Na noite dessa quarta-feira, os jogadores de futebol protestaram contra o calendário de jogos do Brasil, somado a uma série de reivindicações propostas anteriormente pelo movimento “Bom Senso”. Os atos foram diversos: em alguns jogos, eles cruzaram os braços antes ou depois do apito inicial, tocaram a bola por algum tempo de lado-a-lado, ou simplesmente ficaram imóveis, numa espécie de “manifestação por 1 minuto”.
Alguns atletas reclamaram que os árbitros foram orientados a “amarelar os rebeldes”, e, para o bem do futebol, os boleiros não se intimidaram. Mas a punição era razoável ou não?
Durante uma partida, se uma equipe demonstrar que não quer jogar (tocando a bola para os lados, evitando embates com o adversário, prendendo a bola com um atleta só, parando o jogo ou nitidamente desconsiderando a busca pela vitória) é atitude ANTIDESPORTIVA segundo a Regra 12 (infrações e indisciplina) e passível de advertência por cartão amarelo.
Mas quem disse que a turma do “Bom Senso” praticou essa dita “atitude antidesportiva”?
Ao contrário, é atitude com o mais alto grau de DESPORTIVIDADE, DEMOCRACIA e SOLIDARIEDADE para quem luta pelo futebol. Cartão Verde a eles!
Os árbitros, no fundo, sabem que precisam apoiar o movimento pelo bem do esporte, mas não tem instrumentos nem força política para isso, já que as entidades sindicais da categoria possuem dirigentes ligados as federações / confederação.
Se o árbitro somente não interferir no protesto, sem ameaça de punição e cruzar o seu braço nesse momento, já será um importante e simpático gesto de apoio a essa nobre e necessária causa.
Uma sugestão: se os Sindicatos dos Árbitros (tanto os estaduais como o nacional) quiserem provar independência de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero (portanto, da CBF), que orientem aos árbitros, bandeiras e adicionais, que no momento do protesto dos jogadores, deixem o campo por esse pequeno período de tempo a fim de demonstrar simbolicamente que “os verdadeiros donos da bola” são os atletas que ali estão no gramado; únicos, soberanos!
E depois não querem que digam que a recente lei da profissionalização do árbitro não resultou em nada e era um engodo… Continuam sendo empregados informais e sem registro em carteira da CBF ou das Federações Estaduais, prontos para obedecer sem nunca contestar. Lamentável a declaração de Sérgio Correa da Silva, ex-dirigente sindical e atual responsável pela Escola Nacional de Arbitragem (e que estava como delegado no jogo Botafogo x Portuguesa), confirmando que os árbitros realmente foram orientados para aplicar o cartão amarelo e que jogo de futebol não era lugar para política.
Como esperar independência e apoio aos árbitros com tal pensamento?
Que bom seria se tivéssemos algum Rogério Ceni, Alex ou Paulo André do apito… Mas isso é difícil de acontecer, afinal, os árbitros confiam em pessoas como o dirigente da CBF Sérgio Correia para representá-los, ou em Arthur Alves Júnior, atualmente presidente do Sindicato Paulista e simultaneamente funcionário da FPF, de Marco Polo Del Nero. Para mim, total incompatibilidade de cargos, embora, reconheço, é a vontade das urnas demonstradas por eles.
Com este panorama, não haverá árbitro no movimento Bom Senso. E se tiver, não será escalado por tal motivo. Ou você duvida disso?

Gostei muito do post e como atuou de 1996 a 2009, inclusive com o atual presidente da entidade dos árbitros e da comissão de arbitragem pergunto ao nobre jornalista como era no seu tempo, ou seja, a orientacão deles o prezado cumpria?
Agora que parou e pode falar o que não podia e não falava para evitar ser punido, o que mudaria para melhorar o atual estágio. Sei que o primeiro seria trocar os atuais mandatários da arbitragem. Quem vc colocaria em seus lugares?. Gosto do futebol e queria saber o que poderia mudar para melhorar, quem poderia e como fazer esta revolucão que o Bom Senso está pretendendo.
Agora somente uma dúvida final: o fórum de discussão dos jogadores não seria suas entidades, compostas por ex-jogadores? Da arbitragem nem falo, pois pelo seu post é a mesma coisa um lado e outro.
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Caro Milton, as orientações técnicas sim. Outras, como políticas, nunca (e não foram pedidas a mim, pois se pedidas, não as cumpriria).
Para sua curiosidade: fui punido sim por falar o que pensava, e diretamente as críticas foram às pessoas que me dirigiam. Em especial, São José x Osasco pela A2 e Atlético Sorocaba x Internacional. Entretanto, eu não tinha as tribunas onde milito para divulgá-las.
A informação, 10 anos atrás, era reduzida e de pouco alcance.
São públicas também as minhas queixas durante a carreira do evento “Cervejadas” que envolviam algumas pessoas. E por não compatibilizar com essas coisas, que esse (um dos muitos) fato ajudou-me a decidir por encerrar a minha carreira.
Deve-se criticar quando oportuno, elogiar se for merecedor. Mas criticar ou elogiar gratuitamente ou por interesse, não.
Sobre nomes para a Comissão, não vale a pena externá-los pois não recebo para consultoria da CBF / FPF.
Abraços,
Porcari
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