejam com aquele rosto… Elas se sentem mais jovens. Todos nós vivemos a vida inteira dentro de uma certa idade e maturidade e nunca nos vemos como pessoas idosas, não temos essa autopercepção.

Nós estamos sempre “pendulando” entre um ponto e outro diante das pessoas e dos lugares onde estamos. Como é bom refletir sobre isso para amadurecer a ponto de sermos a mesma pessoa em todos os lugares. E só é a mesma pessoa em todos os lugares quem se conhece, quem sabe o que é valor, quem amadurece e sabe escolher. A partir daí, é possível ter liberdade de escolha, porque já se sabe o que é certo e o que é errado. São pessoas que têm discernimento.

Sabedoria é um dom de Deus que independe do quanto você conhece das coisas do mundo, mas depende de quanto você reconhece as coisas de Deus.

cancaonova.com: O que é fundamental para nos conhecermos?

Dr. Nasser: É necessário que façamos o que chamamos de história de vida. Escrever a sua história de vida para identificar nela tantas coisas que o levam a agir, hoje, de uma forma intempestiva e agressiva, porque ela [vida] é machucada. Mas o que a machucou? Qual o trauma na vida dessa pessoa? É aquele famoso exercício de conhecimento da sua própria história, derramamento de um amor que cura através do perdão, da reconciliação e do arrependimento. Quanta coisas são emocionais e precisam de nome? Quando eu coloco nome naquilo que eu sinto, aquilo perde o valor e o poder dentro de mim. Essa é uma viagem dentro do seu inconsciente. É preciso, então, escrever a sua história com o consciente, depois, vamos trabalhar um pouco mais o inconsciente. E só há uma Pessoa poderosa que pode ir ao seu inconsciente e curá-lo: Jesus Cristo. Quanto mais você dominar aquilo que em você é interior, mais estável você ficará e receberá a paz. A paz de Jesus é exatamente isso: quando Ele plenifica você por dentro. Aí, você se sente uma pessoa com muita capacidade.

cancaonova.com: Com a correria do dia a dia, é comum as pessoas esquecerem-se de si mesmas ou “deixarem a si mesmas para depois”. Que problemas isso traz ao longo do tempo?

Dr. Nasser: Imaturidade crônica. São os adultos infantis. Deus nos falou que deveríamos ter um coração de criança, pois “os corações puros verão a Deus”. Mas as pessoas confundem isso com infantilidade. O Senhor não falou que as pessoas que vão para o céu são as imaturas. Ele disse “sede santos como vosso Pai é santo” e caminho de santidade é o caminho onde você se deixou transformar. As pessoas passam a vida, durante muito tempo, sendo reféns de suas fraquezas. Isso é muito mais do que um aprisionamento, elas estão como reféns. Dessa forma, elas não têm para onde olhar, sentem que a vida não tem graça, pois Deus não pode agir, porque não O deixaram. É mais fácil ouvirmos os conselhos do mundo.

– O Fim da Exigência do Diploma de Jornalismo

Ontem, o STF determinou o fim da exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Segundo o Ministro Gilmar Mendes, tal exigência “limitava a liberdade de expressão”. Em suma, qualquer um pode virar jornalista. Dane-se a faculdade, os estudos e os TCCs.

Seguindo a lógica, qualquer um pode exercer qualquer profissão sem especialização. Por que não cozinheiro virar médico, ou sambista virar juiz de direito?

– A Tecnologia a Serviço da Educação

São ações como esta que deveriam ser louvadas e incentivadas. Veja:

Extraído de: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI71842-15228,00-COMO+A+TECNOLOGIA+ESTA+TRANSFORMANDO+A+EDUCACAO+NA+AMAZONIA.html

COMO A TECNOLOGIA ESTÁ TRANSFORMANDO A EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA

Conheça três projetos que estão semeando esperança em povoados isolados no meio da floresta

Luciana Vicária, de Xapuri, Acre

Ainda está escuro quando Alessandro Nascimento calça os chinelos e escova os dentes. Com um caderno na mão, duas bananas na bolsa e o sonho de se tornar astrônomo, o menino de 9 anos enfrenta duas horas de caminhada até chegar à escola. Alessandro dorme na escola a semana toda. À noite, estende a rede no refeitório. “Assim não preciso caminhar tudo de novo. E aproveito para ver as estrelas”, diz o pequeno morador do Seringal São Pedro, no Acre, extremo oeste da Amazônia. Alessandro tem como ídolo o astrofísico Marcelo Gleiser.

