– E o Protocolo FIFA contra a Discriminação, desprezado pelos árbitros espanhóis nos casos de racismo contra Vinícius Jr?

Ontem, pela oitava vez na temporada do Campeonato Espanhol, Vinicius Jr foi alvo de insultos racistas (agora, na partida contra o Girona, na Catalunha).

Em 16 de março, Gianni Infantino tomou posse oficialmente em seu novo mandato como presidente da FIFA, e em meio a seu discurso, relembrou que era inadmissível o que estava acontecendo com o brasileiro (logo após o 7º caso de racismo), e cobrou que os árbitros espanhóis aplicassem o Protocolo FIFA contra a Discriminação (declaração aqui: https://onefootball.com/pt-br/noticias/infantino-advierte-que-arbitros-no-cumplen-protocolo-con-vinicius-jr-36988547).

Mas como funciona o Protocolo?

Em 3 etapas para coibir racismo, homofobia, sexismo, manifestações políticas e outros casos (explicado abaixo), as medidas vão de advertência pelo sistema de som do estádio, paralisação temporária do jogo e, na insistência, encerramento da partida.

A Conmebol, na oportunidade, foi CONTRA, alegando que existiam raízes culturais e que seria impossível evitar xingamentos como “puto”, por exemplo.

Sua utilização aconteceu na França pela primeira vez por cantos homofóbicos; no Brasil, utilizou-se em Vasco 2×0 São Paulo pelo Brasileirão.

Compartilho, extraído de: https://professorrafaelporcari.com/2019/07/26/os-3-passos-para-o-protocolo-fifa-contra-a-discriminacao-no-futebol/

OS 3 PASSOS PARA O PROTOCOLO FIFA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO:

Desde 15 de julho de 2019, a FIFA ampliou como norma mundial um procedimento em 3 etapas que adotou como “Protocolo contra a Discriminação”. Entenda isso com os exemplos de: Imitar Macaco / Jogar Banana (Racismo), Gritar “Bicha” / “Puto” no Tiro de Meta (Homofobia), Fazer gestos sexistas (ironizar uma atleta / oficial de arbitragem por ser mulher), cantar música que possa fazer alusão a jingles políticos ou gestos (cantos neonazistas) e ou manifestação religiosa preconceituosa (atos anti-semitas).

Se isso acontecer, 3 passos a serem providenciados pela arbitragem:

    1. Interromper o jogo, com o sistema de som e imagens do estádio advertindo a conduta. Se possível, identificar quem iniciou. Reiniciar em seguida.
    2. Interromper o jogo novamente por minutos, com a permissão de que se crie um intervalo e os atletas possam deixar o campo, ir aos vestiários e voltarem com tudo controlado / mais calmo. Somente aí o jogo é reiniciado.
    3. Interromper o jogo definitivamente, anunciar o motivo que será comunicado pelo árbitro às pessoas responsáveis pela informação aos torcedores e encerrar a partida.

Claro que tudo isso depende de qual ato e como tem sido feito. Mas é uma forma de advertir em 3 momentos uma torcida que não se comporta bem para o clube não perder os pontos do jogo por conta da conduta discriminatória dos seus aficcionados. 

Reforçando: isso já valia para jogos FIFA desde 2017, mas desde o dia 15/07/19 passou a valer mundialmente em qualquer tipo de jogo, de Copa do Mundo até à 4a divisão regional.

Na imagem abaixo, o quadro que relata os 61 casos de discriminação oficialmente contabilizados no futebol brasileiro em 2017:

Resultado de imagem para discriminação ao futebol

Sobre o primeiro uso, na França: https://professorrafaelporcari.com/2019/08/17/por-homofobia-pela-1a-vez-partida-e-interrompida-na-franca-pelo-protocolo-fifa/

NA FRANÇA, ÁRBITRO INTERROMPE JOGO DIANTE DE CANTOS HOMOFÓBICOS

Por Jamil Chade

O jogo da segunda divisão do campeonato francês, entre os modestos Nancy e Le Mans, entrou na sexta-feira para a história do futebol do atual campeão do mundo. Trata-se da primeira vez que, por conta de um comportamento homofóbico por parte da torcida, um árbitro decide suspender o jogo, ainda que por apenas alguns minuto. Os torcedores do Nancy devem ser punidos e o clube pagará uma multa. Mas foi o gesto do árbitro Mehdi Mokhtari que se transformou numa referência e abriu um amplo debate. A ministra dos Esportes, Roxana Maracineanu, foi a primeira a comemorar a decisão, tomada depois de uma pressão de governos para que a Uefa modificasse suas leis para permitir que uma partida pudesse ser alvo de uma interrupção, em caso de incitação ao ódio ou homofobia.

