1. A Informação – Desde algum tempo, a EXA Capital de Pedro Mesquita (Ex-XP Investimentos), que um dia foi negociar com o Guarani de Campinas e se intermediou que o negócio se direcionasse ao Paulista de Jundiaí, mantém as tratativas para comprar a SAF do clube.
Mesquita, que intermediou as transações de Botafogo e Cruzeiro (mas nunca foi gestor de time de futebol, o Galo Jundiaiense seria a primeira empreita), pediu mais prazo para auditar as contas do clube. Dado o prazo, a Diretoria Executiva do Paulista FC reuniu o Conselho para “pedir autorização para continuar a negociar a SAF”. Entretanto, ninguém sabe o que foi oferecido, valores, condições ou outras situações – a não ser os pares bem próximos do presidente e vice do clube, que estão à frente da negociação.
2. A situação incômoda – A auditoria de Mesquita mostrou dívidas de R$ 87 milhões. Alguns conselheiros questionaram valores, cópia do contrato e, especialmente, o envolvimento do Estádio Jayme Cintra no negócio. Coincidentemente, um Suplente do Conselho pediu a expulsão dos conselheiros que mais faltaram às sessões e foi atendido. E eram justamente os que questionaram…
3. A consequência – No ano passado, sócios e conselheiros que protestaram contra a administração do atual presidente, foram suspensos por longo prazo. Estes, se somaram aos atuais opositores descontentes e expulsos, protestando na última 3ª feira (ontem), de maneira pacífica, pela falta de transparência e envolvimento do patrimônio do clube, o Estádio, nas tratativas pela SAF.
4. A minha opinião particular – Tudo o que não é transparente, não é legal. Qual o valor oferecido por Pedro Mesquita? Quais os prazos? Quem assumirá a gestão? De onde virão os recursos? Por quê a insistência pelo Estádio? Ninguém sabe.
Nenhuma SAF brasileira envolveu estádio no negócio, mas apenas a cessão dele para o time jogar. No modelo que se propõe, o Estádio Jayme Cintra vai para o investidor (e isso seria um péssimo negócio). Quando o investidor “se cansar da brincadeira”, o Paulista Futebol Clube jogará em que lugar, já que Jundiaí não tem estádio municipal e o Jayme Cintra, orgulho dos torcedores, estará nas mãos de outro dono? E, portanto, se confirmaria o que tanto se teme com a especulação imobiliária galopante em nossa cidade: derrubá-lo para fazer condomínios?
Entendo ser um péssimo negócio, financeiramente falando (ainda mais se confirmado que o investimento será a troco das dívidas). E me questiono: por quê alguém investiria num time de 4ª divisão regional, sem divisão nacional, por 10 anos, esperando retorno no caixa? Mas me admiro que ninguém questiona isso (ou explica a matemática!).
Eu sou a favor de SAF (como Botafogo, Coritiba), clube-empresa (como Red Bull Bragantino) ou com gestores internacionais (como o City Group no Bahia). Mas desde que seja bom negócio para ambos (e se saiba como são esses negócios). E também ressalvo: SAF não quer dizer excelência na gestão, há as boas ou ruins (e por isso a importância da comunidade jundiaiense discutir o modelo e as condições). Vejam Flamengo ou Palmeiras, que bem geridos administrativamente, dispensam tal modelo.
Me espanta o fato de que, “de uma hora para a outra”, o Estatuto foi aplicado e ter expulsado os opositores! Mas os conselheiros da situação, todos (sem exceção), além dos demais remanescentes, estiveram cumprindo todos os requisitos? Que não seja uma estratégia para “limpar” quem pensa contra, ou quem quer transparência (afinal, nomes históricos que colaboraram com o Paulista financeira ou politicamente foram alijados). Toda “canetada”, “censura” ou “imposição” não pode existir na democracia.
Por fim: por quê ninguém sabe as condições do negócio – exceto que Pedro Mesquita quer o Jayme Cintra – e outras nuances? Seria medo de se criticar o negócio financeiramente?
Repito e insisto: sou entusiasta de modelos SAFs no futebol, desde que sejam vantajosos. Para “perder o estádio”, aí não vale.
Fica apenas uma observação: há muito espertalhão que imagina tirar vantagem de uma SAF. Fica a pergunta para responder sem vacilar: o Botafogo (cuja SAF é de John Textor) é presidido por...
Lembrou?
O cartola do clube vira um mero desconhecido…
Por enquanto, não dá para ser contra ou a favor a SAF do Paulista nas mãos de Pedro Mesquita, pois não se tem nada no papel publicamente. Mas se o estádio for vendido, aí “é fria”. Lembremos: Paschoal Grassioto*, dono da Lousano, quase conseguiu fazer com que o Galo perdesse o estádio para seus rolos particulares, e só não o fez graças a duas pessoas: Adilson Freddo e o saudoso Cláudio Levada. Se o Paulista ainda o tem, deve a essas duas pessoas (e a história é pública).
Nada de radicalismo “para vender” ou “para não vender” a SAF. Que todos possam avaliar a viabilidade do negócio, sem interesses particulares, mas sim da comunidade do Tricolor Jundiaiense.
Sobre Paschoal Grassioto, ex-presidente do Lousano Paulista, uma nota antiga e interessante: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/12/30/ex-dono-da-lousano-e-preso-ao-tentar-embarcar-para-os-eua.htm