Mais da metade dos 5 milhões de crianças que vivem na floresta não termina o ensino fundamental, de acordo com dados do governo do Amazonas. “É tarefa para caboclo iluminado”, dizia o ex-governador do Acre Jorge Viana. As raríssimas formaturas na floresta são comemoradas com fogos de artifício, fogueira, quadrilha e até padre. Os alunos que terminam o ciclo básico (9ª série) aproveitam até para se casar na colação de grau. “A façanha equivale a um título de doutor”, diz o professor Lissandro Augusto, do Seringal São Pedro. Os alunos têm de vencer não só a distância, mas também a fome e a falta de recursos. Como não deixar se perder o sonho de Alessandro?

Tanto o governo federal quanto as entidades não governamentais já tentaram impulsionar o ensino na floresta. Na primeira tentativa, na década de 80, foi montada uma grande operação para construir escolas em locais isolados. Nos anos 90, o governo organizou caravanas para transportar os alunos de sua casa até os centros educacionais mais próximos. Nenhuma das tentativas vingou. “A solução não estava em vencer a distância fisicamente, mas em encurtá-la com tecnologia”, diz Marcos Resende Vieira, diretor da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed).

Foi assim que há dez anos a educação na floresta entrou em um processo lento – mas progressivo – de virtualização. Os primeiros resultados aparecem agora: a internet, os materiais em DVD e as videoconferências inverteram os números trágicos. A evasão escolar diminuiu 30%, os professores passaram a frequentar cursos on-line e o desempenho dos alunos melhorou 35%. Agora existe ensino médio na floresta.

A primeira grande experiência chegou com o Telecurso, que foi adotado como política do Estado no Acre. Os professores têm apoio de materiais extras em DVD e contato permanente com especialistas de todas as áreas do conhecimento. “A nota das crianças aumentou 1,5 ponto. E a distorção idade-série, que atingia 52% das crianças, diminuiu para 30% nas salas do Telecurso”, afirma Vilma Guimarães, gerente de Educação da Fundação Roberto Marinho.

A segunda experiência acontece na fronteira da Amazônia brasileira com outros países. O Exército abriu seus 38 pelotões de fronteira para educar crianças a partir do 6º ano. “O objetivo era atender os filhos de militares em missões temporárias. Mas filhos de civis que moram na região também acabaram nos procurando”, diz o major Robson Santos Silva, membro da Abed. As crianças recebem material didático, têm o apoio de um tutor e acesso a um canal exclusivo na internet. “Quando os pais voltam para a cidade de origem, as crianças estão preparadas para prestar o vestibular.” A iniciativa beneficiou 1.600 alunos.

O terceiro grande projeto chegou recentemente, com a Escola Técnica Aberta do Brasil (Etec), uma iniciativa do Ministério da Educação. A escola oferece ensino fundamental e colegial técnico a distância a quem mora longe das grandes cidades. São mais de cem salas de aula na floresta e potencial para atender 30 mil alunos. As aulas a distância funcionam dentro de escolas que já existem, com professores e videoconferências. “Com pouco investimento, esse projeto deu grandes resultados”, afirma Helio Chavez, do Ministério da Educação. 

– Dia de Camões e da Comunidade Portuguesa

Hoje é Dia Nacional de Portugal, data que homenageia Camões, o poeta.

Como Camões foi um gênio, compartilho talvez o mais belo dos seus poemas, abaixo.

(Obs: a respeito das origens da data, visite: http://cyberteca.wordpress.com/2008/06/02/10-de-junho-dia-de-portugal-de-camoes-e-das-comunidades-portuguesas/)

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

– Educar é Contar Histórias

Cláudio de Moura e Castro, na sua coluna semanal em “Veja” – (pg 30, ed 10 de junho de 2009), traz um texto que talvez seja a essência da educação de hoje: Educar é contar histórias. Um artigo inteligente, que nos faz pensar: como professores, cativamos nossos alunos com nossa performance? Como alunos, sentimo-nos atraídos pelas narrativas e contos dos nossos mestres, a fim de aprendermos algo?

“Bons professores eletrizam seus alunos com
narrativas interessantes ou curiosas, carregando
nas costas as lições que querem ensinar”

Abaixo, o ótimo trabalho de Cláudio de Moura Castro:

EDUCAR É CONTAR HISTÓRIAS

De que servem todos os conhecimentos do mundo, se não somos capazes de transmiti-los aos nossos alunos? A ciência e a arte de ensinar são ingredientes críticos no ensino, constituindo-se em processos chamados de pedagogia ou didática. Mas esses nomes ficaram poluídos por ideologias e ruídos semânticos. Perguntemos quem foram os grandes educadores da história. A maioria dos nomes decantados pelos nossos gurus faz apenas “pedagogia de astronauta”. Do espaço sideral, apontam seus telescópios para a sala de aula. Pouco enxergam, pouco ensinam que sirva aqui na terra.

