O Vasco reclama do gol anulado de Paulinho. Mas precisamos entender os motivos que levaram a isso:
Quando Piton cruzou a bola, Vegetti estava ligeiramente impedido (se fosse em um lance de Copa do Mundo, o impedimento semi-automático por IA iria alertar e o assunto morreria aí). É um lance em que a Orientação da Regra manda, em caso de dúvida, seguir para a posterior conferência (o bandeira permite a sequência para o VAR anular ou não).
No lance, há o chamado impedimento ativo (e duplo): além de participar da jogada cabeceando para o gol, ele mobiliza dois atletas adversários: Murilo e Weverton (que acho até que falhou, mas em tese, o jogo deveria ter sido paralisado).
Mesmo Richard Ríos conscientemente tirando a bola (muitos colegas comentaristas entendem que “nasceu uma nova jogada” e o VAR não deveria revisar), ele não a domina plenamente e a joga influenciado pelo efeito do lance anterior. Ele quer tirar ela do bololô a todo custo. Ato contínuo saiu o gol vascaíno.
O protocolo manda revisar todo gol, e esse gol saiu de uma bola rechaçada que foi fruto de um lance irregular.
Não houve nenhuma paralisação do lance irregular ao chute para o gol, tudo ocorre rapidamente. Não há nenhum erro da arbitragem em fazer essa revisão.
Pense em um lance de “vantagem em pênalti” (muitos crêem equivocadamente que não existe vantagem em pênalti, mas ela existe e é rara em se dar): se um atleta sofre uma falta dentro de área, seu companheiro a vê sobrando na sua frente, a chuta para o gol e caprichosamente ela sai, o que era para se ter feito? Marcado o pênalti, pois nem sempre posse de bola é uma vantagem (o jogador pode estar desequilibrado, ansioso, ou ser o pior finalizador do time). Igualmente, nesse lance de domingo à noite: não se pode entender que Richard Ríos teve uma vantagem do impedimento não marcado e saiu “jogando numa boa”. A vantagem, no primeiro exemplo, seria marcar o pênalti; no de ontem, marcar o impedimento.
Eu insisto: na Copa do Mundo de 2022, tivemos o exemplo do gol do Equador contra o Catar, anulado pela IA. O gol sai, todo mundo comemora, e sem muita gente entender, é anulado por conta de outro jogador, num lance anterior, estar milimetricamente impedido. Comparando-os, é a mesma situação.
Acertou dessa vez a arbitragem.

Imagem extraída de Estadão.com