– Os dois erros importantes da arbitragem em São Paulo 1×0 Novorizontino.

Edina Alves Batista não foi bem nos dois lances mais exigidos na partida que aconteceu no Morumbi nesta segunda-feira. Durante o jogo, nada demais ocorreu, mas nas situações capitais… (inclusive, com um erro na própria súmula).

Vamos lá:

Aos 62m, Enzo Dias (SPFC) empurra com os dois braços seu adversário Wagninho (NOV), derrubando-o e lhe roubando a bola. Disso sai o lançamento a Oscar, que toca para Lucas, cruzando para Calleri fazer o gol. Repare que o jogador do Novorizontino está na frente do assistente número 2, Luiz Alberto Andrini Nogueira (mas talvez seu corpo esteja encobrindo o adversário, fazendo com que o bandeira não percebesse o empurrão). Edina está um pouco longe da jogada, e não viu também. E o VAR?
Lembremos: o VAR não é para interferir em decisões interpretativas / subjetivas do árbitro, respeitando a decisão de campo. Mas o empurrão é uma situação objetiva (não interpretativa), e não vista por ambos. É aí que entra o detalhe do Protocolo do árbitro de video: se ocorrer um “erro crasso”, ele deve alertar o árbitro. Nesse caso, o VAR José Cláudio Rocha Filho se omitiu equivocadamente e não avisou a árbitra. Todos erraram.

Aos 88m, Ferreirinha (SPFC) está no ataque e, na região da grande área, sofre um tranco de Patrick Brey (NOV). Édina entende como ato infracional e marca pênalti, com cartão amarelo (lembrando que já há algum tempo, a regra mudou: se for situação iminente de gol e for marcado um pênalti, ao invés de Cartão Vermelho, aplica-se o Amareloa International Board entende que pênalti e expulsão seria uma punição muito rigorosa). Após ser chamada pelo VAR, ela percebe que o lance ocorreu ainda fora da área, desmarca o pênalti e marca tiro livre direto, e retira o Cartão Amarelo de Patrick Ben, expulsando-o (fora da área, em situação iminente de gol, continua sendo Vermelho).
Repare que durante a jogada, o Árbitro Assistente número 1, Rafael Tadeu, fez o procedimento correto: ele estava acompanhando a linha da bola e, ao perceber a marcação do lance, recua e se posiciona na linha da área penal (é o “macete” da arbitragem para avisar o árbitro central de que foi fora da área, e não dentro). Edina, que estava bem longe da jogada, não observa o seu assistente. Se fosse pênalti, ele teria corrido para a linha de fundo de imediato. Acontece que: não foi infração! O tranco é permitido na Regra do Jogo. O tranco legal é uma disputa ombro-a-ombro, onde você visa a bola (como ocorrido). O “tranco ilegal” é quando você usa força desproporcional, ou quando se abandona a disputa de bola para atacar o adversário. Errou a arbitragem de novo.

Sobre “o que é tranco”, a Regra do Futebol diz:

“O ato de dar um tranco em um adversário representa uma disputa por espaço, usando o contato físico, mas sem usar braços ou cotovelos, e com a bola a uma distância de jogo.
É uma infração dar um tranco em um adversário:
– de maneira imprudente (significa que o jogador mostra desatenção ou desconsideração na disputa de um adversário, ou atua sem precaução). Não será necessária punição disciplinar se a falta for imprudente;
– de maneira temerária (significa que o jogador age sem levar em consideração o risco ou as consequências para seu adversário). Deverá ser punido disciplinarmente com cartão amarelo.
– com uso de força excessiva (significa que o jogador excedeu na força empregada, correndo o risco de lesionar gravemente seu adversário). Deverá ser punido disciplinarmente com cartão vermelho.”

No relato da súmula, a expulsão está redigida assim:

“Por dar um tranco em seu adversário em uma disputa de bola impedindo uma oportunidade clara de gol.”

Um bom advogado conseguirá anular a suspensão desse cartão, pois tranco é permitido no futebol. Ela precisava escrever que o tranco foi ilegal e como ele impediu a oportunidade de gol (empurrando com os braços, por exemplo, se assim fosse). É uma praxe da arbitragem explicar como foi o tranco, a fim de justificar o cartão, e ela não redigiu.

Me preocupa o seguinte: poucos árbitros foram usados no Paulistão. Claus, visivelmente foi poupado nesse ano, e Edina apitou quase toda rodada (11 jogos de 13 rodadas, sendo que não apitou todas pois esteve escalada em uma data pela Copa do Brasil em Arapiraca / AL – assim, somando FPF + CBF, foram 12 jogos em 47 dias). Como vai descansar e treinar adequadamente? Com 45 anos, pareceu-me cansada em campo.

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Imagem extraída de “Olhar Digital”.

2 comentários sobre “– Os dois erros importantes da arbitragem em São Paulo 1×0 Novorizontino.

  1. Professor, permita-me uma observação: sua análise está correta porém, hoje, para tudo há interpretação. Está aí, para mim, o grande problema da arbitragem: a interpretação. Veja bem: o árbitro de campo não marca pênalti porque interpretou que não foi empurrão do defensor no atacante. O VAR chama para revisão porque o empurrão foi de impacto suficiente para prejudicar o atacante. O que vale? A decisão do campo deve prevalecer, excluindo os lances realmente objetivos de falta que o árbitro não viu. O que viu e decidiu deve valer. Enfim, é uma longa discussão.
    Meu abraço.

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