Veja esse lance didático, da 7ª Rodada do Campeonato Mexicano de 2021, onde o árbitro foi protagonista e duas regras que mudaram recentemente, foram aplicadas (é muito inusitado).
O ataque do Cruz Azul dispara em contra-ataque e vence a defesa do Toluca. Ao chutar para o gol, a bola bate na trave e sobra para o uruguaio Jhonatan Rodriguez, que vê a meta aberta e chuta para fazer seu tento. Eis que o árbitro Óscar Macias cruza a frente do atacante (um erro de posicionamento primário do juizão, nunca você deve ficar na frente da bola, mas à esquerda dela, lateralmente). A bola bate em seu calcanhar e sai… salvando o gol!
Mas o que o árbitro deve fazer nesse caso (além de pedir desculpas)?
Antes, o árbitro era neutro. Ou seja: se a bola batesse nele, o jogo continuaria (como se batesse numa trave). Temos como grande exemplo o gol que bateu eme José de Assis Aragão num Palmeiras x Santos (relembre aqui na brilhante narração de Osmar Santos, uma pérola: https://www.youtube.com/watch?v=Fk50gmXse0o).
Hoje, a regra mudou: o árbitro é um corpo estranho! Se a bola bater nele:
– o jogo será paralisado pelo árbitro se a jogada virou uma situação de ataque por esse contato (e que anteriormente não era),
– idem se a bola entrar para o gol (portanto, não valeria o gol de Aragão hoje),
– idem se a posse de bola for para o adversário.
Só não será paralisada a partida se a bola bater no árbitro e acabar continuando em posse da equipe, sem ter mudado para uma situação de ataque.
E aí vem a outra mudança, mais silenciosa, que pouca gente não percebeu: extinguiu-se disputa de bola num “bola ao chão”!
Veja que curioso: quando a bola batia num corpo estranho, a partida era paralisada imediatamente, você chamava atletas das duas equipes e soltava a bola ao chão. Isso mudou:
– se uma bola bater num corpo estranho e esse toque não tiver algum prejuízo, segue o jogo sem paralisação;
– se o toque for relevante, paralisa-se a partida, reinicia-se com bola ao chão para quem tocou por último na bola (o que é mais justo). O adversário tem que ficar a 4 metros de distância (bem como os companheiros de quem vai reiniciar o jogo com o bola ao chão).
– se a bola bater no árbitro na grande área (e é uma exceção da regra), o bola ao chão é sumariamente ao goleiro.
Também não é mais permitido que quem cobre o bola ao chão, faça um gol. O motivo é: muitas vezes, dois atletas estavam esperando a bola cair ao chão e alguém, por Fair Play, dizia que devolveria a bola ao goleiro. Na prática, ele enganava o adversário, dominava essa bola, partia para o ataque e fazia um gol (e o “pau comia”). Hoje, isso não ocorre mais, já que só se pode fazer um gol após dois jogadores tocarem na bola depois do reinício de bola ao chão.
Pergunto: não seria legal se a FIFA explicasse melhor esses detalhes “escondidos” da regra?
Veja o lance, em: https://www.youtube.com/watch?v=AnDePZDqJ9w
