– Análise de Arbitragem: Santos X Atlético Paranaense, Brasileirão 2011, 29/10/2011, Pacaembu.

Na partida envolvendo Santos X Atlético Paranaense, realizada, ontem, sábado, lances polêmicos de diversas naturezas.

Erro 1: Logo de início, Neymar disputa uma bola com Cleber Santana e é trancado. Lance normal. Entretanto, o árbitro Francisco Carlos do Nascimento/AL marca infração, e por estar dentro da área, pênalti.

Não havia ninguém atrapalhando sua visão, marcação convicta e bandeira Fábio Pereira/TO corre à linha de fundo. Impressiona a firmeza de um lance tão mal assinalado.

Nem todo tranco é legal. A regra 12 nos lembra que:

Será concedido um tiro livre direto para a equipe adversária se um adversário (…) dar um tranco em um adversário de maneira imprudente, temerária ou com força excessiva”.

Houve algumas das condições infracionais no tranco de Cleber Santana? Não. Ele dá o tranco disputando legalmente a bola, consciente, sem imprudência (não levando certo perigo por descuido), nem temerária (sem querer lesionar o jogador por risco), muito menos com força excessiva (sem usar força desproporcional que certamente o machucaria).

Assim, interpretou com total equívoco o lance. Começou a perder o jogo ali. Tanto que Antonio Lopes, experiente treinador atleticano, reclamou a partida inteira e nada fez para coibir isso.

Erro 2: Aos 42m, uma jogada bacana para se explicar aos jovens árbitros e curiosos. A bola é lançada, Alan Kardec está em posição de impedimento e resolve nem tentar dominá-la, mostrando que está consciente de que está na posição citada. A bola sobra para Neymar, que em posição legal faz o gol. Muitas reclamações dos paranaenses, e, para surpresa geral, o árbitro volta atrás e marca impedimento!

Para quem não viu o lance, em: http://globoesporte.globo.com/temporeal/futebol/29-10-2011/santos-atletico-pr/#topolances

Para se marcar um impedimento, há 3 condições necessárias para o árbitro e o árbitro assistente analisarem no lance. São elas (impostas pela Regra 11 – Impedimento –  aqui resumidamente):

O jogador estará impedido se estiver mais próximo da linha de fundo do que a bola exceto se tiver 2 ou mais atletas entre eles ou em mesma linha- não valendo impedimento para lances de escanteio, arremesso lateral ou tiro de meta (quando lançada por companheiro)”.

Ele estará em impedimento ativo quando:

1-    Interferir ativamente no lance, tocando-a;

2-    Interferir contra um adversário;

3-    Interferir por tirar proveito da sua posição.”

Alan Kardec não toca a bola no lance; nem atrapalha um adversário tentando dominá-la; muito menos interfere no jogo pela sua posição, já que abdica da jogada. Por quê foi marcado o impedimento então?

Novo grave equívoco. Vendo a imagem, chego a pensar se houve algum toque em Alan Kardec para tal decisão. Mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha é: o que motivou tal decisão (a de voltar atrás), após dois minutos ou mais? Tanto o bandeira e o árbitro haviam dado o gol.

Erro 3: aos 54 minutos, Cleber Santana e Edu Dracena disputam um lance pelo alto. Ambos com o braço aberto. Dracena pula com o braço sobre Cleber, que aparentemente empurra Dracena. O árbitro (mal posicionado, revejam o lance, ele não tinha visão aberta da jogada, não estava paralelo aos atletas, uma espécie de “lado cego” para verificar os braços) dá pênalti. Nesse lance, respeito, mas não marcaria nada. Já imaginaram tal lance numa Libertadores da América? Seguiria normalmente. Percebo que Francisco entendeu que Cleber foi faltoso e entendeu empurrão. Se foi empurrão, deveria dar então falta de ataque pelo braço do Dracena, para mostrar coerência de critério. Esse erro é mais aceitável do que os demais.

Agora, o 4º erro: se ele entendeu que foi pênalti, deveria ter dado cartão amarelo, pela posição de Dracena, que teria o cabeceio evitado. Não o fez. Já no primeiro pênalti, marcado equivocadamente, ele deu amarelo!

O 5º erro grave (perceberam que não citamos erros bobos, como faltas invertidas ou cartões indevidamente aplicados ou não) foi o pedido de troca de camisas. Ora, com tanta coisa no jogo, por quê arranjar tal constrangimento? Pedir a camisa para o filho? Ora, compre uma, afinal, a taxa é boa e a sequência de escalas também. Importante: Neymar, que se comportou adequadamente na partida, mostrou amadurecimento como atleta, não foi pivô de polêmicas negativas e jogou muita bola. Assim, imaginaram que alguém poderia levantar a dúvida: “deu o primeiro pênalti para lhe pedir a camisa?” Vexatório tal ato e imoral.

Uma ressalva: fico preocupado com a “necessidade” da CA-CBF em abranger todo o país com as escalas. Nada contra a origem nordestina do árbitro e nortista do assistente, mas sim com a meritocracia.

Reflita: o bandeira 2 era de Tocantins; o árbitro de Alagoas, o bandeira 1 de Sergipe, o 4º árbitro de Mato Grosso do Sul. Teriam eles experiência suficiente para tal jogo? Estariam entrosados?

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