Seneme não gostou da “amarelada” de Raphael Claus ao dar somente amarelo a Abel no último domingo. E ontem, o chefe dos árbitros disse em seu Programa na TV da CBF:
“Foi inusitado. O Raphael Claus tem muita experiência, é um árbitro com nome. Ele tentou administrar uma situação que para a regra do jogo não seria administrada com amarelo. A verdade é que a maneira como foi a relação, essa ação entre o Abel e o Calleri foi uma ação muito forte. Isso é uma ação de cartão vermelho. O cuidado que temos que ter é com o jogador. Por sorte o Calleri não foi para o confronto. Porque você imagina se um tivesse empurrado o outro. Se expulsa os dois do campo, quem seria o mais prejudicado? Quem tem o jogador ou o técnico expulso? Quem ficaria com um a menos dentro do campo. Por isso a regra é mais rigorosa com os técnicos. Por isso essa ação, que muitas vezes com os jogadores seria amarelo, com o técnico não. Para o técnico é uma ação de cartão vermelho. Por isso, na nossa visão, o cartão correto era o vermelho para o Abel”.
Lembremo-nos: por conta da Supercopa entre Flamengo x Palmeiras e o péssimo comportamento dos treinadores naquele jogo, Seneme determinou a “Tolerância Zero” (vide aqui: https://professorrafaelporcari.com/2023/02/04/seneme-esta-bravo-aumentara-o-rigor-dos-arbitros-mesmo/).
Já falamos em outra oportunidade: Abel Ferreira elogiou Claus anteriormente (o único aceito por ele), numa estratégia que funcionou. Os números também mostram isso: https://professorrafaelporcari.com/2023/06/12/ficou-barato-para-claus-por-sorte-abel-nao-o-expulsou/
Enfim: Seneme deu um puxão de orelhas em Claus (não vai suspendê-lo, pois precisa dele) e deixou um alerta aos demais árbitros nas entrelinhas: não deem privilégios ao Abel.
Aliás, o que ele tem de qualidade como treinador, tem na mesma proporção de briguento: arrancou o celular do jornalista, intimidou Calleri, e por aí vai.
Em tempo: Lugano, ex-zagueiro da ESPN, levantou algo observado por muitos: Abel cria as situações para tirar o foco dos atletas. Disse o uruguaio:
“Dá para perceber que ele está desesperado, todo fim de semana, para chamar atenção. Eu acho que é estratégia, não pode ser casualidade. Ele utiliza este modo de se comunicar, enganando, falando que fazendo isso o time vai jogar melhor. Eu imagino o capitão do Palmeiras, o treinador quer que você ganhe o jogo e ele insinua para a torcida que eu e meus companheiros jogamos bem ou tivemos força porque o treinador fez alguma coisa fora da linha. Eu ficaria p*** da vida, não aceitaria. Eu imagino os jogadores do Palmeiras um pouco constrangidos com isso. É falta de respeito ao jogador. Discutir com o árbitro já está errado, mas com o jogador adversário, botar o dedo na cara? Gritar na cara? E, além de tudo, o mais preocupante: ele estava no Morumbi, e essa atitude gerou uma discussão de violência no estádio. O torcedor mudou de humor. Por sorte não tinha torcida adversária. Não sei como o Calleri teve essa energia. Em outro momento, o futebol sul-americano, há 10 anos, essa atitude terminaria com o Abel no hospital, gerando uma violência difícil de conter. Calleri foi muito bem em diminuí-lo, e meio que falar ‘você está atuando para a sua torcida, está fazendo um teatro para chamar atenção’. Calleri foi muito mal depois, de aceitar as desculpas. Acho que não deveria aceitar as desculpas de um cara que grita na sua cara. Eu nunca vi isso. O treinador adversário gritar na cara de um rival, eu nunca vi no futebol porque, obviamente, terminaria em briga generalizada.”
Eu insisto: Abel traz para ele os cartões, evitando que os jogadores do seu time recebam advertências (vejam como dentro de campo o time é fair-play). É estratégia de jogo.
Atualizando: nos próximos dias, haverá uma “mini intertemporada” para os árbitros, onde ex-árbitros e treinadores de árbitros italianos (Gianvito Piglionica e Cristiano Ciardelli) palestrarão para os juízes, no evento chamado de “Seminário FIFA de Análises Táticas de Futebol para Árbitros“. Parabéns pela boa iniciativa, para mostrar outra visão do jogo para a arbitragem.
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