Tenho meus candidatos. Chamam-se Jesus Cristo e Walt Disney. Eles pareciam saber que educar é contar histórias. Esse é o verdadeiro ensino contextualizado, que galvaniza o imaginário dos discípulos fazendo-os viver o enredo e prestar atenção às palavras da narrativa. Dentro da história, suavemente, enleiam-se as mensagens. Jesus e seus discípulos mudaram as crenças de meio mundo. Narraram parábolas que culminavam com uma mensagem moral ou de fé. Walt Disney foi o maior contador de histórias do século XX. Inovou em todos os azimutes. Inventou o desenho animado, deu vida às histórias em quadrinhos, fez filmes de aventura e criou os parques temáticos, com seus autômatos e simulações digitais. Em tudo enfiava uma mensagem. Não precisamos concordar com elas (e, aliás, tendemos a não concordar). Mas precisamos aprender as suas técnicas de narrativa.

Há alguns anos, professores americanos de inglês se reuniram para carpir as suas mágoas: apesar dos esplêndidos livros disponíveis, os alunos se recusavam a ler. Poucas semanas depois, foi lançado um dos volumes de Harry Potter, vendendo 9 milhões de exemplares, 24 horas após o lançamento! Se os alunos leem J.K. Rowling e não gostam de outros, é porque estes são chatos. Em um gesto de realismo, muitos professores passaram a usar Harry Potter para ensinar até física. De fato, educar é contar histórias. Bons professores estão sempre eletrizando seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, carregando nas costas as lições que querem ensinar. É preciso ignorar as teorias intergalácticas dos “pedagogos astronautas” e aprender com Jesus, Esopo, Disney, Monteiro Lobato e J.K. Row-ling. Eles é que sabem.

Poucos estudantes absorvem as abstrações, quando apresentadas a sangue-frio: “Seja X a largura de um retângulo…”. De fato, não se aprende matemática sem contextualização em exemplos concretos. Mas o professor pode entrar na sala de aula e propor a seus alunos: “Vamos construir um novo quadro-negro. De quantos metros quadrados de compensado precisaremos? E de quantos metros lineares de moldura?”. Aí está a narrativa para ensinar áreas e perímetros. Abundante pesquisa mostra que a maioria dos alunos só aprende quando o assunto é contextualizado. Quando falamos em analogias e metáforas, estamos explorando o mesmo filão. Histórias e casos reais ou imaginários podem ser usados na aula. Para quem vê uma equação pela primeira vez, compará-la a uma gangorra pode ser a melhor porta de entrada. Encontrando pela primeira vez a eletricidade, podemos falar de um cano com água. A pressão da coluna de água é a voltagem. O diâmetro do cano ilustra a amperagem, pois em um cano “grosso” flui mais água. Aprendidos esses conceitos básicos, tais analogias podem ser abandonadas.

É preciso garimpar as boas narrativas que permitam empacotar habilmente a mensagem. Um dos maiores absurdos da doutrina pedagógica vigente é mandar o professor “construir sua própria aula”, em vez de selecionar as ideias que deram certo alhures. É irrealista e injusto querer que o professor seja um autor como Monteiro Lobato ou J.K. Rowling. É preciso oferecer a ele as melhores ferramentas – até que apareçam outras mais eficazes. Melhor ainda é fornecer isso tudo já articulado e sequenciado. Plágio? Lembremo-nos do que disse Picasso: “O bom artista copia, o grande artista rouba ideias”. Se um dos maiores pintores do século XX achava isso, por que os professores não podem copiar? Preparar aulas é buscar as boas narrativas, exemplos e exercícios interessantes, reinterpretando e ajustando (é aí que entra a criatividade). Se “colando” dos melhores materiais disponíveis ele conseguir fazer brilhar os olhinhos de seus alunos, já merecerá todos os aplausos.

Claudio de Moura Castro é economista
claudio&moura&castro@cmcastro.com.br

– O Crescimento das Universidades Corporativas no Brasil

Incentivadas nos EUA, as Universidades Corporativas estão crescendo cada vez mais no Brasil. Segundo Veja.com (nota abaixo), só no nosso país elas aumentaram 2.400%. Da reconhecida mundialmente Kellog’s University (sim, a do tradicional “sucrilhos”), à outros modelos, veja o panorama no Brasil:

Extraído de: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/universidades-corporativas-crescem-brasil-468630.shtml 

UNIVERSIDADES CORPORATIVAS CRECEM 2400% EM 10 ANOS

Por Luiz De França

Nascidas na década de 1970 nos Estados Unidos, as universidades corporativas (UCs) desembarcaram no Brasil nos anos 90 – em 1999, eram apenas dez em todo o país. Passada uma década, o número de empresas que investem nesse modelo de formação e aprimoramento de funcinários cresceu 2.400%, atingindo 250 unidades, segundo estimativas da professora Marisa Eboli, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), que organiza um ranking entre as companhias nacionais.

