A vida de juiz de futebol e de bandeirinha realmente é ingrata. Apesar de Alício Pena Júnior e seus assistentes terem feito uma boa partida no Pacaembu, ontem, pelo Brasileirão, os 2 únicos lances de alta dificuldade no jogo ocorreram justamente nos gols corinthianos. Vamos discuti-los?
1o GOL: Emerson recebe uma bola supostamente na mesma linha do último zagueiro (e, portanto, penúltimo adversário). Ele a domina e faz o gol. O time gaúcho não reclama de impedimento e o jogo segue. Mas na imagem da TV, após algumas análises, chega-se a conclusão: impedido por um pedaço de ombro! Difícil para o comentarista da televisão e mais ainda para o bandeira no2, já que é impossível para o árbitro decidir se o lance é legal ou não.
2o Gol: Paulo André, após a cobrança de escanteio, toca para o gol. A bola desvia em um gremista e vai entrando. Alexandre Pato está em suposta posição de impedimento e corre para a bola, a fim de colocá-la para o gol em definitivo e a toca. Gol válido ou não?
Aqui, duas dificuldades: Pato estaria impedido ou não; e se estava, se tocou antes da bola ultrapassar a linha de meta ou não?
Discuta:
– Paulo André tentou o gol, ou tentou o toque para Pato?
A1- Se tentou o toque para Pato (imagino que não tentou), ele estava em posição de impedimento, mesmo com o desvio do adversário (desvio não tira impedimento). Se Pato tocou na bola antes dela ultrapassar a linha de meta em sua totalidade (isso vale com ela rasteira ou pelo ar), o gol é ilegal pois Pato passou de impedimento passivo para impedimento ativo. Se a bola entrou totalmente antes do seu toque, o gol é legal pois após a bola ultrapassar a meta o jogo está paralisado automaticamente aguardando o reinício da partida.
A2- Se tentou o gol direto (hipótese mais provável), na interpretação que a FIFA orientava antes de 2013, o gol seria irregular (caso Pato tenha tocado antes da bola entrar). Hoje, com a nova orientação da FIFA, o gol é válido. Vamos entender?
A.2.1 – Antes de 2013: Alexandre Pato estava em impedimento passivo no momento da cabeçada de Paulo André, e ele fica em impedimento ativo por tirar vantagem de uma posição irregular, ou seja: a bola não era para ele, mas sobrou para ele, já que desvio de adversário não tira impedimento.
A.2.2 – Depois da Nova Orientação (Hoje): Alexandre Pato não está em impedimento, já que um jogador adversário ao disputar e cabecear a bola, cria um novo momento do jogo (antes, só não seria impedimento se o toque fosse deliberado; agora, se esse adversário disputar a bola e desviar, também não é impedimento).
Atenção: desvio por resvalão involuntário, rebote de goleiro e outras situações continuam não tirando o impedimento. Mas desvio por adversário que disputa uma bola, sim!
Portanto, independente se Pato tocou ou não na bola, ele não estava em posição de impedimento, de acordo com a Nova Interpretação da FIFA, mal divulgada entre jogadores, árbitros e jornalistas (levando a crer que Paulo André tentou o gol, já que a situação hipotética de que tentou o toque para Pato foi meramente ilustrativa).
Decidir isso em fração de segundos é complicado, não? Em próximo texto, explicarei com vídeos ilustrativos o “antes” e “depois” da mudança da orientação da Regra 11.


UMA ÚNICA RESSALVA: divulgar ou não divulgar bem para jogadores, em última análise os mais interessados, não muda nada, professor, eles nunca se interessaram pela regra do esporte que praticam! Seria agora? Claro que não, é mais fácil, ignorando, continuarem a transferir culpa aos árbitros por seus insucessos frutos da incompetência na prática do jogo. Especificamente quanto ao Paulo André x Pato, o senhor já põe esclarecimento de sobra e quanto à modificação em si acho benéfica, restringe mais a margem de interpretações. Quem se interessa, tem direito de discutir, curiosos têm direito de falar, falar, falar… É o que penso.
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