– Vai faltar árbitro no Brasil…

Na última rodada do Campeonato Brasileiro, já tivemos muitos árbitros novatos em testes no Brasileirão. Mais uma vez, diga-se de passagem.

Porém, Seneme, o chefe dos árbitros, vai ficar desfalcado de Raphael Claus, Wilton Pereira Sampaio, Edina Alves Batista e Ramon Abati Abel devido à Copa América e/ou Olimpiadas. E, queiramos ou não, falta árbitro para o Brasileirão.

Assim, Bráulio da Silva Machado, Anderson Daronco e Rafael Rodrigo Klein serão nomes que trabalharão “rodada sim, rodada também”. Só que precisamos de outros nomes, que, cá entre nós, não estão sobrando…

E por que isso acontece?

Pelo fato dos jovens árbitros que são trabalhados não serem capacitados suficientemente para grandes jogos. Os novatos juízes da FIFA brasileiros, como Paulo César Zanovelli ou Bruno Arleu, não conseguem desempenho bom para serem unanimidades nas escalas. Aliás, poucos são!

Diante dessa má renovação e da carência de bons nomes, fica a alternativa: importar árbitros! Ué, não temos tantos treinadores e jogadores estrangeiros no atual Campeonato Brasileiro? Por que não trazermos alguns apitadores também?

A vantagem de um árbitro estrangeiro é que ele chega aqui sem os vícios e medos dos brasileiros: ou seja, não torce para que tenhamos resultados favoráveis para ambas equipes (aquele típico 0x0 que acaba agradando a todos que têm medo de se lançar ao ataque) e nem fica preocupado com veto em escala futura, ele simplesmente apita e vai embora para o seu país (o árbitro local pensa duas vezes antes de expulsar, e se preocupa com a possibilidade de diretor de time grande ir à CBF pedir seu veto em jogos futuros).

Diante de tudo isso, fica uma constatação: falta coragem para a arbitragem brasileira nesse momento tão importante. Há uma geração que cresceu apitando em gramado sintético de condomínio, que nunca fez estágio apitando jogo na várzea ou na cadeia, que arbitrar uma partida no Morumbi ou no Maracanã, onde deveria ser a etapa derradeira da carreira, passou a ser o local onde começa a aprender o seu ofício. Não temos uma coerente planificação de carreira, nem uma escola nacional de arbitragem. O árbitro gaúcho é diferente do carioca, que é diferente do paulista, pois embora a regra seja a mesma, as federações estaduais têm os seus estilos e acabam influenciando a formação dos mais jovens. Assim, fica difícil promover a uniformização de critério no quadro.

Acrescente, ainda, outro fator: o árbitro fotogênico! Aquele “bombadão”, musculoso, que aparece bonitão na TV e impressiona pelo porte físico. E esse tipo de juiz faz com que outros, melhores tecnicamente do que ele, percam espaço. Já repararam que não temos mais árbitros baixinhos, franzinos ou negros sendo lançados? Criou-se um padrão estético, mas não de qualidade. E isso faz com que tenhamos mais “árbitros de laboratório”, criados em CTs de treinamento, do que os vocacionados, que surgem nos gramados ralos e terrões do país.

Percebem que esse fenômeno não é exclusivo da arbitragem, mas também aos jogadores de futebol? Quantos são escalados por terem empresário influente, boa aparência e marketing, e tantos outros capacitados ficam de fora… Atletas reclusos, mas craques, como Rivaldo e tantos outros, não teriam as oportunidades que muitos outros têm hoje.

Enfim, que os jovens escalados nesse período de competicões internacionais aproveitem a chance confiada pela Comissão de Arbitragem da CBF.

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