– Um Popstar Brasileiro no Irã

Ao melhor estilo hollywoodiano, ele pára as ruas onde anda. Histeria, gritos, choros. Pessoas enlouquecidas querendo ao menos ver de perto o… Januário!

Em terra de cego, “quem tem um só olho é rei”, já diria o poeta. Esta é a história do jogador brasileiro Januário, ilustre desconhecido no Brasil, mas que virou ídolo no Oriente Médio.

Extraído da Folha de São Paulo, 02/11/2010, página D4, por Samy Adgirni, enviado especial a Teerã:

BRASILEIRO VIRA SUPERASTRO NO IRÃ AO BRILHAR NO TIME DO PRESIDENTE AHMADINEJAD

O meia paranaense Fábio Januário, 30, consagrou-se no futebol iraniano ao marcar, em abril, o gol que deu o título ao Esteghlal, maior time do país e que tem entre seus torcedores o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Graças a ele, o azulão de Teerã ganhou por 1 a 0 fora de casa e na última rodada, quando só a vitória interessava.

No Irã, Januário (conhecido como Janvariô) é um superastro. Em lugares públicos é cercado por fãs histéricos -entre os quais torcedores do arquirrival Persepolis. A disputa para chegar perto do ídolo às vezes beira a pancadaria. Moças trajando o véu obrigatório tietam e se espremem ao lado do brasileiro, cena rara numa sociedade em que as mulheres se abstêm até de apertar a mão dos homens.

“Encontrei no Irã um carinho da torcida que eu nunca imaginaria”, disse o meia. Ele começou no Cascavel, em 1998, época em que se formou em engenharia civil. Passou pelo Vitória (BA) e por Portugal (Gil Vicente e Belenenses) e foi para o Irã em 2006. Jogou duas temporadas no Foolad, do interior, até ser contratado pelo Esteghlal.

O reconhecimento e o salário -“Duas vezes maior do que em Portugal”- ajudam a compensar as dificuldades. No tempo livre, Januário e a mulher, Pollyana, fazem churrascos com a pequena comunidade de brasileiros de Teerã -funcionários da embaixada e de ONGs. Ao confinamento se soma o conturbado ambiente político no país após a controversa reeleição de Ahmadinejad.

Januário diz não ter sido instruído a evitar o assunto, mas diz que se autopolicia para manter distância de temas espinhosos, principalmente pelo fato de o maior patrocinador do Esteghal (em persa, independência) ser o governo.

A volta ao Brasil é um sonho. “Sou realista. Sei que dificilmente teria lugar lá.”

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