– Corinthians X Linense: Ah, se o Árbitro Pudesse Falar…

Há situações no futebol as quais o tempo mostra que precisam ser modificadas. Uma delas, indubitavelmente, é o comportamento do árbitro por imposição das Comissões de Árbitros, referente a entrevistas.

Sempre fui a favor de que o árbitro pudesse dar uma mini-coletiva após o jogo, para elucidar situações polêmicas. Na Itália, após a partida, os árbitros ficam a disposição para explicar algumas decisões. Nada de sabatina, apenas uma satisfação de poucos minutos e poucas palavras para esclarecer dúvidas.

Ontem, tal medida seria importante para o sexteto de arbitragem capitaneado por Marcelo Rogério na partida entre Corinthians X Linense, válido pela Rodada 03 do Paulistão 2012.

Marcelo tem um dos melhores preparos físicos (se não o melhor) de todo o quadro. Firme em suas decisões, posiciona-se bem em campo; não faz parte do quadro nacional da CBF unicamente pela burra política da idade.

Porém, um lance “esquisito” fez com que as críticas à sua arbitragem fossem ressonantes. Após a equipe do Linense cobrar um escanteio, o jogador Fabão, com 2,04 m pula e cabeceia para o gol, abrindo o placar. Entretanto, o gol é anulado por suposta falta no jogador do Corinthians (Danilo).

Veja o lance: http://is.gd/ANULADO

Marcelo Rogério está bem posicionado. Fabão pula sem se apoiar em Danilo, permitindo que ele participe normalmente da disputa de bola. O árbitro adicional (AAA) está olhando para o lance também. Tudo parece legítimo, mas o gol é anulado.

Mas… Alguém ouviu o árbitro para afirmar que o gol foi anulado por suposta infração contra Danilo? Claro que não. É por isso que as mini-coletivas pós-jogo seriam fantásticas para evitar as teorias da conspiração que hoje predominam sobre a partida. Se pudéssemos ouvi-lo, talvez a repercussão seria menor.

Repare no lance que além da boa colocação, há algo importante: somente dois jogadores comemoram o gol do Linense. Os demais, já estão voltando para a sua posição. Será que a jogada não estava parada antes? E dessa situação, surge a hipótese 1:

– Por ventura, quando da cobrança do escanteio, não houvera acontecido uma falta fora do lance de bola entre Fabão e Danilo, e quando a bola é cabeceada, o árbitro já teria apitado? Se sim, justificaria a passividade da maioria dos atletas.

Outro detalhe, de onde pode vir a hipótese 2:

– O AAA2 Adriano de Assis Miranda está olhando para o lance frontalmente; já o árbitro Marcelo Rogério está um pouco mais longe, os enxergando de lado. Quem se encarrega de observar a cobrança do escanteio é o árbitro, bem como a trajetória da bola até a grande área. Com os AAA, é possível dividir aquela zona de disputa entre AAA e árbitro assistente, que no caso, era a bandeira 2 Tatiane Sacilotti, que os vê de outro ângulo ainda. Teriam árbitra assistente ou AAA visto algo e informado ao árbitro? Se sim, há a explicação da rápida reposição de bola, pois o árbitro nem foi ao local da infração e Julio Cesar cobrou o tiro livre a seu favor imediatamente.

Se formos ainda mais detalhistas, podemos perceber que Danilo não alcança a bola e Fabão o faz com facilidade. E dela nasce a hipótese 3:

– Teria entendido o árbitro que Fabão usou de força desproporcional ao disputar a bola com Danilo, e nessa diferença de força marcou falta? Se sim, considerou a desigual diferença de tamanho do atleta do Linense, usada para se sobrepor ao “baixinho” Danilo.

São 3 hipóteses de defesa do árbitro, e, aparentemente, a mais popular e elementar seria a hipótese 4 (ao qual, num primeiro momento, comungo):

Por um equívoco, o árbitro entendeu que Danilo sofrera infração de Fabão pelo fato do mesmo não dividir a jogada com boa disposição. Árbitros buscam muitas vezes entenderem reações de atletas para decidirem, e ao ver Danilo totalmente passivo, pode ter se iludido de que ele recebeu a falta. E falta não foi… Danilo bobeou, e o zagueiro Fabão aproveitou-se da altura e pulou legalmente em busca dela, sem impedir que o corinthiano a disputasse.

Pode ser que uma imagem diferente apareça hoje ou alguém manifeste uma 5ª situação. Mas o certo é que o silêncio forçado ao qual os árbitros são submetidos impede o esclarecimento, força a imagem de antipatia e nem permite o mea culpa caso quisesse assumir um erro, coisa natural aos seres humanos que não são dotados de replay nas suas decisões.

Diante de tudo isso, fico imaginando; ontem, escrevi sobre a importância dos adicionais e a sugestão de AAA mais experientes (http://is.gd/gYMvwb). Respeitando os AAAs de ontem, mas já imaginaram se tivéssemos Cleber Abade, agora com 46 anos, ou qualquer outro mais rodado naquela posição? Se Marcelo se equivocou, este poderia ter sido corrigido pelo ex-árbitro central e agora AAA de elite.

E você, o que achou do lance? Deixe seu comentário:

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