O árbitro Rafael Rodrigo Klein (FIFA-RS) cumpriu à risca o que era esperado dele, por parte da Comissão de Arbitragem. A propósito, a Comissão Consultiva Internacional o considera hoje um “modelo de árbitro”, pois entende que ele sabe deixar o jogo correr, não marca qualquer faltinha e conversa pouco com jogadores. E dentro dessa expectativa, o jogo transcorreu “mais ou menos” dessa forma.
“Mais ou menos” pois a Regra 3, a que fala sobre a autoridade do árbitro, não foi cumprida. Hoje, as Ligas escolhem se mantém como sempre foi (ninguém conversa com o árbitro, mas há aquela flexibilidade para encostar nele e falar alguma coisa), ou se optam pela permissão de que somente o capitão converse com o juiz, e todos os demais atletas não possam, sendo passível de cartão amarelo. A CBF optou pela segunda opção, e isso foi visto em duas ou três rodadas apenas. Parece que temos uma “terceira via” em nosso país: todo mundo pode falar com o árbitro, reclamar, gesticular, e ninguém é advertido.
Outro ponto de Klein, negativamente: não se esforçou em ter tempo de bola rolando. Embora não marque as faltinhas forçadas, permitiu a cera absurda dos goleiros (por exemplo: o goleiro Rafael, quando percebeu que seu time ficaria com 10 atletas pelo atendimento a Wendell, ficou caído em campo ganhando tempo para que seu time voltasse a ter 11 jogadores; ou Weverton, que em um raro momento de pressão adversária, caiu para esfriar o jogo), tampouco acelerou as cobranças de faltas (apesar de não marcar tanta falta quanto ao conterrâneo gaúcho dele, Anderson Daronco, demorou para o reinício e isso quebra a dinâmica da partida).
Demais pontos importantes:
A possível 6ª substituição:
Lucas Canetto Bellote, o 4º árbitro, foi ao vestiário com a informação de que Wendell poderia ter uma suspeita de concussão por parte da equipe médica do São Paulo FC. Em confirmando, você tem a substituição adicional permitida (ambas equipes podem efetuar uma troca exclusiva). O Palmeiras reclamou nas palavras de João Martins, em entrevista coletiva pós-jogo, que o árbitro Rafael Rodrigo Klein esqueceu de permitir a alteração. Nada disso! O que ocorreu é que não foi aberto o protocolo de concussão, pois o médico do SPFC não entendeu que existiu esse fato (lembremo-nos: médicos têm responsabilidade e não podem forçar um atestado para tirar proveito de uma situação). Dessa forma, nem Palmeiras e nem São Paulo fizeram a 6ª substituição.
Expulsões das Comissões Técnicas:
O bandeira 1 chamou o árbitro para expulsar Max Cuberas e o quarto-árbitro para expulsar Abel Ferreira (esse, já tinha amarelo por reclamação). Ambos receberam o Vermelho Direto (portanto, Abel não só cumprirá a automática, mas levará mais um Amarelo para a conta). Todos por reclamação excessiva.
A verdade é que Zubeldía e Abel, juntamente com suas comissões técnicas, infernizam o trabalho do quarto-árbitro (relatei anteriormente em outra postagem: com os quarto-árbitros que conversei dias atrás, ouvi que precisam fazer “terapia” para aguentar tão chatos comportamentos). Lembrei-me dos anos 90: em jogos do São Paulo no Morumbi, sempre se escalava Valter José dos Reis, excepcional bandeira e que brincavam ser “surdo do ouvido esquerdo”, pois Telê Santana passava todo momento reclamando a ele, que fingia não escutar e o ignorava.
IMPORTANTE: A expulsão de Abel, ressalte-se, se deu por DESCONHECIMENTO DA REGRA: O Palmeiras partiu para o ataque, um atleta do São Paulo fez uma falta técnica (daquelas para “matar o jogo”, que Felipão sabia orientar muito bem), mas o árbitro corretamente aplicou a vantagem, que se concretizou. Abel esperneou pois queria que, ao sair a bola, o infrator recebesse o Amarelo. Porém, a regra mudou: agora, se é uma falta técnica para Amarelo, mas a vantagem se concretiza, não se aplica o Amarelo pois o intuito da infração era atrapalhar o ataque, e isso não aconteceu. Em faltas mais violentas ou de natureza diferente, continua-se aplicando o cartão.
Gol do Palmeiras:
Aqui, não se pode levar a questão como interpretativa, é objetiva: o bumbum do defensor estava centímetros à frente da última parte jogável do atacante (o ombro). Leio na Internet muita gente tentando considerar parte do braço, para dizer que estava impedido (aí não vale, não se pode jogar com as mãos). Tudo isso se resolveria com o impedimento semi-automático que a FIFA disponibiliza em seus torneios.
