Se um árbitro for caloteiro, não apita por estar com o nome negativo no SPC ou Serasa (em campeonatos estaduais ou nacional). Mas e se o árbitro levar calote?
As associações de defesa do árbitro devem dar a vida pelos seus associados. Na luta pelos direitos de quem pertence a um sindicato, cooperativa ou associação, sempre a mesma deve se esforçar contra aqueles que prejudicam um árbitro, seja ele qual for.
Me custa a crer que árbitros que deixam o quadro nacional ou a carreira, SEM RECEBER TAXAS, deixam de ter apoio destas! Ué, não trabalharam vinculados a ela?
Um caso que me assombra justamente pelo… descaso: Em 31 de Julho de 2010 (1 ano e meio atrás), Brasília X Araguaína jogaram pela Série D do Campeonato Brasileiro. Um trio paulista apitou o jogo, formado por Robério Pereira Pires (bom árbitro que apitou as duas primeiras rodadas iniciais do Paulistão, mas sacado do quadro nacional), Dante Mesquita Júnior (outro caso curioso: número 13 do ranking paulista, de muitíssimos jogos da série A do Campeonato Brasileiro, e que curiosamente não figurou na lista da Renaf – tendo encerrado prematuramente a carreira aos 39 anos) e Giovani Canzian (que também parou).
Quanta gente boa fora da lista nacional, não?
Imagine os árbitros de pontos diversos do estado de São Paulo se encontrando no aeroporto, bancando deslocamento até o embarque, custeando passagem de avião, hospedagem, alimentação, além dos dias fora de casa e a ausência do lar. E na hora de receber…
Onde está a Associação Nacional dos Árbitros para brigar com o time do Brasília, equipe que não pagou as despesas?
Onde está a Comissão de Árbitros da CBF para agilizar o processo, defendendo seus árbitros?
Onde está o respeito às pessoas que tiram o minguado dinheiro do bolso para trabalhar e não recebem o que é justo?
Perceberam que aqui os árbitros pagaram para apitar?
Absurdo.
Por mais que elas estejam trabalhando, estamos em 2012. Demora tanto para executar um calote de Julho/2010?
Ao menos, o Sindicato Paulista poderia tentar fazer um contato com a Associação Nacional para ajudar. Será que é tão difícil (quase 18 meses) para cobrar o time da Capital Federal? Talvez o próprio Arthur Alves Júnior, secretário da ANAF e presidente do SAFESP, fosse o canal ideal de intercessão para o recebimento dessas taxas atrasadas. Acredito que deve estar trabalhando para isso.
Importante: tentado o contato por email com Robério, e nada obtido. Tentado o contato telefônico com Dante, e o mesmo tudo confirmou. Tentado contato telefônico com Canzian, e nada obtido.
Será que a culpa muitas vezes não é dos próprios árbitros, que não exigem com toda a sua força o direito que têm? Afinal, as entidades estão lá, independentes, para servi-los.
Ou não funciona bem assim, não só no futebol como na sociedade?
Tomara que os árbitros consigam receber logo suas taxas. São gente honesta, trabalhadora, cujo soldo é justo e necessário.

Prezado Porcari,
Espero e rogo a Deus que esteja se restabelecendo plenamente do seu problema de saúde. Aproveitei o seu texto brilhante por sinal no seu Blog onde cobra providencias com as taxas atrasadas para publicar no apitonacional dando o devido crédito e colocando mais informações e posição do apitonacional.
Espero que não tenha nada contra e que não te traga problemas.
Um forte abraço.
Marçal
Nota do apito:
O apitonacional se junta ao Blogueiro Rafael Porcari na luta para que os árbitros acima relatados recebam as taxas não pagas há mais de um ano e meio.
Este que vos escreve (Marçal) cobrou pessoalmente do presidente Marco Martins uma solução do caso quando do ultimo Congresso da Anaf em Santa Catarina. Na ocasião, Martins ficou de resolver, passando posteriormente aos cuidados do advogado da Anaf Giuliano Bozzano.
No dia 22 de novembro de 2011, recebi e-mail do Dr. Bozzano com o seguinte teor: “Marçal, este e outros casos foram levados ao STJD ha algumas semanas (neste caso, um ano depois), como divulgado no site. Infelizmente com a mudança da legislação desportiva, os clubes acabam não sendo obrigados a pagar as taxas, mas são punidos com pesadas multas. No caso de clubes de menor expressão, eles simplesmente ignoram as medidas da justiça desportiva acarretando esse tipo de problema, que demora muito para ser solucionado”.
Tenho uma alta consideração por Giuliano Bozzano como pessoa e como advogado brilhante que é, quem acompanha a defesa dos árbitros no STJD como eu acompanho, sabe da sua alta capacidade jurídica e do poder de persuasão em um debate forense.
Mas neste caso especifico, discordo totalmente do Dr. Giuliano. Para ele, a Anaf deve representar contra as equipes devedoras no STJD, aguardar os tramites da justiça e rezar para que as equipes quitem os seus débitos com os árbitros. Ocorre que o STJD não tem poder para obrigar as equipes a quitarem suas dividas, pode sim, ao serem denunciadas, multar e dobrar a multa no caso de reincidência, só isso, nada mais. Enquanto isso, os árbitros, o elo mais fraco da questão, que inclusive nem o direito de reclamarem tem, ficam a ver navios e ao deus dará!
Já sugeri há muito tempo e já passou da hora da Anaf criar um fundo monetário com os recursos que entram através dos patrocínios, anuidade e dos descontos nas taxas dos árbitros para serem usados em situação como acima relatado pelo blogueiro Porcari. A Anaf usaria o fundo, pagaria a taxa do árbitro e quando recebesse, reporia o montante no fundo e em caso do clube falir e não quitar o débito, o prejuízo seria diluído entre todos, uma medida mais justa tendo em vista que todos do quadro correm o mesmo risco de se verem em uma situação como essa.
Sugestão da qual o Dr. Giuliano Bozzano é totalmente contrario por, segundo ele, abrir um procedente perigoso. Ocorre que situação como essa é muito difícil de acontecer e no mais, o fundo seria criado com recursos provenientes do árbitro e nada mais justo do que ser usado em prol dele mesmo. Não é mesmo!
Se a Anaf tiver alguma duvida do que pensam os apitadores, é só usar a secretaria Erica que é competentíssima e amada pelos árbitros para fazer uma consulta e verá que eles são altamente favoráveis a esta sugestão.
Com a palavra a Anaf!
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Olá Marçal, concordo com você, a corda estoura do lado mais fraco, e aí temos outra questão: os Organizadores da Competição não deveriam se responsabilizar pelas taxas?
Fico pensando, na ponta do lápis, quanto custou esse jogo aos árbitros…
Abraços,
Rafael Porcari
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Porcari, os valores são: Robério Pereira Pires/SP: R$ 1.560,14, Dante Mesquita Junior/SP: R$ 1.335,64, Giovani César Canzian/SP: R$ 1.466,74, Wales Martins de Souza/DF: 175,00 e Jamir Carlos Garcez/DF: 175,00.
Abraços.
Marçal
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