Abel Ferreira foi expulso de novo (agora contra o Cuiabá), e não foi por falta de aviso.
Desde fevereiro, quando ocorreu a final da Supercopa, avisamos que Wilson Luís Seneme (presidente da CA-CBF) estava muito bravo com o comportamento dele, e que colocaria ordem nos bancos de reservas – “e que se não fosse pelo amor, seria pela dor”, segundo suas palavras.
Dias atrás, na pré-temporada dos árbitros no RJ, reforçamos que a CBF iria punir o mau comportamento na área técnica (ou melhor: fazer cumprir que se exija uma postura mais decente).
Nessa última semana, insistimos que a CBF seria rigorosa com os treinadores e seus assistentes.
Para que não paire dúvida: questionado sobre o que faria com os árbitros que não cumprissem suas ordens, Seneme disse:
“– Eu resumiria, e vou explicar depois, assim: se não vai no amor, vai na dor. Depois de nove meses [no cargo de presidente da CA-CBF], a mensagem é clara para 2023. E esse jogo da Supercopa me deu uma referência excelente do que eu tenho que fazer para 2023. Provavelmente vai ser na dor. A instrução para os árbitros vai ser muito clara. Árbitro de futebol está lá para aplicar a regra do jogo. E ele, na sua autoridade, sem que passe do limite, pois de igual maneira será punido se passar, se for omisso a regra do jogo, vai ser punido, vai ser afastado, vai ficar em casa. Não vai ser em tom de ameaça, mas em tom de determinação (…)
O material na íntegra, com toda a sua fala e referência em: https://professorrafaelporcari.com/2023/02/04/seneme-esta-bravo-aumentara-o-rigor-dos-arbitros-mesmo/
Diante de tudo isso, com os chiliques que vemos à beira do gramado, o árbitro vai deixar de expulsar alguém que dê motivo?
Especificamente, sobre Abel Ferreira, minha opinião:
Não é porque ele tem conquistado importantes títulos, que ele tem o privilégio de fazer o que quiser na área técnica. Desde que chegou ao Brasil (e não estou nem aí se é português, italiano, coreano ou americano), o treinador se acha acima do bem e do mal quando o jogo está acontecendo. Reclama de qualquer arremesso lateral, contesta marcações corretas, e quando há erro… torna o jogo um inferno. Porém, nos erros favoráveis à sua equipe, se faz de morto. Diga-se o mesmo de seu assistente João Martins.
Aqui, não estou tratando da sua inconteste capacidade como treinador, tampouco suas virtudes ou defeitos pessoais (que nem os conheço). Trato apenas do péssimo comportamento de um treinador que quer apitar o jogo a todo momento.
Abel recebeu muitos cartões ao longo dos anos? Sim, e merecidos. Mas poderiam ser muito mais, se os árbitros não fossem INTIMIDADOS pelo fato das reclamações serem enormes (claro, porque há péssimos e medrosos juízes, que acabam fazendo vista grossa em advertir com Amarelo ou expulsar com o Vermelho, temendo serem criticados com o rótulo de que “perseguem” o português).
Ninguém persegue Abel Ferreira. Ele faz por merecer devido ao seu ruim comportamento. E aqui, um desafio: quando Abel tiver chance de trabalhar na Liga Italiana, na La Liga da Espanha, Bundesliga alemã ou Premier League da Inglaterra (SE for trabalhar lá algum dia), DUVIDO que ele tenha essa postura agressiva, mau educada e impositiva contra os árbitros.
Aqui, ele faz porque sabe da fragilidade dos árbitros e porque está com moral de campeão.
De novo: nada contra o cidadão Abel, mas tudo contra o unfair play do treinador. E não adianta dizer que ele reage dessa forma porque a arbitragem é ruim, pois ela é a mesma para todos os times.
Vanos combinar: chega dessa mania de torcedor dizer que seu time é perseguido, né (como justificativa para a forma como Abel reage)? É pura paixão. E para isso, mais um texto que convido à leitura: https://professorrafaelporcari.com/2023/04/07/o-complexo-de-perseguicao-da-arbitragem-sentido-pelos-torcedores/
Ops: na entrevista final do Paulistão, ele pediu para Claus dizer sobre seu comportamento em jogos dele, e Claus disse que nunca teve problema. É óbvio que conhecendo um árbitro que vai expulsá-lo, Abel muda de comportamento.
Foto: Marcos Ribolli

