Paulo César de Oliveira é um daqueles árbitros que, pela idade, apesar dos inúmeros clássicos apitados mundo afora, infelizmente ficará sem o ápice: apitar uma Copa do Mundo.
Dois motivos: a idade (já tem 38 anos e estaria com 44 para a Copa da Rússia, número indesejado para a FIFA) e a pouca sequência de jogos na carreira no exterior.
PC deveria ter ido em 2002 ou 2006 para uma Copa do Mundo. Estava no topo da carreira, com inquestionável respeito pelos jogadores, imprensa e torcedores. Era o seu momento.
Entretanto, nas últimas apresentações Paulo César tem sido infeliz. Apita muito bem os jogos, mas sempre há algum problema ou “senão” nas suas partidas. Além de azar: vide a suspensão que levou pelo jogo Grêmio Prudente X Palmeiras no ano passado, em lance de extrema dificuldade no Paulistão.
Suas escalas minguaram em 2011, pois o universo não conspirou a ele para que sua bolinha caísse com muita frequência no último Brasileirão. E quando atuou, teve certas infelicidades, como o fatídico lance do jogador Bolivar (Internacional) em que machucou gravemente seu adversário do Bahia e PC se equivocou não o expulsando.
Na última rodada da Copa do Brasil, no jogo Botafogo x Vitória, Loco Abreu disputa a bola com um zagueiro bahiano, simula a falta (PC entra na do uruguaio) e a bola sobra em vantagem aplicada para um atacante botafoguense, que marca o gol. Lance de erro crasso, que certamente Paulo César deve ter se lamentado ao ver no VT, em casa. Ainda bem que não decidiu o jogo, pois o erro nada ajudou o Fogão que foi eliminado da competição.
Neste domingo, novo erro, não determinante para o título paulista, que já estava praticamente decidido em favor do Santos: o lance do pênalti que resultou no segundo gol santista. Não foi nada, a bola bate involuntariamente no peito do adversário.
Para marcar uma falta ou pênalti por uso indevido das mãos na bola, o árbitro deverá levar em consideração as seguintes circunstâncias (extraídas da Regra 12):
– o movimento da mão em direção à bola, e não da bola em direção à mão (intenção ou não de usar a mão para pegar ou parar a bola);
– a distância entre o adversário (dá tempo da mão “desaparecer” da jogada para que ela não bata);
– e a bola que chega de forma inesperada (bateu no susto?).
Portanto, esqueça alguns ditos de que é necessário verificar a posição das mãos ou braços: a posição da mão não pressupõe necessariamente uma infração (braço colado, braço aberto, mão em punho ou riste… tudo bobagem e folclore!). Esqueça também ditos populares de que a bola ía para o gol ou impediu um cruzamento, entre outras crendices (Importante – é a única infração em que você exclusivamente avalia INTENÇÃO, pois não há a possibilidade de avaliar as outras nuânces da regra, que são a imprudência, temeridade ou uso de força excessiva).
Paulo César de Oliveira talvez tenha sido o melhor árbitro brasileiro da década passada. Além de sempre estar bem fisicamente, tecnicamente ter uma qualidade apurada, seu ponto forte sempre foi a disciplina. Seu caráter e carisma entre os árbitros são indiscutíveis. PC é um daqueles cidadãos exemplares, sujeito que orgulha qualquer um de ser seu amigo. Poucos sabem das atitudes dignas dele fora de campo, pois nunca quis se promover por elas. Porém, como qualquer atleta, também pode viver fases ruins ou de azar.
Com 18 anos de sucesso na carreira, que esse período passe logo, a fim de que ninguém crucifique injustamente um árbitro de qualidades incontestáveis e acima da média dos demais.
