– Raízen deixa a FEMSA sozinha no Oxxo.

A engarrafadora FEMSA, que distribui a Coca-Cola no Brasil, é dona do Oxxo.

Originários do México, FEMSA e Oxxo se associaram à Raízen (que representa a Shell no Brasil e que vive prejuízo lá grandes). Após algum tempo (e sem nunca dar lucro), a Raízen abandonou a sociedade no varejista… abaixo:

O FIM DO SONHO OXXO E O VELHO CUSTO BRASIL

Por Willians Fiori, extraído do seu LinkedIn, em: https://www.linkedin.com/in/will2703?utm_source=share&utm_campaign=share_via&utm_content=profile&utm_medium=ios_app

A Raízen anunciou sua saída da operação do Oxxo no Brasil. Encerramento da joint venture com a mexicana FEMSA, iniciada com pompa em 2019. O sonho era grande: 5 mil lojas de conveniência. A realidade bateu duro: 611 unidades, todas em SP, e prejuízo desde a largada.

A operação nunca deu lucro. A Raízen — pressionada por reestruturações e endividamento — decidiu focar no que domina: energia, combustível e conveniência acoplada aos postos Shell. Já a FEMSA ficou com o Oxxo, o centro de distribuição em Cajamar e a missão de provar que o modelo mexicano pode prosperar por aqui.

Mas vamos ser francos: o Brasil não é o México.

Falo com propriedade. Lá pelos anos 2010, toquei um projeto de distribuição da Hypermarcas em redes como AM/PM, Ipiranga e Shell Select. Liderei a entrada de marcas como Olla, Jontex, PomPom, ZeroCal e Finn nesse canal de conveniência. É um mercado promissor, fora do radar das grandes varejistas, mas de uma complexidade logística absurda.

Você lida com entregas em janelas restritas, estoque mínimo, rupturas frequentes, margem espremida e um consumidor exigente e apressado. Some a isso a burocracia municipal, carga tributária interestadual, informalidade massiva e uma folha de pagamento cara. Bem-vindo ao Custo Brasil.

A Raízen saiu com dignidade. Suas ações subiram após o anúncio. O mercado enxergou foco estratégico, alívio financeiro, e o abandono de um projeto que queimava caixa sem dar retorno. E isso também é gestão.

Já a FEMSA segue apostando — vai tentar acelerar o Oxxo sozinha. Mas agora o palco é só dela. E a conta também.

Cinco aprendizados que essa história escancara:

O Brasil exige tropicalização real. Modelos de sucesso importados sem adaptação local viram prejuízo em tempo recorde.

Escalar sem margem é ilusão cara. Crescer rápido não significa crescer bem.

Foco é potência. Voltar ao core business não é retrocesso — é sobrevivência inteligente.

Joint venture é casamento. Se os objetivos se desencontram, o divórcio é inevitável.

Quem conhece o chão da loja decide melhor. Distribuição no Brasil é campo minado. Quem só olha o Excel, tropeça.

No fim, o Brasil segue sendo esse país onde o PowerPoint aceita tudo — mas a operação, não. E no varejo de proximidade, não basta estar perto do cliente. É preciso estar perto da realidade.

(Imagem extraída do LinkedIn citado acima)

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