Em abril, o jogo entre Dijon e Amiens já havia sido suspenso por alguns minutos, desta vez por conta de ataques racistas. A decisão, naquele momento, foi dos jogadores. Agora, aos 27 minutos, foi a vez do árbitro assumir a decisão.

Jean-Michel Roussier, o presidente do Nancy, admitiu que a regra deve ser aplicada e afirmou ter ido encontrar, ainda durante a partida, com os representantes das torcida organizadas para alertar sobre a situação. Na França, a lei permite que um clube proíba a entrada de um torcedor que tenha sido identificado como autor de uma provocação homofóbica, racista ou que promova o ódio e violência.

Se na França a nova lei começa a ser aplicada, na Fifa o assunto já foi alvo de um acalorado debate. Com as seleções sul-americanas acumulando multas milionárias aplicadas pela Fifa, em diversos jogos das Eliminatórias, a Conmebol tentou explicar à entidade máxima do futebol que os cantos homofóbicos eram “culturais”. A Fifa se recusou a aceitar a explicação e continuou a multar as federações.

Resultado de imagem para Homofobia no futebol

Quando ele foi acionado mais à frente: https://professorrafaelporcari.com/2019/10/15/o-protocolo-fifa-foi-acionado-duas-vezes-em-bulgaria-0x6-inglaterra-mas-a-resposta/

NA EUROCOPA, CANTOS NEONAZISTAS E O PROTOCOLO FIFA:

m Sofia, capital da Bulgária, uma noite para envergonhar a humanidade. Durante o jogo válido pelas Eliminatórias da Eurocopa, torcedores búlgaros entoaram cantos racistas e nazistas aos jogadores negros ingleses, fazendo com que o Protocolo FIFA contra a discriminação (que engloba qualquer tipo de situação, incluindo homofobia, sexismo ou religião) fosse adotado por duas vezes.

Ao anúncio que no terceiro passo do Protocolo a partida seria encerrada, houve uma grande vaia na arquibancada ao invés de conscientização. Uma tristeza à espécie humana, dita “racional”…

Dentro de campo, a resposta foi boa: Bulgária 0x6 Inglaterra. Uma vitória não de uma equipe, mas a derrota dos preconceituosos.

Sobre o Protocolo FIFA citado, aqui: https://professorrafaelporcari.com/2019/07/26/os-3-passos-para-o-protocolo-fifa-contra-a-discriminacao-no-futebol/

A capa do jornal britânico foi perfeita. Abaixo:

No Brasil, a primera vez, em: https://professorrafaelporcari.com/2019/08/26/o-protocolo-fifa-contra-a-discriminacao-foi-usado-pela-1a-vez-no-brasil-mas-a-conmebol-nao-queria/

O PROTOCOLO FIFA NO CAMPEONATO BRASILEIRO
Muito se repercute a paralisação da partida entre Vasco da Gama 2×0 São Paulo por conta de gritos homofóbicos.
Três coisas importantes sobre isso: 

1- O árbitro Anderson Daronco não parou o jogo por ordem da CBF, mas sim por determinação do Protocolo FIFA de 3 etapas, visando o combate a qualquer tipo de discriminação(sexista, racista, política, entre outras tantas coisas).

Sobre o Protocolo FIFA, aqui: https://professorrafaelporcari.com/2019/07/26/os-3-passos-para-o-protocolo-fifa-contra-a-discriminacao-no-futebol/

2- Independente do Protocolo FIFA (que na etapa 3 das 3 existentes determina automaticamente que o jogo seja encerrado e o time cuja torcida praticar a discriminação tenha oficializada a derrota na partida), o TJD determinou que aqui no Brasil punirá conforme a intensidade da discriminação os clubes(independente do protocolo), podendo até sugerir que se percam os pontos do jogo apenas com os gritos, sem outras manifestações. Há de se aguardar!

3- A Conmebol quis que a FIFA não colocasse esse protocolo em vigor no dia 15/07/2019, justificando que em nosso continente existiam práticas culturais enraizadas e que não deveriam ser punidas. É mole?

É esperar se existirá uma punição para o Vasco por parte da CBF. Pela FIFA, não haverá!

Toda e qualquer forma de discriminação é um atentado contra a humanidade. E os árbitros são agentes importantes contra isso.

Imagem extraída de: https://unitau.br/noticias/detalhes/4870/discriminacao-racial-origem-e-consequencias-do-preconceito/

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