Há algum tempo, Abel Ferreira foi santificado no Parque Antártica (e por um período de tempo menor, a presidente Leila Pereira). Pudera, conquistar dois títulos da Libertadores seguidamente era um feito em nosso país comparável ao Santos FC de Pelé e ao São Paulo FC de Telê Santana. Não importava se alguém argumentasse que na primeira conquista tivemos uma campanha iniciada por Vanderlei Luxemburgo e continuada pelo “Professor Cebola”, o discreto assistente. O mérito foi todo creditado ao Abel Ferreira, e aí nascia uma idolatria.
– Criticar o comportamento de Abel?
Não pode, é heresia.
– Questionar o esquema tático?
Não o faça, é sacrilégio!
E como o futebol vive de resultados e toda seita precisa ver milagres concretos para crer, os abelistas que tanto se enervavam com qualquer pessoa que discordasse do outrora imaculado treinador, começaram a ficar preocupados. Foi não conquistar algum título mais desejado (como o Brasileirão passado) ou perder para o grande rival (o Corinthians), que a descrença brotou no coração dos crentes por Abel.
Mesmo com um elenco caro e jogadores renomados, o time do Palmeiras vive de cruzamentos e revive o “Cucabol” (não gosto desse termo, mas ele foi cunhado lá no próprio Verdão). Isso tem irritado os admiradores do português.
Abel, por sua vez, se mostra incomodado e parece até querer sair. Comete “sincericídio” quando critica a diretoria e até mesmo, pasme, a torcida. Curioso que, autor do livro “Controle Mental”, não demonstra estar no comando das suas emoções….
Pior: ele não aceita pergunta que não o agrade. Veja o chilique que teve ao ser questionado pelo ótimo jornalista Pedro Marques, da Jovem Pan, na sua coletiva. Só aceita agenda positiva?
Lembrando: Abel foi expulso por fazer bobagem e por desconhecimento da regra na final do Paulistão (vide aqui: https://wp.me/p55Mu0-3CO), mas não vemos contestação de que errou por parte da diretoria.
Some-se tudo isso e questione-se: ele agiria assim na Europa? Teria tanta falta de cobrança de seus superiores?
Talvez esse estilo bronco-truculento combinaria mais com o Oriente Médio, onde algum príncipe ou emir garantiria que não existisse reclamação ao seu trabalho ou contestação qualquer, pela cultura local desses países não-democráticos e autoritários…
A sensação é: Abel quer ir embora.
De que jeito? Numa boa, pagando multa, ou forçando?
Aí não é comigo…