Para a especialista, o avanço do ensino corporativo se deve à necessidade de atualização permanente dos funcionários. “A velocidade da informação e das descobertas em todas as áreas do conhecimento é tão acelerada que o sistema de ensino formal não dá conta das novidades”, explica a professora. “No cenário de economia global, em que sustentabilidade e competitividade precisam andar juntas, as empresas tomam para si as rédeas do ensino”.

Na avaliação da professora, as empresas colhem ganhos evidentes com o investimento. “São consequências naturais da valorização dos funcionários: há melhora na qualidade do trabalho e a criação de um laço de compromisso dos colaboradores”, diz. No último levantamento feito pelo Guia Você S/A EXAME, 95% das 150 melhores empresas para se trabalhar em 2008 disseram adotar um modelo de educação corporativa como forma de apoiar o desenvolvimento pessoal e profissional dos empregados.

Centro de treinamento – Vale lembrar que o termo “universidade” na modalidade corporativa é uma espécie de marca fantasia, pois a instituição não é reconhecida pelo Ministério da Educação. A qualificação feita por ela está geralmente associada a instituições de ensino superior, principalmente quando há curso de pós-graduação envolvido.

Outro dado relevante: apesar de semelhanças, as universidades corporativas em nada lembram os programas de treinamento convencionais. Enquanto estes tentam solucionar deficiências individuais dos funcionários em relação a determinado conhecimento técnico, as universidades trabalham as necessidades da empresa de modo amplo. “A universidade corporativa é uma ideia abstrata que disponibiliza o conhecimento de forma organizada, assim como as instituições de ensino superior”, destaca Lucilaine Bordin Bellacosa, gerente de Desenvolvimento de Pessoas da CPFL Energia.

Na opinião de Armando Lourenzo, diretor da Ernst & Young University, o avanço das universidades corporativas não significa o fim dos centros de treinamentos, a partir dos quais muitas das UCs evoluíram. “O treinamento vai continuar sendo mais uma ferramenta para aprimorar as competências dos negócios”, acredita. Em março, a Ernst & Young University, braço da gigante de prestação de serviços na área de auditoria, recebeu o prêmio de melhor universidade corporativa brasileira, concedido pelo Centro Internacional de Qualidade & Produtividade dos Estados Unidos (IQPC, em inglês).

Mesmo confiante no crescimento das UCs no Brasil, Lourenzo ressalta que o alto custo para montar e manter uma unidade é um fator limitador da expansão do modelo no país, principalmente para as pequenas e médias empresas. Uma alternativa pode ser a aposta em universidades setoriais, que prestam serviço a um segmento da economia – e não apenas a uma empresa. “O Brasil já tem alguns exemplos de universidades setoriais, mas ainda são muito incipientes.”

Universidades corporativas são modelos para ascenção na carreira

Francisco Sobrinho tinha 20 anos quando começou a trabalhar como mensageiro de hotel, em 1978. Trinta e um anos se passaram e agora ele é responsável por 12 dos 24 hotéis da bandeira Ibis. Ele atribui boa parte da escalada profissional à Academia Accor, a primeira universidade corporativa do Brasil, introduzida pelo grupo hoteleiro francês Accor em 1992.

“Graças à academia tive oportunidade de aprender, aperfeiçoar meus conhecimentos adquiridos na prática e me desenvolver profissionalmente”, afirma Sobrinho, que concluiu no passado sua primeira graduação em administração. “O que eu vi na faculdade não era novidade porque eu já tinha uma base sólida dada pela academia”.

Segundo o diretor da Academia Accor América Latina, Jacques Metadier, uma das funções da instituição é identificar e preparar talentos para assumirem cargos de liderança na empresa. “Para isso, todo o funcionário que entra na companhia passa obrigatoriamente por nossa academia”, explica. Atualmente, a instituição é responsável por fomentar 60 novos cargos de gerentes, subgerentes e 200 postos de chefia para cerca de 60 empreendimentos do grupo previstos para os próximos dois anos na América Latina.

O Brasil foi o segundo país a implementar o programa de educação dentro do grupo. Só no ano passado, 19.000 treinamentos foram realizados. Metadier resume da seguinte maneira os ganhos da empresa com a academia: “Melhor e rápida integração de novos colaboradores, maior produtividade e foco no negócio e satisfação deles em trabalhar conosco”.

– A Inteligência e as Drogas

Interessante, e ao mesmo tempo preocupante, a reportagem da Revista Época, ed 573 de 11 de maio de 2009, sobre as drogas que as pessoas tomam para se tornarem mais inteligentes.

Nela, há uma sequência de ações e efeitos colaterais daqueles que se tornam dependentes químicos, buscando reações psíquicas a respeito da tentativa de “turbinar o cérebro”. Há uma narrativa das drogas utilizadas para o aumento da inteligência, e personalidades que fazem uso de tais artifícios, que vão desde a Cocaína (erroneamente utilizada) a drogas sintéticas (no final da matéria).

