Algumas competições trazem a falsa sensação de valor quando conquistadas. Claro que toda vitória e título devem ser festejados, mas podem trazer enganos velados.
Quer alguns exemplos?
O Santo André foi Campeão da Copa do Brasil. No ano seguinte, caiu de divisão. Gastou todos os seus esforços na competição e depois naufragou em tudo que disputou. E o que resta do Ramalhão hoje?
Outro caso foi o Paulista de Jundiaí: até hoje, o único clube a vencer a Copa do Brasil jogando somente contra times da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Depois da conquista, o Galo da Terra da Uva foi rebaixado para a Série B e C consecutivamente, e amarga uma terrível crise financeira.
O primeiro pequeno clube Campeão do Brasil foi o Juventude-RS, na era Parmalat. Nesse ano, jogou a série D.
Mas veja que curioso: o Figueirense venceu a competição e no ano seguinte foi rebaixado. Mais recentemente, isso aconteceu com o Palmeiras.
O gozado de tudo é que, na Segunda Divisão, essas equipes disputaram a Taça Libertadores da América, a mais nobre das competições interclubes do nosso continente!
Digo isso pois Campinas está em festa. A Ponte Preta jogará a semifinal da Copa Sulamericana contra o São Paulo para tentar o título e assim conquistar a vaga para a Libertadores. E, concomitantemente com a empolgação da Sulamericana, a Macaca sofre com o possível rebaixamento para a série B do Brasileirão.
Há quem defenda que não se deva permitir times que não estejam na Principal Divisão do seu país joguem a Libertadores. Se a competição é tão importante, há certo sentido, com a justificativa de elevar o nível da disputa internacional. Mas como podemos querer alto nível se temos tantos clubes bolivianos e venezuelanos jogando o torneio?
Respeitosamente, a Ponte Preta na 2a divisão é ainda mais forte que o peruano Juan Aurich, do que o boliviano Oriente Petrolero ou do venezuelano Deportivo Tachira, equipes da 1a divisão dos seus países.
Se a Copa do Brasil e a Sulamericana valem vaga para a Libertadores, independente de que divisão estejam no Campeonato Nacional, paciência, pois, afinal, é o critério determinado. E isso não dá para contestar! Mas é irônico que um clube na 5a ou 6a posição no Brasileirão não esteja classificado, e outro rebaixado no mesmo torneio esteja…
Como sempre, torcerei para as equipes brasileiras. Boa sorte a elas.
Em tempo: já passou da hora de se abolir a regra de que clubes de mesmo país não possam jogar uma final para dar o tom de “internacionalização” da Conmebol. Bobagem. O que deve valer é a competência.

