– Os Polêmicos Impedimentos de Santos 2 x 1 Mirassol

Interpretar situações de impedimento ativo / passivo não é tarefa fácil. Jogadores, árbitros, jornalistas e torcedores sofrem com a subjetividade da Regra 11. Na partida entre Santos x Mirassol realizada na Vila Belmiro ontem, tivemos uma prova disso. O árbitro Rodrigo Braghetto interpretou dois impedimentos seguidos num ataque santista de maneira controversa, sendo um diferente do seu bandeira Leandro Feitosa. Num deles, saiu o gol que foi confirmado com muita reclamação. Vamos entender o que aconteceu vendo o lance e entendo a Regra do Jogo.

O vídeo pode ser acessado clicando abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=thb7rUXwIgs

A arbitragem acertou ou errou?

Antes da resposta, vale entender quando se dá o impedimento e as 3 importantes avaliações para se determinar se ele deve ser consignado ou não (Regra 11 – Impedimento – aqui resumidamente):

“O jogador estará impedido se estiver mais próximo da linha de fundo do que a bola exceto se tiver 2 ou mais atletas entre eles ou em mesma linha- não valendo impedimento para lances de escanteio, arremesso lateral ou tiro de meta (quando lançada por companheiro).

Ele estará em impedimento ativo quando:

1-    Interferir ativamente no lance (tocando-a, por exemplo); no original –“interfering with play” means playing or touching the ball passed or 
touched by a team-mate

2-    Interferir contra um adversário (obstruindo-o, tirando-lhe a atenção, etc); no original – “interfering with an opponent” means preventing an opponent from 
playing or being able to play the ball by clearly obstructing the opponent’s line of vision or movements or making a gesture or movement which, in the opinion of the referee, deceives or distracts an opponent.

3-    Interferir por tirar proveito da sua posição (ex: aproveitando-se de um rebote); no original – “gaining an advantage by being in that position” means playing a ball that rebounds to him off a goalpost or the crossbar having been in an offside position or playing a ball that rebounds to him off an opponent having been in an offside position.

No Primeiro Lance, após um chute fraco do atacante Giva, o santista Pato Rodriguez está em posição de impedimento, e tenta disputar a bola junto ao zagueiro do Mirassol. Ele não domina a bola, nem sequer a toca; portanto, não está em impedimento ativo para a situação 1 (interferir no lance). Tanto o árbitro e o bandeira mandaram a jogada seguir. Porém, repare que o zagueiro do Mirassol não conseguiu ter a posse de bola. Ele a chuta e o rebate cai novamente ao adversário. Se Pato Rodrigues não tivesse tentado a disputa, não seria mais fácil para o defensor para tentar o domínio do lance, ao invés do “chutão”? Portanto, ele está em impedimento para a situação 2 (interferir contra um adversário). Nas diretrizes da Regra 11 há uma ilustração representada pela figura 9 (abaixo):

No Segundo Lance, quando Giva chuta forte para o gol, Pato Rodriguez continua em posição de impedimento. O bandeira levantou seu instrumento entendo que ele está “interferindo contra um adversário”, pois está na trajetória da bola e a frente do campo visual do goleiro. Já o árbitro entende que ele está em impedimento passivo pois abdica da jogada ao abrir as pernas, demonstrando desinteresse em dominar a bola (situação 1 – interferir na jogada). Como vale a decisão do árbitro, pois a autoridade maior do sexteto de arbitragem é a dele, o gol foi consignado e a decisão do bandeira desconsiderada. Errou o árbitro, já que além de estar a frente do goleiro e na trajetória da bola, o fato de abrir as pernas no futebol se configura também num “corta-luz”, ou seja, um drible sem toque, uma jogada que pode enganar o adversário. O goleiro Emerson, por exemplo, poderia entender que a bola batesse no atacante e saísse.

Veja abaixo essas duas situações das diretrizes da Regra 11: a figura 6 exemplifica o impedimento não assinalado, e que segundo a Regra, deveria ser marcado. Já a figura 7 mostra que se Patito estivesse fora da trajetória da bola, aí sim a decisão do árbitro seria correta, pois ele não estaria impedido, apenas em posição de impedimento.

Portanto, dois erros de impedimento nesta jogada.

Aproveitando: a expulsão por retardamento de Felipe Anderson foi correta e infantil. Ele já tinha cartão amarelo, e retarda a cobrança da falta do adversário, recebendo o segundo amarelo e consequentemente o vermelho (esse lance é o be-a-bá da arbitragem para se explicar o que é cartão amarelo por retardamento). E o cartão vermelho pelo carrinho de Patito Rodriguez, na sequência, também é correto, já que não visou a bola. Outro lance infantil, de força excessiva na linha lateral do campo, nos instantes finais…

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