Extraído de: Revista Época, ed 513

Existe Remédio para ficar mais inteligente?

Maurício não é um workaholic. Engenheiro de 40 anos, gerente de uma seguradora, ele acredita que a esta altura da vida tem direito a aproveitar suas horas livres nas baladas, viagens, leituras, esportes e namoros. É por isso que ele toma Ritalina, um remédio indicado para portadores de síndrome de deficit de atenção (TDAH). Maurício não sofre de deficit de atenção. Mas diz que, quando toma a droga, sua capacidade de concentração aumenta e ele trabalha seis horas sem intervalos. “Sou chefe de 40 funcionários e preciso funcionar a qualquer custo.”

Maurício (o nome é fictício, para proteger sua identidade) diz tomar Ritalina apenas uma vez por semana, quando seus prazos para a entrega de relatórios apertam. Ele afirma que a droga o ajuda a encarar planilhas recheadas de números, elaborar relatórios com rapidez e falar com desinibição em reuniões. “Como me recuso a trabalhar mais de nove horas por dia, preciso render mais nesse tempo.” Ritalina é um remédio de tarja negra. Deveria ser consumido apenas por pessoas que precisam dele e têm uma receita médica para provar isso. Mas conseguir a receita não é muito difícil. Maurício obteve a sua de um amigo psiquiatra. Outros usuários pesquisam os sintomas conhecidos do deficit de atenção, marcam consulta com um psiquiatra e dizem sentir aquilo. Alguns compram cartelas de amigos. Ou pela internet.

A Ritalina – que atua como um estimulante do sistema nervoso central (entenda seu funcionamento no quadro) – está longe de ser a única droga usada para incrementar a eficiência do cérebro. Há milênios o ser humano testa receitas de vários tipos. Entre aquelas em voga hoje está o Gingko biloba (uma erva de origem chinesa que supostamente melhora a circulação de sangue no cérebro e a transmissão de impulsos entre os neurônios), a cafeína (um estimulante que melhora a concentração), a nicotina e diversas anfetaminas. Também vem ganhando adeptos no mundo um estimulante genericamente conhecido como modafinil, desenvolvido para tratar narcolepsia (uma sensação de sonolência exagerada). O modafinil, assim como o café, restaura o desempenho cognitivo em pessoas com sinais de fadiga.

No Brasil, o remédio que tem por base o modafinil se chama Stavigile. “Como a droga é nova aqui, muitos médicos ainda não a conhecem e por isso não a receitam”, diz a neurologista Rosa Hasan, coordenadora do Departamento de Sono da Academia Brasileira de Neurologia. “A Anvisa autorizou seu uso para tratamento de narcolepsia, mas em muitos países ela é usada por pessoas que têm trabalhos noturnos.” Ou executivos que precisam evitar os efeitos do fuso horário em viagens de negócios.

Outra droga capaz de incrementar o funcionamento do cérebro é o donepezil, vendido sob a marca Aricept. Ele é um dos remédios aprovados pela FDA (Food and Drug Administration, o órgão regulador de medicamentos nos Estados Unidos) para reduzir a perda de memória característica do mal de Alzheimer. Um estudo publicado em 2002 na revista Neurology concluiu que pilotos que tomaram donepezil melhoraram seu desempenho. Eles fizeram manobras complicadas com mais precisão e reagiram a situações de emergência melhor que os demais pilotos da experiência, a quem foi dada uma dose de placebo (comprimidos sem droga nenhuma).

Há mais de 600 drogas para distúrbios neurológicos em
desenvolvimento. Várias estarão prontas em alguns anos

E esses são apenas os remédios disponíveis hoje. Segundo uma recente pesquisa da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, cientistas de diversos laboratórios estão trabalhando em mais de 600 drogas para distúrbios neurológicos. A maioria delas deverá ser reprovada pelos órgãos reguladores de saúde, mas é provável que muitas estejam em farmácias do mundo inteiro nos próximos anos. Cada uma dessas drogas mexe com algum dos processos químicos que regulam a atenção, a percepção, o aprendizado, a memória recente, a memória de fundo, a capacidade de tomar decisões, a linguagem. Espera-se que, com elas, pacientes com deficiências como Alzheimer, demência ou deficit de atenção consigam levar uma vida mais próxima do normal. Mas remédios desse tipo costumam atrair um mercado bem além do seu público-alvo original.

“O uso das drogas psicoativas por indivíduos saudáveis vai se tornar um evento crescente em nossa vida”, disse o pesquisador Gabriel Horn, que liderou a pesquisa de Cambridge. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o Viagra e seus congêneres. Originalmente destinados a homens com problemas de ereção, tornaram-se rapidamente campeões de venda porque milhões de pessoas sem sintomas decidiram experimentá-los, seja para garantir o desempenho depois de uma balada, seja para incrementar a rotina com uma parceira.

