No auge da carreira, durante os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, a ginasta Daiane dos Santos era favorita a uma Medalha de Ouro e falhou em sua apresentação, deixando escapar a tão sonhada premiação, ficando em 5o lugar. Naquela ocasião, a repórter da Rede Globo questionou se os juízes foram rigorosos com sua nota. Ela disse que não, as achou justas pelo que rendeu.
Perguntou de novo se ela não houvera sido melhor do que as concorrentes, e ela respondeu novamente: “não, fui eu quem errei e fui mal”.
Por uma 3a vez a jornalista perguntou se o mau desempenho se devia a uma lesão no joelho, e a atleta pacientemente disse que “o joelho não era desculpa para uma má performance”.
Na insistência da entrevistadora, a atleta assumiu toda a responsabilidade e disse:
“Eu fui mal, eu errei, a culpa é minha mesmo. No esporte você ganha e perde, e eu perdi. Não adianta arranjar outro motivo para esconder. Falhei e vou trabalhar.”
Tudo isso ilustra muito bem o pós-rebaixamento do nosso querido Paulista FC: Será que ouviremos um mea culpa da diretoria do Galo?
Assim como Daiane, alguém dirá:
“A culpa é nossa, planejamos mal, nossas contratações foram ruins e a queda se deve aos nossos erros na direção do clube?”
Não há outra coisa a não ser reconhecer tal falha. Nem da arbitragem (sempre sobra para os erros dos juízes…) o Paulista pode reclamar. Até a queda, em todos os jogos, sempre boas / regulares atuações, sem prejuízo ao placar.
Agora, além do desgaste na mídia (o vexame em cair por si só já é um fato desagradável e visto por todos), fica o financeiro: receberá por toda a série A2 cerca de 4% do que recebe atualmente. Ou seja, dos R$ 2 milhões da FPF a cota cai para apenas R$ 80 mil para o certame inteiro!
Se o time já tem uma alta soma a pagar para o Condomínio de Credores e ainda acumulados alguns milhões em dívidas, com as futuras receitas minguadas, o que fazer?
É torcer para que as forças vivas (e necessariamente endinheiradas) de Jundiaí assumam o clube. Assim como em 1968 e 1984, são apaixonados cidadãos jundiaienses que deverão lutar em 2015 para que o time suba para a Primeirona. E cito os dois primeiros acessos já que o último, já nesse século, estava na fase da parceria com a Parmalat, que depois se mostrou uma grande fonte de lavagem de dinheiro perante a Justiça.
Cá entre nós: com tantos clubes se tornando “novos ricos” da Europa graças a bilionários apaixonados por futebol (e por outros motivos também), seria tão bom que um príncipe árabe, investidor russo ou mecenas asiático pudesse capitalizar seus investimentos no Galo, não? Mas dinheiro grosso; nada de colocar trocados e querer retirar graúdos.
Claro que o rebaixamento é péssimo, mas aqui vai um pensamento otimista: às vezes, cair é bom para repensar e se reestruturar. Quem sabe esse efeito negativo não seja o condutor de uma nova e melhor fase?
Que o centenário Paulista Futebol Clube renasça das cinzas em 2015; mais forte, organizado e que continue amado pela cidade de Jundiaí.


