Compartilho ótimo material enviado pelo jornalista Reinaldo Oliveira, referente a um prefácio escrito pelo Papa Bento XVI. Ele nos convida a refletir sobre a Criação de Deus e o amor a nós. Vale a pena conferir. Abaixo:
SÃO PEDRO PESCAVA COM ANZOL OU COM REDE?
Por Orlando Fedeli
“No quinto dia Deus fez os pássaros e os peixes (Cfr. Gen. I, 22, 23).
E os peixes são mudos e vivem no abismo amrgo do mar. E os pássaros cantam e voam para o céu. Mas Deus fez a ambos: os pássaros e os peixes. E assim é que os pecadores não cantam a glória de Deus e vivem no abismo amargo do pecado. Enquanto os santos cantam a glória de Deus e voam para o céu. Mas Deus criou a ambos: os santos e os pecadores. E Deus quer a salvação de todos. E por isso Jesus escolheu seus apóstolos entre os pescadores, porque eles deviam salvar os pecadores. E por isso está escrito nos
Salmos: ‘Minha alma se alegra como um pássaro, porque escapou do laço do caçador’. E o caçador é o diabo que visa caçar os santos que cantam a glória de Deus e e impedir que eles voem para o céu. E assim é que está escrito que Cristo disse a Pedro para lançar suas redes para fazer a pesca milagrosa que salva 153 grandes peixes. Porque São Pedro não usava anzol, mas redes. Porque a rede não mata o peixe já que Deus quer a salvação dos pecadores para que vivam. Mas São Pedro não usava anzol, pois que o anzol engana: oferece comida na isca e dá a morte com o ferro do anzol. E o anzol é torto. São
Pedro usava rede. Ele não queria enganar. Deus visa apenas o bem. E por isso não é permitido oferecer um bem para causar um mal. Nem enganar, apresentando o bem escondido atrás de um mal desejado pelos maus.”
O Anzol do Pescador
Tudo isso nos veio à mente, ao ler o complexo prefácio-apresentação escrito pelo Papa Bento XVI ao livro do Senador Marcello Pera, intitulado “Porque devemos dizer-nos cristãos”. É um texto curto. São trinta linhas apenas. O Papa as escreveu agora em Novembro. O texto é curto, como um pavio de uma bomba. Vai desencadear uma explosão de comentários, e tudo indica que terá conseqüências bem importantes. Vai desencadear? Não. Já desencadeou um rio de comentários contraditórios. É um texto bem complicado. Para não dizer contraditório. Trinta linhas que darão o que falar. Marcarão a História. Publicamos esse texto do Papa em português e em italiano, no final deste artigo. Texto complexo. Texto contraditório. Por que contraditório? Porque ele parece anzol de pescador: é torto como anzol, e oferece isca e morte. Comida e ferro. Tortamente. Difícil é distinguir nele o que é propriamente o anzol e o que é a comida. Daí, os comentários contrastantes. Alguns, de chofre e muito de imediato, chamaram a atenção para a incrivel afirmação de Bento XVI de que o Liberalismo, condenado solenemente por tantos Papas, é doutrina conciliável com o Catolicismo. Outros notaram que o Papa Bento XVI, nesse texto tão curto, condenou o diálogo ecumênico ao afirmar que “o diálogo inter-religioso no sentido estrito da palavra não é possível”. O Catolicismo é a religião que tem fundamento no Verbo, no Logos. É impossível o diálogo do Catolicismo com religiões que negam o Verbo, ou que negam a verdade objetiva, pois como bem notou Gianni Baget Bozzo, “onde não há logos, não pode haver diálogo”. Segundo o prefácio do Papa, o Liberalismo teria fundamento em Deus (Sic!?). E teria sido a base da formação da Europa. Essas afirmações não tem base nem histórica, nem doutrinária. Historicamente, o liberalismo, doutrina da Revolução Francesa de 1789 surgiu muitos séculos depois que a Europa, como fenômeno cultural e político, já existia há muito mais de mil anos.
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