O mesmo parece estar ocorrendo com a Ritalina. Suas vendas no Brasil triplicaram em cinco anos, atingindo mais de 1 milhão de caixas em 2006. Existem pelo menos 12 comunidades dedicadas à Ritalina no site de relacionamentos Orkut, com quase 5 mil participantes. Muitos estão nessas comunidades para discutir os problemas reais de deficit de atenção que os acompanham desde a infância. Mas sobram comentários sobre os efeitos da Ritalina no organismo de uma pessoa sem deficiência. “Mesmo depois de ter acabado com duas cartelas, fiquei com vontade de tomar mais”, diz um adolescente na comunidade Amigos da Ritalina, cuja foto de identificação é um garoto sorrindo dentro de uma caixa de cereal.

Em outras comunidades, encontram-se anúncios de venda do remédio. “Vendemos pela internet há mais de três anos”, diz um deles. A demanda parece corresponder. “Preciso comprar esse medicamento, mas não tenho receita médica…”, diz uma adolescente. Por R$ 25, compra-se uma caixa do remédio, despachado pelo correio.

Segundo o neurologista Anjan Chaterjee, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, estamos diante de um novo fenômeno social, que em 2004 ele apelidou de “neurocosmética”. Ele acredita que daqui a alguns anos o uso de drogas para melhorar o raciocínio será tão aceitável quanto a cirurgia plástica. Não há dúvida de que existe demanda para isso. Dos idosos ávidos por combater os sinais de envelhecimento; dos trabalhadores submetidos a uma pressão crescente pela produtividade; até dos pais e mães que fazem questão de dar o máximo de oportunidades a seus filhos. Se é verdade que vivemos hoje na era do conhecimento, como dizem tantos gurus e sociólogos, é natural que as pessoas cobicem a ferramenta dessa era: cérebros melhores.

Em alguns ambientes, essa competição já está em curso. Um estudo da Universidade de Michigan, citado em reportagem recente da revista New Yorker, concluiu que 4,1% dos universitários de 119 faculdades americanas usaram estimulantes sem receita médica em 2004. A revista científica Nature fez no início do ano passado uma pesquisa informal com seus leitores (a maioria cientistas). Das 1.400 pessoas que responderam, 20% disseram que já haviam tomado Ritalina, modafinil ou algum betabloqueador (droga que reduz a ansiedade) com o intuito de estimular a memória ou melhorar a concentração. A pressão por resultados explica essa tendência. Nem sempre o intuito é melhorar o desempenho. Muitas vezes, trata-se de manter o desempenho normal e conseguir uma energia extra para usar na vida social. É o caso de Maurício, citado no início da reportagem. Ou de Fábio (também nome fictício), um estudante de engenharia de Campina Grande, na Paraíba. Ele diz tomar cinco comprimidos de Ritalina por dia. “Acho que as 24 horas do dia são muito pouco para quem precisa estudar o que estudamos.” Ele diz usar o remédio para se concentrar nos trabalhos da faculdade durante a semana. O rendimento extra proporcionado pela Ritalina serve para deixá-lo livre no fim de semana.

O uso de drogas para melhorar o desempenho suscita questões éticas, além das médicas. A prática não seria equivalente ao doping dos atletas, tão condenado? Mais: na pesquisa informal da Nature, a maioria dos 1.400 respondentes se disse contra a oferta de remédios para as crianças que não tivessem deficiências, mas cerca de um terço afirmou que ficaria tentado a dar drogas a seus filhos se descobrisse que os pais das demais crianças estivessem dando. Numa sociedade já tão competitiva, não estaríamos todos pressionados demais a nos drogar? Como diz Elaine (de novo, um nome fictício), gerente na mesma seguradora de Maurício, que também faz uso da Ritalina: “Eu recomendaria o remédio para alguns dos meus funcionários mais lentos, para que eles acompanhassem meu ritmo”.

No entanto, há um bom grupo de defensores dos neurocosméticos. Em dezembro, acadêmicos renomados como os neurologistas Michael Gazzaniga, da Universidade da Califórnia, e Martha J. Farah, da Universidade da Pensilvânia, publicaram um artigo na Nature em defesa do “uso responsável” de medicamentos para aumentar a concentração, assim como estímulos para que os alunos durmam melhor e pratiquem exercícios físicos. “As sociedades têm usado drogas para potencializar o cérebro durante toda a história”, diz o neurocientista inglês Steven Rose, autor do livro O cérebro no século XXI – como entender, manipular e desenvolver a mente? (Editora Globo). “Se há pessoas que cursam escolas de elite ou usam o privilégio de uma classe social mais elevada para alcançar o sucesso, por que os estimulantes para o cérebro deveriam ser proibidos?” Em recente reportagem sobre drogas para o cérebro, a revista The Economist defendeu seu uso: “Se os cientistas conseguirem desvendar os segredos do Universo com auxílio da química, tanto melhor. Se a química ajudar a aumentar o espectro da vida humana, os benefícios poderiam ser enormes”.

