As divisões maiores são sempre um espelho para os árbitros que atuam nas categorias amadoras e no Profissional Sub 23.
Assim, considere: tivemos recentemente Copa do Mundo e agora a Rodada que está sendo chamada nos bastidores do apito de “Tolerância Zero” do Brasileirão. De tal forma, os que atuarem na 4ª divisão se sentem à vontade para tentar fazer a mesma coisa que aqueles que estão na mídia fazem.
Portanto, veremos nas escalas:
– Árbitros veteranos, em final de carreira, que estão chateados de apitar uma divisão menor e que não têm mais paciência com garotos. Dessa forma, as reclamações serão punidas com severidade e cartões (nesse caso, muitas vezes um rigorosíssimo vermelho ao invés de um amarelo).
– Árbitros jovens, tão afoitos quanto aos jogadores, querendo “mostrar serviço”. Correm demais, têm muita vontade de deixar o jogo rolar e acabam não marcando faltas reais, e por serem inexperientes, acabam se escondendo atrás dos cartões amarelos.
– Árbitros “a serem trabalhados”: que têm bom potencial, tendo nesta divisão a oportunidade de se aperfeiçoarem para galgar divisões mais altas. Esses, por sua vez, não aceitam “perder o controle do jogo” para as reclamações e pontualmente advertem.
Vimos nas últimas edições esses 3 tipos de árbitros dentro e fora do Jayme Cintra, mas com a diferença de que neste ano não aceitarão reclamações e darão mais tempo de bola rolando. Portanto, cuidado!
Por serem jovens, os jogadores acabam se desentendo mais com os árbitros e recebendo mais cartões, especialmente pelas muitas faltas de ataque. Confundem garra / gana com virilidade / excesso de força na disputa. Confundem também raça com pancada – e é típico da juventude. Se tivéssemos jogadores experientes no torneio, eles cadenciariam mais o jogo, acalmariam os ânimos e dosariam mais o esforço, posicionando-se melhor. Os jovens, usando de mais correria, são motivados pelos gritos da torcida – e isso explica os carrinhos laterais em bolas perdidas (que não serão alcançadas) – mas que o atleta insistirá para ouvir a ovação a ele (o chamado esforço físico desnecessário). Por outro lado, na primeira vaia ou nervosismo, perde a cabeça e dá um pontapé em alguém, xingando o árbitro ou adversário e sendo punido de maneira “juvenil”.
Reforço: o mesmo embalo que motiva (o chamado “dopping emocional”), remete ao descontrole proporcional na dificuldade. E aí o árbitro não tem como deixar de punir.
São observações e dicas para evitar cartões e expulsões, pois sabemos que os elencos são enxutos e temos um histórico de atletas abalados e que se perdem nas partidas.
Por fim, lembremo-nos: haverá árbitros bons e ruins para todos, mas os erros deles passam despercebidos se o time for bom. O que não existe é: “time perseguido”, um mantra perigoso que está sendo cantado na Série A do Brasileirão (vide a história de Abel Ferreira aqui: https://wp.me/p55Mu0-3eo ou sobre “cisma de juiz”, em: https://wp.me/p55Mu0-3eb).
Em tempo: os árbitros do Sub 23 realizaram pré-temporada na Fazenda do Ypê, o monumental Centro de Treinamento do Atlético Sorocaba (apesar do time estar desativado, a estrutura está a todo vapor para clubes de futebol).
E sobre as regras que entraram em vigor (algumas não serão observadas por não ter VAR nessa divisão), aqui: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2023/04/11/as-6-novidades-da-arbitragem-para-o-campeonato-brasileiro-2023/).
Imagem extraída da Web, autoria desconhecida.

