– Entenda a Comissão-Comitê-Consultor de arbitragem da CBF:

Eu tive a cautela de esperar algum tempo para entender e escrever sobre a nova Comissão de Arbitragem da CBF. E, ao meu ver, parece ser mais uma grande “jabuticaba”. Ou seja: um modelo que só existe aqui.

Assim como a regra do chute na bandeira ou dos pênaltis de queimada, uma nova forma surgiu: há um Comitê, que supostamente é uma Comissão, onde um gestor orienta o trabalho de seus comandados. Paralelamente, nomes importantes da arbitragem palpitam sobre as decisões em forma de Consultoria ao Comitê, que acata ou não os aconselhamentos.

Em tese: Rodrigo Martins Cintra, ex-árbitro que se aposentou jovem, organiza os trabalhos da Comissão de Arbitragem com uma equipe com ex-bandeiras e ex-árbitros (Marcelo Van Gassen, Fabrício Vilarinho, Luiz Câmara Bezerra, Eveliny Almeida e tendo o nome mais conhecido o de Luiz Flávio de Oliveira, que ainda apita por São Paulo e deve parar). Na retaguarda, atualizando e palpitando está o ex-árbitro italiano Nicola Rizolli (apitou a final da Copa de 2014), o ex-árbitro argentino Nestor Pitana (apitou a final da Copa de 2018) e o ex-árbitro Sandro Meira Ricci.

Na prática: Cintra, que tem um estilo bem centralizador, será o chefe da Comissão de Árbitros. E da mesma forma que peitava jogadores, peitará cartolas (será inevitável). Luiz Flávio, que não tem o estilo de liderança, será apenas um contraponto pelo seu estilo low profile. Os consultores renomados, enfim, foram árbitros de destaque mas que não são cartolas com bagagem suficiente (Pitana ficou pouco dias como chefe da Comissão do Equador). Eles palpitarão e Cintra, se quiser, mudará ou não sua opinião.

Aliás, vide que a CBF copia a FPF, que trouxe o argentino Patrício Loustau (nesse caso, como chefe da Comissão). À boca pequena, fala-se que quem trouxe e tirou Seneme foi Reinaldo Carneiro Bastos, o verdadeiro chefe da CBF. Aliás, a mudança da CA da CBF aconteceu igualzinho ao que acontece na FPF: um ou dois meses antes do torneio principal acontecer, com a entidade ainda em compasso de espera.

A ironia: por muito tempo, Cintra, aspirante à FIFA, quase herdou o escudo internacional de Wilson Luís Seneme. E hoje, ele herda a cadeira do próprio Seneme.

Por fim: antes de Seneme assumir o cargo, tentou-se o português Victor Pereira (homônimo do treinador). Os clubes não gostaram da ideia. Eles, no fundo, preferem brasileiros (pela obvia facilidade de fazer pressão). Justo os clubes que contratam treinadores estrangeiros aos montes…  

Torço para que dê certo, mas não acredito que o modelo funcionará. Conheço, trabalhei e me relacionei bastante com Cintra, Luiz Flávio, Eveleny e outros. São / foram honestos e competentes dentro das quatro linhas. Mas todos serão marinheiros de primeira viagem.

Me chamou a atenção a frase de Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF: ele quer “um futebol mais alegre, disciplinado e purificado”. O que seria alegria, disciplina e purificação da arbitragem?

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