Errar no começo do jogo, dependendo da natureza do erro, é possível reverter o prejuízo. Mas quando o árbitro erra no último lance, não há o que fazer.
Aos 49m do segundo tempo, quando o Red Bull Bragantino vencia o América Mineiro por 3×2, uma bola é cruzada na área bragantina, sendo possivelmente o momento final da partida. Um atacante a domina e o goleiro Cleiton defende o chute.
Porém… quando todos esperavam o apito final do árbitro colombiano Jhon Ospina, surpreendentemente o VAR pede para esperar. Em um primeiro momento, ninguém vê irregularidade no lance. Repare no vídeo abaixo que a única dúvida era se Leo Ortiz, que pula com o braço levantado, teria tocado a bola ou não (e seria movimento antinatural). Mas a imagem mostra que não há qualquer contato.
Aos 53m, o árbitro ainda está decidindo no monitor, e entende que Aderlan cometeu pênalti por mão na bola. Reveja uma segunda vez no vídeo: Aderlan é o último defensor, que está de costas para a jogada, e a bola bate no OMBRO. Não é infração.
A propósito, em 2020, a FIFA definiu o que é mão / braço infracional, delimitando o limite das axilas, e esclarecendo que ombro não é infração. Vide aqui nesse link e veja a ilustração da International Board abaixo: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2020/08/07/as-novas-regras-do-futebol-e-as-orientacoes-da-cbf-para-os-juizes-no-brasileirao/
Você só pode marcar mão na bola se:
- ela for intencional (quis colocar a mão na bola); ou
- foi por movimento antinatural (deixou a bola bater no braço, ampliou o seu espaço para tirar proveito).
Resumidamente (já cansamos de escrever isso), uma bola que bate acidentalmente não é infração. E o detalhe: a bola bate no ombro* (vide acréscimos abaixo, atualizando), reforço, estando de costa. E mesmo que aparecer uma imagem melhor, mostrando que não foi ombro mas braço, ainda assim é movimento antinatural.
Se você tiver dúvida do que é o movimento antinatural, clique aqui: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2016/09/30/interpretando-corretamente-os-casos-de-mao-na-bola-e-bola-na-mao/
Portanto, NÃO FOI PÊNALTI, e com esse gol que aconteceu aos 54’56” de jogo, levou a partida para a cobrança de pênaltis.
Lembrando: falamos que o colombiano Jhon Ospina era inexperiente (tinha apenas 6 anos de campeonato colombiano) e que era um dos mais jovens no quadro da FIFA. Lamentavelmente, ele foi no embalo do VAR Yadir Acuña, que não é “primeira linha” da Conmebol, e sucumbiu à sua sugestão de revisão.
Teria a Confederação Sulamericana menosprezado o jogo ao escalar tão novato juiz? Vide que nomes famosos apitaram outras partidas nessa fase, e tanto no jogo de ida quanto o de volta entre o Red Bull Bragantino x América, apenas jovens sem experiência.
*ACRÉSCIMO: apareceu uma imagem da Paramount bem mais clara: não bate no ombro, mas na mão de Aderlan – estando de costa, em movimento natural. Portanto, não houve intenção, nem movimento disfarçado antinatural. Errou mesmo a arbitragem.
ACRÉSCIMO 2:
Para quem questionar a mão como infração, isso é perfeito:
BUSSACA, Chefe dos Árbitros da FIFA:
“Um jogador precisa de sua mão e de seu braço p/ correr, se equilibrar e saltar. Não se pode jogar sem a mão. O árbitro precisa fazer a leitura correta do lance. Não se pode dar falta a qualquer toque na mão. Isso é um absurdo.”

