Amanhã trabalharemos com nossos alunos um Estudo de Caso sobre Socialização Corporativa, e como pano de fundo, utilizaremos a Legião Estrangeira.
A seguir, informações sobre ela. Abaixo, o estudo de caso:
LEGION, em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Legi%C3%A3o_Estrangeira_Francesa

(imagem retirada da Internet, capa do livro).
LEGIO PATRIA NOSTRA
Era uma noite fria e chuvosa de outubro de 1993 em Sarajevo. Refugiados bósnios estavam fugindo para salvar suas vidas das forças sérvias, quando um menino de 14 anos foi atingido. Sem hesitar, Bruno Chaumont saltou para fora da proteção da área arborizada em que estava e rastejou por 40 metros de campo aberto e lamacento sob o fogo de artilharia pesada para chegar até a criança. Chaumont estancou as feridas do menino, colocou-o nas costas e então rastejou de volta à proteção das árvores. Chaumont não era parente do menino nem pertencia às forças de defesa bósnia – nem mesmo era membro das forças de paz das Nações Unidas. Esse ato de heroísmo só poderia ser creditado a um membro da legião estrangeira francesa.
Muitas organizações empresariais se queixam de sua incapacidade de integrar pessoas de nacionalidades diferentes numa cultura organizacional comum, bem como de sua incapacidade de conseguir que seus membros atuem com eficácia em países estrangeiros.
Algumas dessas empresas poderiam aprender uma lição com a legião estrangeira francesa, cujo lema — Legio patria nostra — significa “A legião é nossa pátria”. Essa organização tem uma história de 150 anos de excelência competitiva num setor no qual o sucesso é medido em vida e morte e não em dólares e centavos. Grande parte do sucesso dessa organização pode ser atribuída a suas práticas de socialização claramente voltadas a instilar nos novos membros uma resposta de conservação.
A tarefa de socialização enfrentada pela legião estrangeira é colossal. Os recrutas provêm de mais de 100 países diferentes e precisam ser reunidos em um todo coeso, com seus membros dispostos a arriscar suas vidas em favor de estranhos. Longe de ser a “nata da safra”, a maioria dos candidatos à legião estrangeira é de criminosos foragidos, ex-detentos, membros desonrosamente desligados de exércitos regulares, ex-mercenários e outros homens que, por uma razão ou outra, fogem de seu passado. A legião estrangeira provavelmente é o único empregador no mundo que não exige nenhuma prova formal de identidade antes da contratação. Na verdade, o primeiro passo do programa de socialização é atribuir novos nomes e nacionalidades a todos os recrutas. Além de suas identidades anteriores, a maioria dos recrutas deve dizer adeus também à sua língua nativa, porque o multilingüismo não é bem-vindo. Há apenas um idioma oficial nessa organização: o francês.
Os novos recrutas são então despachados para treinarem em locais exóticos — as selvas da Guiana Francesa ou os desertos do Chade — e distantes de seus lares, familiares e amigos. Esse treinamento inclui o máximo de habilidades de combate, mas os padrões de proficiência são muito mais elevados do que os dos exércitos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Muitos não conseguem suportar as agruras deste treinamento e desistem, deixando apenas um pequeno núcleo de membros mais dedica-dos. Além de receber esse treinamento técnico, porém, os legionários são também imersos na cultura e tradição histórica da legião estrangeira. Os recrutas são levados a conhecer o museu da legião estrangeira, onde ouvem histórias como a de Jean Danou, que perdeu a mão e depois a vida no México, em 1863, quando ele e duas dúzias de legionários conseguiram defender uma posição contra dois mil inimigos. Os recrutas atuais passam a conhecer a mão mumificada de Danou, que simboliza a tradição de coragem e disciplina que ainda deve ser defendida por todos os recrutas.
Embora poucos empreendimentos possam desejar imitar todas as táticas de socialização praticadas pela legião estrangeira, existem nela lições a serem aprendidas por organi-zações, cujas metas de socialização implicam infiltrar as mudança nos recrutas. Transformar recrutas em membros adequados à organização exige a substituição das velhas identidades e padrões de comportamento por novas. A organização não alcança esse objetivo facilitando as coisas ao máximo para o novo membro. Ao contrário, ela instila mudança desvinculando os novos membros de seu passado e desafiando-os para um novo futuro.
Coleman, F. “Colonial Grunts no Longer”, U.S. News and World Reports, 1º de novembro de 1993, pp. 74-76.
Porch, D. The French Foreign Legion: A Complete History of a Legendary Fighting Force (Nova lorque: Harper Collins, 1991).