A principal questão, aí, seriam os efeitos colaterais. O café – um relativamente poderoso estimulante – tem vários efeitos colaterais e é aceito há séculos pela sociedade. Como disse Larry Squire, um pesquisador da área de memória da Universidade da Califórnia, à revista Scientific American: “Pode-se dizer que toda a história desse campo de pesquisa tem se concentrado no controle dos efeitos colaterais de drogas que já conhecemos”.

Há outra questão que o uso de remédios levanta, e ela é ainda mais difícil de responder. Afinal, o que é inteligência? Vários usuários de Ritalina afirmam que seus efeitos estão no campo da concentração, na velocidade e disposição com que se entregam ao trabalho. Dizem que, uma vez ordenadas as ideias, a droga ajuda a pô-las em prática. Mas afirmam que, se as ideias não estão lá, o remédio apenas cria uma disposição infrutífera. “Você não cria nada, só executa melhor”, diz Maurício. Há até o risco de executar demais: tornar-se prolixo, falar mais alto que o desejável, ficar aflito. Disso eu posso falar com conhecimento de causa. Para escrever esta reportagem, tomei dois comprimidos de Ritalina. À primeira vista, o efeito foi positivo. Eu me senti confiante para executar a tarefa, as palavras saíam fáceis, o bloco de anotações quase podia ser deixado de lado – eu lembrava de tudo. O chato foi reler o que escrevi. Na primeira revisão, desfez-se a minha ilusão de brilhantismo. Percebi que a memória não tinha melhorado tanto quanto a impressão de que ela tinha melhorado. Não sei dizer se minha confiança vinha do aumento da capacidade ou da diminuição da autocrítica. Percebi que meus reflexos melhoraram muito – mas meus dotes analíticos, não. Tive de refazer todo o texto.

Segundo a neurologista Martha J. Farah, esse resultado decepcionante se explica porque os efeitos dos estimulantes cerebrais em algumas formas vitais de inteligência, como pensamento abstrato e criatividade, foram muito pouco estudados até agora. “A literatura disponível trata de tipos de raciocínio enfadonhos: quanto tempo você consegue ficar em vigília enquanto olha para uma tela à espera de uma luz piscar”, disse ela à New Yorker.

Mesmo assim, os avanços da ciência rumo à melhoria do funcionamento do cérebro são incontestáveis. Uma das maiores promessas para o desenvolvimento de novas drogas são os ampakines, compostos que atuam sobre o neurotransmissor glutamato, essencial nos circuitos ligados à memória. Curiosamente, drogas à base de ampakines servem tanto para melhorar a memorização quanto para apagar fatos do cérebro (isso acontece porque o processo de desaprender algo é similar ao de aprender, segundo os neurologistas). O esquecimento pode ser muito útil não para apagar um caso de amor não correspondido, como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, com Jim Carrey, mas para tratar distúrbios pós-traumáticos ou mesmo reprogramar o cérebro para se livrar de um vício.

O segredo para o desenvolvimento de drogas assim não é tanto o estudo de substâncias químicas, e sim os avanços no entendimento de como funciona o cérebro humano. Esse é o tema da próxima reportagem.

As drogas dos gênios

 FRANCIS BACON (1561-1626)
Além de fumar
cachimbo , o filósofo, político e escritor costumava usar o tempero de açafrão para estimular o cérebro. Ele acreditava que o consumo da especiaria ajudava a deixar os ingleses “animados”

           

HONORÉ DE BALZAC (1799-1850)
O
café era usado pelo escritor francês para dedicar até 16 horas seguidas ao trabalho. Especula-se que o consumo excessivo tenha agravado os problemas cardíacos que o mataram

           

JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
O filósofo francês fumava dois maços de cigarro por dia, quando não os trocava por charutos ou pelo cachimbo. Alguns trechos de seu livro
O ser e o nada são dedicados ao tabaco

           

SIGMUND FREUD (1856-1939)
Aos 28 anos, o criador da psicanálise publicou um artigo sobre os benefícios da
cocaína – droga que ele chegou a consumir e receitar para pacientes. A substância ainda não era ilegal, nem se sabia quanto viciava

           

CHARLES BAUDELAIRE (1821-1867)
O poeta autor de
Flores do mal e Paraísos artificiais usava ópio , éter e haxixe para aliviar as dores da sífilis, doença que contraiu ainda jovem. As drogas têm um papel de destaque em sua obra

           

