Nunca uma palavra serviu tão bem para definir o que acontece no futebol brasileiro: histeria!
Ela foi usada no manifesto divulgado pelo Palmeiras contra as reclamações e xingamentos do São Paulo. O Verdão pede o fim da “histeria” no futebol brasileiro.
E aqui quero fazer a grande observação: cada vez que há algum erro de arbitragem contrário, os clubes fazem escândalos, reclamam, ficam histéricos e prometem reclamar até na FIFA. Mas quando os erros são a favor… fingem-se de surdos, entendem que o árbitro é humano e tergiversam.
Em qualquer lateral marcado contra o Palmeiras, o tecnicamente ótimo Abel Ferreira esperneia, grita, esbraveja, tem chiliques e atormenta a arbitragem. Mas quando o erro é a favor… cala-se. Aliás, uma bobagem falarem que ele sofre de xenofobia, pois ele não é criticado por vir de Portugal, da Espanha, do Japão ou de Tangamandápio, mas sim pelo discurso de moralizar o futebol brasileiro, com comportamento uníssono aos interesses da sua equipe, não do coletivo (me rendo ao discurso contrário se encontrar alguma declaração dele ou dos seus assistentes reclamando da arbitragem brasileira por terem sido beneficiados, pois aí não será hipocrisia, mas altruísmo).
E não é só Abel (mas principalmente Abel, pois ele tem vencido quase tudo). Vejam António Oliveira, tenho escrito dele desde o Cuiabá. Os gestos raivosos, estupefatos, histéricos e desnecessários dele ao receber (mais um) cartão amarelo no jogo Corinthians x Santo André assustam. E isso tudo serve para muitos treinadores no Brasil.
O fato é: quando há um erro contrário da arbitragem, os treinadores (muitos deles, que não se generalize) ficam histéricos. Quando há a favor, emudecem-se. Aí ficará apenas no discurso a ideia de “melhorar o futebol brasileiro”, de “ideias para ajudar o esporte”, entre outras coisas.
Realmente, chega de histeria. Chega de hipocrisia. Chega de más arbitragens. E que se avalie tudo sem a paixão clubística, que mascara a situação. Aliás, não é só no futebol que há essa pilhagem, mas na sociedade brasileira. É tudo dual: Certo ou Errado, Direita ou Esquerda, Abelista ou Anti-Abel, como se não existisse o bom senso, o meio-termo ou a ponderação.
