Depois do julgamento da Portuguesa no STJD que rebaixou a equipe do Canindé, o inconformismo ainda assola muita gente. Mas sejamos justos: houve um erro, é fato, e o que se busca é como puni-lo. Deste erro surgiu o benefício ao Fluminense de permanecer na série A. Se a pena foi rigorosa ou o cumprimento da lei tinha outro interesse por trás, não importa mais discutir. Mas o que se deve questionar – e muito – é: de onde surgiu o problema? Foi do advogado Sestário ou dos dirigentes lusos? De nenhum deles!
Surgiu de uma grande bobagem: Héverton, depois da partida encerrada contra o Bahia, foi reclamar e ofender o árbitro. Entrou no final do segundo tempo, e após o árbitro Ricardo Marques Ribeiro encerrar a disputa, correu em direção a ele e disse:
“P…, c…, você é um m…, está com medo dos da casa? Só isso de acréscimo, c…?”
Infelizmente, há jogadores que pensam que quando se apita o fim de jogo, o campo vira uma terra sem lei. Esquecem-se que o comportamento deve ser o mesmo dos 90 minutos, e que o árbitro pode expulsar ou amarelar qualquer jogador até deixar o gramado. Não teria que ser Héverton advertido pelo seu clube por receber um cartão vermelho depois do encerramento da partida e ter prejudicado sua equipe? Aliás, será que os atletas se preocupam como foi o julgamento deles? Buscam melhorar a conduta?
De um ato reprovável do atleta surgiu o imbróglio que rebaixou a Lusa. Mas isso mostra que os atletas não estão tão preparados para jogos importantes ou até mesmo para uma carreira de sucesso. Há de se ter boa conduta, preparo e equilíbrio emocional. E quando não se tem, “contrata-se” tudo isso.
Como?
Com um gestor de carreiras, um orientador ou em alguns casos, um assistente social. Muitas vezes, esse profissional funciona quase como uma babá, encobrindo polêmicas e outros desencontros. Vide o lateral do Fluminense Wellington Silva, flagrado em uma festa da comemoração do título do rival Flamengo com seu amigo Vágner Love. Ninguém orientou o rapaz que tal festejo poderia ser ruim para o desenvolvimento da sua relação de trabalho nas Laranjeiras?
Rildo, da Ponte Preta, é outro que merece atenção: bom jogador, mas tem como histórico uma covarde agressão pelo Vitória (cenas que rodaram o mundo pela brutalidade, como briga de rua), discussão com seu treinador Jorginho, causando afastamento de jogos e declarações de que gosta de atuar no estilo Várzea. Ora, não era melhor para a carreira dele se comportar como profissional, melhorar sua imagem e valorizar seu potencial?
Jogadores e clubes têm muita culpa nisso: atletas desconhecem regras do jogo, menosprezam aprendizado e aconselhamento psicológico, fazem vista grossa a orientadores educacionais e gestores de carreira. Isso, enquanto estão na ativa. E quando param? Estão preparados para a aposentadoria ainda jovem? Os clubes demonstram ajudar?
Enfim, fica a questão: os clubes devem ou não avaliar o comportamento dos atletas antes de contratar jogadores?
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Bom ponto de vista.
Com certeza são poucos os jogadores capazes de pensar lá na frente quando estão em campo. 99,99 % só pensa no momento.
Esquecem que o que fazem ali, no tal momento, pode respingar lá na frente.
Uns dizem que é difícil cobrar “inteligência” dos jogadores porque eles largam os estudos muito cedo, são sobrecarregados com os afazeres para ajudar a família, que surgem em comunidades pobres. Até posso concordar um pouco, mas educação, bom senso, respeito, isso tudo se aprende em casa.
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