ALDOUS HUXLEY (1894-1963)
O escritor inglês, autor de
Admirável mundo novo, indicou as substâncias alucinógenas para expandir os limites da mente no livro As portas da percepção. Inspirou Jim Morrison, do grupo The Doors                                                                                     

– Empreendedores, Consumistas e Infiéis

Calma, essas caracteristicas surgiram em decorrência dos últimos trabalhos realizados em sala de aula. Vamos lá:

Com o oitavo semestre, discutiu-se, baseado em argumento de Peter Drucker, sobre Comportamento versus Personalidade Empreendedora. E debatemos sobre o ensino do empreendedorismo. Nesta atividade, boa resposta de Graziela Mulbach Santini, que disse: “Acredito que não se ensina empreendedorismo, mas ensinar a observar e perceber as oportunidades. Aproveitá-las ou não, aí sim é questão de comportamento“.

Já o sétimo semestre, envolvido com o assunto “consumismo“, teve a oportunidade de dissertar sobre o “despertar da necessidade de consumo”. José Carlos Ferreira de Morais escreveu que: “Toda empresa nasce, porque existe por trás dela a necessidade de consumir produtos, seja para seus negócios ou para alimentar suas necessidades da vida. Até aí nenhum administrador influenciou o consumo, pois primeiramente há uma necessidade. Entretanto, o administrador pode ver a oportunidade de aumentar o consumo estabelecendo novos produtos e uma boa política de marketing”. Em outras palavras, o consumismo é inato do homem, e as empresas apenas o exploram.

Por fim, o segundo semestre falou da fidelidade às marcas. Valéria Vaz representou em sua resposta a maior parte das respostas da sala: quanto a ser fiel a uma marca, ela disse que: “Não, procuro sempre o que está na moda e a moda sempre muda, não dá para ser fiel apenas uma marca (…)”.

– O Ranking das Escolas, segundo o Enem

E saiu o resultado do Enem. Para a surpresa de muitos, os melhores colégios do país não estão em SP. Em contrapartida, já era esperado que as escolas particulares estivessem na ponta.

Extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u557685.shtml

Veja, abaixo, o ranking das escolas e em que posição a sua instituição se encontra:

Para ter acesso ao ranking, clique em:

 http://media.folha.uol.com.br/educacao/2009/04/28/enem-ranking.pdf

Quase 90% das escolas públicas têm nota abaixo da média no Enem

Das 26 mil escolas que foram avaliadas pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), 74% obteve nota abaixo da média nacional que foi de 50,52 pontos. Na rede pública, o índice de estabelecimentos com resultado inferior à média chega a 89%. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgou nesta terça-feira os resultados por estabelecimento de ensino em 2008.

Mais uma vez, foram as particulares que conquistaram os melhores resultados no exame. Das 20 melhores escolas, 15 são particulares e a maioria se concentra na Região Sudeste. Outras 6 mil escolas ficaram sem conceito porque tiveram número insuficiente de alunos participantes.

Pelo segundo ano consecutivo, o campeão do Enem foi o Colégio São Bento, do Rio de Janeiro. A média total obtida pela escola – incluindo a prova objetiva e a redação com correção de participação – foi de 80,58 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. São 30 pontos a mais do que a média nacional divulgada em novembro pelo Inep. Administrado por padres beneditinos, o colégio só recebe alunos do sexo masculino. A mensalidade para o ensino médio varia de R$ 1.616 a R$ 1.752.

Entre as escolas públicas, o melhor resultado ficou com o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. A média obtida pelos alunos foi de 76,66 pontos, o terceiro melhor resultado no ranking geral.

– Quando as inutilidades da Internet perturbam o conceito da rede

Quantas vezes ouvimos falar que a Internet é a “janela do mundo”? Que ela é o exemplo concreto da Globalização? Que sem internet um estudante não conseguirá nada? E tantas outras frases apológicas sobre a Rede Mundial de Comunicação por Computadores…

Mas, segundo levantamento feito recentemente por uma associação científica norte-americana, divulgada por diversas mídias, somente 6% das informações divulgadas na rede são úteis e verdadeiras. Os outros 94% de dados são falsos, sem comprovação científica, com apologia a crimes e outras barbaridades mais. E é esse o ponto de discussão: o que é bom e o que é ruim na Internet? Como filtrar os bons sítios ou sites que devemos nos relacionar?

É claro que a Internet não é só informação ou trabalho, mas também diversão e entretenimento. Vide as comunidades virtuais, como Orkut, ou modismos, como Second Life. Mas muitas vezes as inutilidades formam erroneamente a mente das pessoas, bitolam ou deturpam a índole e os propósitos dos menos esclarecidos.

A Internet é ótima, basta saber usá-la. Ou é péssima, pois engana, mente, e vicia. A propósito, é grande o números de grupos, na mesma medida do bem-sucedido Alcoólicos Anônimos, que surgem com o nome de Internautas Anônimos.