– Campeonato Amador ou Semiprofissional de Jundiaí?

Leio na boa matéria do jornalista Gabriel Nunes no Bom Dia Jundiaí deste sábado (Caderno Esportes), que o secretário municipal Cristiano Lopes está preocupado com os “estrangeiros” que jogam o Campeonato de Futebol Amador em Jundiaí!

A pendenga é a seguinte: há muitos atletas que não residem na cidade e disputam o torneio, tirando o espaço dos jogadores natos da Terra da Uva. Se o Amadorzão não é formatado priorizando os jundiaienses, por que a Prefeitura Municipal deveria bancá-lo e não a Liga Jundiaiense de Futebol, que é uma entidade de direito privado e filiada à Federação Paulista de Futebol?

O grande problema do futebol amador em Jundiaí, na realidade, tem sido o alto número de atletas que recebem dinheiro para disputar os jogos.

Na teoria, o futebol de várzea deveria ser um combinado de jogadores não-profissionais que jogam disputando por lazer um campeonato formado por times de bairros ou clubes locais. Na prática, a situação é bem diferente…

Hoje, muitos jogadores são contratos por boas somas para jogarem o torneio. Há altos investimentos, que muitas vezes fazem um clube amador gastar mais do que clubes profissionais da série B do Paulistão. Quiçá essas contas fossem abertas, e saberíamos o quanto os “medalhões” de Jundiaí (ou melhor – que jogam em Jundiaí mas que são de fora da cidade) recebem.

Aí temos o grande problema: se age como estrutura semiprofissional, mas sendo oficialmente amador. Assim, fica difícil provar que clube X ou clube Y paga para atletas jogarem, já que se isso fosse possível, o clube deveria ser excluído. E vemos um segundo problema decorrente deste: o círculo vicioso que faz com que, até nas pequenas equipes, jogadores peçam dinheiro para assinarem contrato, fazendo com que não exista atleta que aceite jogar de graça, pelo puro espírito desportivo ou por colaborar com a comunidade que vive.

Tem o meu apoio a iniciativa do Secretário de Esportes. Tornar o Amador realmente Amador nivelaria a disputa. Ademais: se existe o dinheiro grosso (que é para o pagamento de jogadores), porquê não existiria o dinheiro miúdo (que se refere ao pagamento das taxas de árbitros, por exemplo)?

Dessa forma, fica a questão existencial da Liga Jundiaiense de Futebol, juntamente com os seus clubes: assumem a condição de Entidade Privada, bancando o Campeonato Municipal, ou aceitam as regras da Prefeitura, fazendo com que o Amador seja um torneio de esportistas locais não remunerados.

Não há problema no formato ser semiprofissional ou não, mas sim na questão moral: se os clubes (que formam a Liga) têm dinheiro para investimentos em elenco de atletas de fora, o sagrado imposto pago pelos contribuintes de Jundiaí não poderia ser revertido para tal fim, mas para as necessidades maiores da cidade.

A matéria citada pode ser acessada em:

http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/47374/Jundiai+quer+menos+%91gringos%92%2C+clubes+resistem

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