Patrício Loustau (ARG), 48 anos, ex-árbitro da FIFA, será o novo chefe dos árbitros da FPF. Dentro de campo, eu gostava bastante dele. Aposentou-se após duas finais de Libertadores.
Um histórico dessa boa aposta do presidente Reinaldo Carneiro Bastos:
Árbitro desde bem jovem, Loustau é a prova de que a experiência pode ajudar a melhorar alguém. Afoito quando entrou no quadro de árbitros da FIFA, expulsava demais e mantinha o rigor como sua marca (até com exagero). Com o passar dos anos, soube dosar muito bem suas atuações. Aprendeu usar a advertência verbal com mais propriedade e não “queimava cartões à toa”. É respeitado em seu país e pelos atletas que já jogaram com ele no comando do apito.
Em 2019, Patrício Loustau apitou Flamengo 5×0 Grêmio pela Libertadores, após ser criticado (injustamente) pela atuação em jogos anteriores do próprio Mengão (Internacional 1×1 Flamengo e Flamengo 0x1 Peñarol). Também foi ele o árbitro de Grêmio 0x1 Palmeiras, no mesmo ano.
Em 2020, apitou 6 jogos da Libertadores, com 33 cartões amarelos e NENHUM vermelho. Destaque para Internacional 0x1 Grêmio, uma guerra em Porto Alegre, e para a finalíssima entre Palmeiras 1×0 Santos. A propósito, ele gostava de “jogos nervosos” – me recordo de um Boca x River onde aplicou 14 Cartões, com 5 expulsões (foi um jogo marcante)!
Me lembro também da primeira vez que eu assisti um jogo dele, foi uma excelente arbitragem em Corinthians 4×0 Once Caldas, aqui: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2015/02/05/explicando-os-2-lances-polemicos-de-corinthians-4-x-0-once-caldas/
Seu histórico de amadurecimento ao longo dos anos mostrou que ter o discernimento de uma “bronca bem dada” ao invés do excesso de cartões (muitos árbitros escondem sua fraca autoridade atrás do excesso de Amarelos) é salutar. Prova disso, foram seus números de advertências reduzidas dentro de campo com o Cartão Amarelo, e as poucas queixas que recebeu nos últimos trabalhos.
Aliás, estar bem posicionado dentro do campo foi uma de suas características, o que fez com que ele recorresse pouco ao VAR, dando muita dinâmica ao jogo. Mas havia um defeito em seu estilo, que pode ser explicado pela sua nacionalidade: não coibia a contento a cera! E isso é perceptível nos jogos de argentinos, “contaminando os árbitros”: nas “milongas” para reiniciar a partida, os clubes argentinos, quando estão ganhando, demoram para colocar a bola em jogo. E esse retardamento passou a ser algo comum não só pelos atletas, mas um “aceite cultural” dos árbitros daquele país. Nada, evidentemente, que possa ser corrigido ou que influencie num placar.
Seu último grande jogo foi a final da Libertadores 2022, entre Flamengo x Athletico, fechando a carreira com chave de ouro.
Curiosidade: Patricio Loustau é filho de Juan Carlos Loustau, árbitro da final do Intercontinental de Clubes entre São Paulo x Barcelona (1992), além de ter atuado na Copa de 90. Arbitrar está em seu sangue.
Depois de tudo o que falamos sobre o árbitro Loustau, fica a expectativa: o cartola Loustau levará suas características aos seus comandados?
Foto: EDU ANDRADE/Fatopress / Gazeta Esportiva

