O Campeonato Chinês já teve um momento “árabe” de “Super League Pró”. Queriam dominar o cenário do futebol mundial, contratar estrelas e sediar o Mundial de 2026. Claro, sonhavam em conquistar uma Copa do Mundo.
Nosso querido Dr José Renato Nalini, “jundiaiense da gema”, em outra época enquanto Secretário de Educação, contou os planos da China para o futebol em sua coluna no Jornal de Jundiaí, há alguns anos, após conversar com as autoridades. Vide aqui: https://professorrafaelporcari.com/2016/08/07/china-e-seus-projetos-no-futebol/
Pois bem: o “Eldorado do Futebol chinês” foi se desfazendo, e muitos craques foram embora. Os planos mudaram, equipes quebraram e hoje o campeonato é diferente.
Do projeto inicial da China, um time continua forte: o Shangai SPIG (Shanghai International Port Group Co), que é de propriedade da empresa estatal que administra o gigantesco complexo do Porto de Shangai (hoje, o que mais movimenta dinheiro no mundo).
No começo do projeto, o treinador do Shangai era o português Vitor Pereira, que contava com os brasileiros Oscar e Hulk, além de outros craques. Com a mudança de cenário, das estrelas internacionais sobraram Oscar e Wu Lei, considerado por muitos o maior jogador local de futebol da história chinesa.
Ele, Oscar, é muito bem remunerado (recebe 24 milhões de euros anuais, ou se preferir, R$ 11 milhões de reais por mês, que segundo o jornal Lance, é o mesmo salário de Kevin de Bruyne e Erling Haaland no Manchester City – vide aqui: https://www.lance.com.br/lancebiz/financas/qual-e-o-salario-de-oscar-no-shanghai-port-da-china.html) e se cuida bastante fisicamente. No SPFC, deve receber aproximadamente 2 milhões de reais mensais.
Aqui, as duas observações:
- O São Paulo anunciou reestruturação das finanças e criou um fundo para ajudar a equacionar as dívidas. Tal salário (altíssimo para os nossos padrões), se viabilizado por patrocinadores, menos mal. Mas lembremo-nos: Daniel Alves veio de maneira parecida e o Tricolor Paulista está pagando salários para ele até hoje…
- Dentro de campo, como ele estaria? Por melhor que seja um atleta, quando você joga numa liga tecnicamente inferior, se perde competitividade pois, afinal, a exigência é outra. O Oscar do Chelsea estava na Premiere League, se comprometendo e doando ao máximo em altíssimo nível de disputa. No Shangai, os adversários são bem menos qualificados e a “auto-cobrança” pessoal muda de nível, afinal, o “sarrafo é outro”. Como chegará ao Brasil?
Entre todas as competições no seu país e na Ásia, o Shangai disputou 42 partidas (31 V, 5 E, 6 D), sendo que Oscar jogou 40, com 16 gols e 27 assistências. No Brasil, com muito mais jogos (em 2022, o Tricolor Paulista jogou 77 partidas; em 2023, 71; em 2024, 68), conseguirá repetir o bom desempenho e estar em ritmo competitivo?
Ninguém discute a sua qualidade técnica. Mas, sem a mesma exigência que se faz por lá, Oscar demoraria muito para “desenferrujar” e atuar em ritmo competitivo como absurdamente se exige, por exemplo, no Brasileirão? Sem contar que os números do aproveitamento do São Paulo no ano (55,34%) contra os do Shangai (77,77%), mostram que ele sai de uma equipe protagonista e está indo para uma que não consegue o mesmo destaque dos adversários na tabela.
Boa sorte ao Oscar.
